É uma premissa batida, grupo de pessoas preso em uma grande casa, sem ter como se comunicar com o mundo exterior, enquanto precisa descobrir o assassino que há entre eles. Desde o início já conseguimos prever que esses jovens vão morrer um a um até uma conclusão inevitável. Aqui, porém, o foco é menos na resolução dos crimes ou mesmo no gore das mortes e mais em como o clima de paranoia e a sensação de ameaça desperta o pior naquelas pessoas. Claro, o filme é eficiente na construção da tensão, sempre nos deixando incertos em relação a quem aderir ou de onde pode estar vindo a ameaça, porém sua força reside nas relações entre as personagens.
Conforme os corpos começam a aparecer e o temor a conta, as garotas se entregam a todo tipo de julgamento baseado em ideias preconcebidas sobre gênero, sexualidade, classe ou etnia. A ameaça de um assassino entre elas rapidamente dissolve qualquer verniz de civilidade, humanidade ou tolerância, mostrando como a humanidade é, em seu aspecto mais básico, um animal focado na própria sobrevivência. Boa parte dessas interações funciona principalmente por conta do entrosamento do elenco, que convence na química de um grupo de amigos que se conhece há muito tempo e sabe exatamente o ponto fraco de cada uma.
Além das já citadas Stenberg e Bakalova, o núcleo principal ainda conta com nomes como Rachel Sennott (do bacana e pouco visto Shiva Baby), Myhala Herrold e Lee Pace. Todos com um timing cômico preciso que colabora para a ironia com a qual o texto analisa diferentes níveis de tensões sociais. Nesse sentido, o material não deixa de trazer uma ponderação sobre a juventude atual, tão afeita a julgamentos rápidos e linchamentos morais através de redes sociais, rapidamente se mobilizando para destruir qualquer um visto como indesejado ou ameaça. De certa forma, as personagens reproduzem esse tipo de comportamento virtual no mundo material e as consequências são desastrosas. A revelação final, inclusive, deixa bem claro que foi a conduta tóxica daquelas personagens que causou toda a devastação, evidenciando como a irracionalidade e histeria das pessoas é uma ameaça maior do que qualquer possível assassino.
Com isso, Morte Morte Morte é uma divertida sátira social que conta com o
carisma de seu elenco e uma hábil condução de tensão para nos manter
envolvidos.
Nota: 7/10
Trailer
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