segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Crítica – O Enfermeiro da Noite

 

Análise Crítica – O Enfermeiro da Noite

Review – O Enfermeiro da Noite
O título brasileiro de O Enfermeiro da Noite constrói uma expectativa equivocada no público. Se no original o título The Good Nurse (algo como A Boa Enfermeira em português) fazia menção à personagem vivida por Jessica Chastain que serve como ponto de entrada na história, a tradução brasileira dá a entender que a história seria contada na perspectiva do assassino em série vivido por Eddie Redmayne, o que não acontece.

A trama, baseada em eventos reais, é protagonizada por Amy (Jessica Chastain), uma enfermeira que recentemente descobriu uma cardiomiopatia severa que necessita de um transplante de coração. Ela precisaria se licenciar do trabalho para evitar mais dano cardíaco, mas precisa trabalhar por pelo menos mais quatro meses para ter direito ao transplante para o plano da empresa. Assim, ela decide manter a doença oculta. O problema é descoberto por Charlie (Eddie Redmayne), um enfermeiro recém contratado para o mesmo turno de Amy que se compromete a ajudá-la e manter o segredo. Porém, quando pacientes começam a morrer de forma suspeita Amy começa a pensar que Charlie pode estar envolvido.

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Drops – A Maldição de Bridge Hollow

 

Análise Crítica – A Maldição de Bridge Hollow

Review – A Maldição de Bridge Hollow
Estrelado por Priah Ferguson (a Erica de Stranger Things), este A Maldição de Bridge Hollow é uma comédia de Halloween que está mais para o péssimo O Halloween do Hubie (2020) do que para algo como Abracadabra (1993). É mais uma produção da Netflix que parece feita em uma linha de montagem sem qualquer personalidade.

Na trama, a jovem Sydney (Priah Ferguson) se muda com os pais de Nova Iorque para a pequena cidade de Bridge Hollow, um lugarejo que adora comemorar o Halloween. O problema é que espíritos malignos ameaçam tomar a cidade durante as comemorações, cabendo a Sydney e seu pai, Howard (Marlon Wayans), deter a ameaça.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Drops – Brasil 2002: Os Bastidores do Penta

 

Análise Crítica – Brasil 2002: Os Bastidores do Penta

Review – Brasil 2002: Os Bastidores do Penta
Apesar de ser uma das maiores potências do futebol mundial, já faz vinte anos desde a última vez que o Brasil venceu uma Copa do Mundo. O documentário Brasil 2002: Os Bastidores do Penta fala justamente sobre essa conquista e de como o time lidou com a jornada até a conquista.

O documentário começa falando da derrota para a França na final de 98 e daí constrói o arco de redenção da seleção brasileira e de Ronaldo Fenômeno, que passou mal as vésperas da final e inevitavelmente afetou o moral do time. É um documentário bem típico, com entrevistas a jogadores, repórteres e usos de imagem de arquivo. Nesse sentido o filme se beneficia de mostrar imagens dos bastidores da concentração da Copa filmada pelos próprios jogadores, em especial imagens feitas pelo jogador Belletti. Esses vídeos nos permitem ter um acesso mais próximo às experiências dos jogadores e o clima descontraído e entrosado da concentração.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Crítica – Argentina, 1985

 

Resenha Crítica – Argentina, 1985

Review – Argentina, 1985
Não é possível que uma nação supere traumas coletivos, genocídios ou períodos autoritários sem encarar esses problemas de frente e lidar com as responsabilidades. O Brasil nunca passou a limpo sua ditadura cívico-militar (não passamos nem o período escravocrata) e, talvez, por essa omissão tenham emergido atualmente novas figuras golpistas saudosas do autoritarismo de outrora. A Argentina, por outro lado, entendeu que sem o resgate da memória das vítimas e o enfrentamento dos responsáveis por sua sangrenta ditadura militar não seria possível mirar o futuro. É sobre o processo criminal dos generais responsáveis pelo período ditatorial do país que este Argentina, 1985 irá se debruçar.

A narrativa é baseada na história real do promotor Julio Strassera (Ricardo Darín) que foi incumbido pelo governo Argentino para montar um caso criminal em um tribunal civil contra os generais que encabeçaram o genocídio do período ditatorial do país. Com apenas cinco meses até o início do julgamento, Strassera monta uma equipe de jovens promotores para correrem contra o tempo e montarem um caso sólido, já que o fracasso implicará na absolvição dos ditadores.

