A trama é contada a partir da investigação feita por repórteres do Financial Times sobre os negócios escusos da empresa e como as contas declaradas aos acionistas não batiam com a realidade. Nesse sentido, o documentário é consistente em mostrar o processo de apuração jornalística e a quantidade de evidências colhidas para provar a fraude. Pode parecer besteira ter que comentar isso, mas considerando a enxurrada de documentários sobre crimes que se entregam a um sensacionalismo especulativo com pouca base factual (como JohnMcAfee e Não Confie em Ninguém) é importante ver produções que sustentem sua narrativa em fatos e não apenas em especulações feitas para chocar o espectador.
É, no entanto, um documentário bem tradicional em termos de linguagem, não fazendo nada para ir além do padrão conhecido de entrevistas e imagens de arquivo. Por vezes o filme é também relativamente obtuso em explicar todo o jargão financeiro que envolve o universo retratado, com alguns termos e práticas passando sem uma devida explicação que ajude a situar o espectador. O caso mostrado é relevante para nos lembrar de sempre desconfiar de empresas que crescem bastante muito rápido, principalmente no ramo de serviços digitais, quando a imaterialidade do negócio torna mais fácil esconder práticas escusas.
O Escândalo da Wirecard consegue envolver, portanto, devido a sua
denúncia consistente e bem apurada, ainda que seja muito básico em sua
estrutura documental.
Nota: 6/10
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