Depois de vencer o Oscar de
melhor filme com o bem intencionado, mas problemático
Green Book: O Guia (2019),
Peter Farrelly volta a tentar fazer um filme mais sério, distante das comédias
que dirigia com o irmão, como
Debi e
Loide (1994) ou
Quem Vai Ficar com
Mary (1998). Se no filme anterior o diretor tentava abordar temas relativos
a racismo e segregação, neste
Operação
Cerveja o foco é a Guerra do Vietnã.
Baseada em fatos reais, a
narrativa se passa em 1967 e é protagonizada por Chickie (Zac Efron), um jovem
que passa seus dias bebendo e aproveitando a vida. Ao mesmo tempo, os amigos de
Chickie estão sendo mandados para o Vietnã e voltando em caixões. Se sentindo
culpado por ficar em casa e por ter passado seu serviço militar em uma base nos
EUA, longe da ação, Chickie decide ir ao Vietnã para entregar cerveja aos
amigos do bairro e levantar o moral das tropas.
Sim, é uma decisão idiota e o
filme sabe disso. Chickie é tratado o tempo inteiro como alguém conscientemente
estúpido que não tem a menor noção do apuro em que se meteu. Praticamente uma
versão da vida real do personagem de Jim Carrey em Debi e Loide (1994), Chickie se embrenha por zonas de conflito
distribuindo latas de cerveja e sobrevivendo basicamente por ser “burro demais
para morrer” como diz um dos soldados do local. Zac Efron já tinha se mostrado
eficiente em interpretar um idiota completo em produções como Vizinhos (2014) e Baywatch (2017) e aqui volta a funcionar muito bem nesse arquétipo,
dando a Chickie um otimismo ingênuo que lhe confere alguma humanidade, evitando
que descambe para a caricatura. Efron é ainda auxiliado por uma performance
competente de Russell Crowe como um repórter calejado que tenta fazer Chickie
enxergar a severidade da situação.