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Crítica – Adão Negro

 

Análise Crítica – Adão Negro



Review – Adão Negro
Já faz algum tempo que a Warner/DC está perdida em seus projetos. Entre tentativas de manter um universo compartilhado funcionando e iniciativas completamente divorciadas de qualquer conexão, a impressão é que o estúdio está jogando tudo na parede para ver o que cola.
Adão Negro soa como mais uma tentativa de retomar a ideia de um universo compartilhado e, como outros filmes do estúdio, joga muita coisa muito rápido na tela, ainda que sustente pelo arco do personagem principal.

Na trama, a fictícia nação de Khandaq passou os últimos séculos sob o julgo de colonizadores que saquearam suas riquezas. Mais recentemente, está sob ocupação do cartel criminoso conhecido como Intergangue, que vasculha o país procurando a mítica Coroa de Sabbac, que daria incríveis poderes a quem a possuísse. Tentando impedir que a coroa caia em mãos erradas, a arqueóloga Adrianna (Sara Shahi) acidentalmente desperta Teth-Adam (Dwayne “The Rock” Johnson), antigo campeão do reino, que recebeu o poder do mago Shazam para lutar contra o faraó que forjou a coroa. O problema é que forças internacionais veem o Adão Negro como uma ameaça e Amanda Waller (Viola Davis) despacha a Sociedade da Justiça para deter Adão.

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Crítica – O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder

 

Análise Crítica – O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder

Review – O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder
Confesso que não estava exatamente empolgado para este O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder. Depois da decepcionante tentativa de forçar O Hobbit em uma trilogia, fazer uma série baseada nas lacunas da mitologia de Tolkien ou em um período sobre o qual ele escreveu de forma passageira em O Silmarillion tinha cara de que poderia dar muito errado. Mesmo a noção de que o espólio de Tolkien daria consultoria e acompanharia mais de perto a produção fez pouco para mudar minhas ressalvas. Felizmente o resultado é fiel ao espírito das narrativas e universo criados por Tolkien e ainda que tenha seus momentos de tomar algumas liberdades com elementos estabelecidos do cânone é, em geral, coerente com o material original.

A trama se passa durante a Segunda Era da Terra-Média. Morgoth, o primeiro Senhor do Escuro, foi derrotado e o continente vive em uma aparente paz. Galadriel (Morfydd Clark), no entanto, crê que a guerra ainda não acabou. Sauron, principal discípulo de Morgoth, segue vivo e Galadriel varre o continente em busca dele. Ao mesmo tempo, orques começam a se mobilizar nas terras do sul, ameaçando a população humana que ali vive. Em outra parte do continente, o cotidiano pacífico dos hobbits é alterado quando um Estranho (Daniel Weyman) cai dos céus.

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Crítica – Mulher-Hulk: Defensora de Heróis

 

Análise Crítica – Mulher-Hulk: Defensora de Heróis

Review – Mulher-Hulk: Defensora de Heróis
A ideia de fazer uma série da Mulher-Hulk estruturada como uma comédia jurídica estilo Ally McBeal parecia promissora e coerente com o humor das histórias da personagem durante a fase comandada por John Byrne, que inseriu características como o fato de Jen falar diretamente ao leitor, e também de arcos mais recentes que colocavam a Mulher-Hulk para explorar a maluquice do lado jurídico do universo Marvel. Em geral Mulher-Hulk: Defensora de Heróis se sai bem em sua proposta de ser uma comédia e apresentar um formato diferente das tramas do MCU, embora o formato escolhido também soe como um grilhão em muitos momentos.

A trama é protagonizada por Jennifer Walters (Tatiana Maslany), advogada e prima de Bruce Banner (Mark Ruffalo). Durante um acidente de carro, Jen se contamina com o sangue de Bruce e acaba se transformando também em uma Hulk. Ao contrário do primo, Jen consegue controlar facilmente a transformação e tenta retornar a sua vida normal. Logicamente a advogada não consegue retornar a esse senso de normalidade, precisando lidar com o cotidiano de sua profissão como advogada e também com as demandas de ter super-poderes, incluindo ser advogada de outros heróis.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Crítica – Uma Garota de Muita Sorte

 

Análise Crítica – Uma Garota de Muita Sorte

Review – Uma Garota de Muita Sorte
Começando como um suspense Uma Garota de Muita Sorte logo se torna um drama sobre conviver com o trauma, mas degringola ao inserir assuntos demais que não consegue dar conta de tratar. A trama acompanha Ani (Mila Kunis), uma mulher ambiciosa rumo ao emprego e casamento dos sonhos. Os desejos de Ani, porém, são colocados em risco quando ela é abordada por uma equipe de documentário fazendo um filme sobre um momento sombrio de seu passado.

O filme consegue encontrar momentos em que ilustra como o trauma de Ani afeta sua vida presente, com elementos comuns do dia a dia servindo de gatilho para memórias traumáticas. Por outro lado, é difícil aderir a qualquer personagem por eles serem demasiadamente superficiais ou desprovidos de qualquer humanidade, soando como caricaturas unidimensionais, do noivo mauricinho babaca interpretado por Finn Wittrock, passando pela mãe vivida por Connie Britton que faz questão de maltratar Ani com seus comentários venenos o tempo todo.

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Crítica – Lobisomem na Noite

 

Análise Crítica – Lobisomem na Noite

Review – Lobisomem na Noite

Em tempos que qualquer blockbuster mediano se estende por mais de duas horas, é um alívio ver um filme que vai direto ao ponto com uma duração enxuta (cerca de 60 minutos) como este Lobisomem na Noite, especial televisivo produzido pela Marvel. A duração não é por acaso, já que o especial visa emular a estética e temas de antigos filmes de monstro da década de 1930 ou 1940 feitos pela Universal ou pela Hammer.

Na trama, Jack Russell (Gael Garcia Bernal) é um caçador de monstros que se reúne com outros caçadores para uma provação que lhes dará a Bloodstone, joia de incrível poder contra monstros. Enquanto outros caçadores, como Elsa Bloodstone (Laura Donnelly), herdeira da família, tentam matar uma criatura e clamar a joia, Jack visa libertar o monstro. A razão disso é que Jack é um lobisomem. Logicamente Jack tem sua faceta monstruosa descoberta e se torna refém dos caçadores.

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Crítica – Morte Morte Morte

 

Análise Crítica – Morte Morte Morte

Review – Morte Morte Morte
Misturando um suspense ao estilo Agatha Christie com sátira social, seria fácil definir este Morte Morte Morte como uma espécie de O Anjo Exterminador (1962) da Geração Z. Na trama, Sophie (Amandla Stenberg) viaja com a namorada Bee (Maria Bakalova) para passar um final de semana na mansão de um de seus amigos ricos, David (Pete Davidson). O problema é que o grupo fica isolado quando o local é atingido por uma tempestade e as coisas se complicam ainda mais quando eles começam a morrer um a um.

É uma premissa batida, grupo de pessoas preso em uma grande casa, sem ter como se comunicar com o mundo exterior, enquanto precisa descobrir o assassino que há entre eles. Desde o início já conseguimos prever que esses jovens vão morrer um a um até uma conclusão inevitável. Aqui, porém, o foco é menos na resolução dos crimes ou mesmo no gore das mortes e mais em como o clima de paranoia e a sensação de ameaça desperta o pior naquelas pessoas. Claro, o filme é eficiente na construção da tensão, sempre nos deixando incertos em relação a quem aderir ou de onde pode estar vindo a ameaça, porém sua força reside nas relações entre as personagens.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Drops – O Exorcismo da Minha Melhor Amiga

 

Análise Crítica – O Exorcismo da Minha Melhor Amiga

Review – O Exorcismo da Minha Melhor Amiga
Adolescência é um período de muitas mudanças. Não apenas mudanças corporais, mas de sociabilidade. Nesse momento descobrimos novos interesses e é normal nos afastarmos de algumas amizades de infância, perdendo o contato ou até criando inimizades. Este O Exorcismo da Minha Melhor Amiga, explora essas mudanças e conflitos com amigas de infância mesclando comédia adolescente com uma trama de possessão demoníaca.

A narrativa se passa na década de 80 e acompanha as amigas Abby (Elsie Fisher) e Gretchen (Amiah Miller). Durante uma viagem e uma brincadeira com um tabuleiro de Ouija, Gretchen é possuída por uma entidade demoníaca e muda drasticamente o comportamento, se afastando das amigas. De início Abby estranha o comportamento cruel de Gretchen, mas logo desconfia que há algo mais sombrio por trás da mudança.

O filme equilibra com habilidade o tom de comédia, com elementos mais sombrios de terror. De um lado diverte com o absurdo de algumas situações e personagens pitorescos, como a boy band de pop cristão marombeira liderada por Christian (Christopher Lowell), que acaba servindo de exorcista no clímax. Por outro, o filme consegue criar algumas imagens bem sinistras a exemplo da cena em que Margaret (Rachel Ogechi Kanu) vomita um enorme verme.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Crítica – Lou

 

Análise Crítica – Lou

Ex-agente da CIA com passado traumático busca expiar os erros de outrora ao decidir ajudar uma mãe que teve a filha sequestrada pelo marido abusivo. É o tipo de premissa que seria facilmente estrelada por algum astro de ação, mas aqui opta por uma protagonista feminina com a vencedora do Oscar Allison Janney.

A pequena ilha em que Lou (Allison Janney) reside está para ser atingida por uma violenta tempestade quando a filha de Hannah (Jurnee Smollett) é sequestrada por Philip (Logan Marshall-Green), o abusivo ex-marido de Hannah que também é um experiente ex-militar. Agora Lou e Hannah precisam correr contra o tempo e contra a tempestade para encontrarem a filha de Hannah antes que Philip saia da ilha.

Janney dá tudo de si como Lou, uma mulher que carrega o peso de anos de decisões difíceis e sacrifícios, inclusive da própria família, mas também dotada de uma irrefreável força de vontade e engenhosidade para superar obstáculos. Janney nos permite ver o cansaço e peso dos anos de trauma no olhar e no corpo de Lou, sendo também bastante eficiente em nos mostrar como a ex-espiã pode ser bastante letal.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Crítica – Operação Cerveja

 

Análise Crítica – Operação Cerveja

Review – Operação Cerveja
Depois de vencer o Oscar de melhor filme com o bem intencionado, mas problemático Green Book: O Guia (2019), Peter Farrelly volta a tentar fazer um filme mais sério, distante das comédias que dirigia com o irmão, como Debi e Loide (1994) ou Quem Vai Ficar com Mary (1998). Se no filme anterior o diretor tentava abordar temas relativos a racismo e segregação, neste Operação Cerveja o foco é a Guerra do Vietnã.

Baseada em fatos reais, a narrativa se passa em 1967 e é protagonizada por Chickie (Zac Efron), um jovem que passa seus dias bebendo e aproveitando a vida. Ao mesmo tempo, os amigos de Chickie estão sendo mandados para o Vietnã e voltando em caixões. Se sentindo culpado por ficar em casa e por ter passado seu serviço militar em uma base nos EUA, longe da ação, Chickie decide ir ao Vietnã para entregar cerveja aos amigos do bairro e levantar o moral das tropas.

Sim, é uma decisão idiota e o filme sabe disso. Chickie é tratado o tempo inteiro como alguém conscientemente estúpido que não tem a menor noção do apuro em que se meteu. Praticamente uma versão da vida real do personagem de Jim Carrey em Debi e Loide (1994), Chickie se embrenha por zonas de conflito distribuindo latas de cerveja e sobrevivendo basicamente por ser “burro demais para morrer” como diz um dos soldados do local. Zac Efron já tinha se mostrado eficiente em interpretar um idiota completo em produções como Vizinhos (2014) e Baywatch (2017) e aqui volta a funcionar muito bem nesse arquétipo, dando a Chickie um otimismo ingênuo que lhe confere alguma humanidade, evitando que descambe para a caricatura. Efron é ainda auxiliado por uma performance competente de Russell Crowe como um repórter calejado que tenta fazer Chickie enxergar a severidade da situação.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Crítica – Blonde

Análise Crítica – Blonde


Review – Blonde
Biografias costumam seguir padrões narrativos bem previsíveis e como resultado muitas terminam iguais, são raros os casos de biografias de personalidades famosas conseguem fazer algo diferente, como Não Estou Lá (2007) fez com Bob Dylan. Em Blonde o diretor Andrew Dominik tenta sair do padrão típico das biografias, mas ao invés de usar essa fuga e o esforço de imersão na subjetividade de sua biografada para explorar suas múltiplas facetas, o resultado é raso e unidimensional.

A narrativa acompanha Norma Jean (Ana de Armas) desde sua infância problemática com uma mãe instável até sua transformação na diva do cinema Marilyn Monroe, explorando seus relacionamentos e seus momentos mais icônicos. Há um claro recorte de explorar como ela foi explorada pela indústria, como os holofotes e olhares constantes lhe causaram problemas e dentro dessa proposta o filme faz escolhas estéticas que rendem momentos interessantes, mas, ao mesmo tempo, parece operar em paradoxo com sua proposta.