quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Drops - Catarina: A Menina Chamada Passarinha

 

Análise Crítica - Catarina: A Menina Chamada Passarinha

Review - Catarina: A Menina Chamada Passarinha
Dirigido por Lena Dunham, Catarina: A Menina Chamada Passarinha conquista pelas personalidades excêntricas de seus personagens e o senso de humor com o qual analisa a situação da mulher na Inglaterra medieval. A trama é protagonizada por Catarina (Bella Ramsay), uma garota de 14 anos filha de pequenos aristocratas na Inglaterra medieval. Catarina não se interessa pela maioria das “coisas de mulher” com as quais seus pais tentam lhe dar, mas as coisas se complicam quando o pai dela, o lorde Rollo (Andrew Scott), decide arranjar o casamento de Catarina com algum homem rico de modo a pagar suas crescentes dívidas. Logicamente Catarina não fica nem um pouco feliz e tenta de todas as maneiras sabotar os pretendentes que chegam.

A narrativa tenta ponderar o modo como as mulheres eram (são) tratadas como objetos pelos homens. Bens que trocam de mãos segundo caprichos e necessidades masculinas. Ainda que o texto não deixe de ver a severidade dessas questões tudo é construído com leveza e humor, com a protagonista nunca sendo reduzida a uma vítima ou alguém sem controle da própria narrativa.

Pelo contrário, Catarina é uma personagem fascinante pelo modo excêntrico com o qual interagem com o mundo, pela língua ferina sempre com uma resposta afiada para aqueles que a subestimam e pelo senso de humor das situações que ela cria. Alguns dos momentos mais divertidos do filme, por exemplo, emergem das tentativas dela de afastar os pretendentes que o pai arranja, como a cena em que ela cobre um possível pretendente com pombos.

Além da protagonista, o filme é recheado de coadjuvantes divertidos, como Morwenna (Lesley Sharp), a ama de Catarina, Aelis (Isis Hainsworth), a melhor amiga da protagonista, ou o lorde Sidebottom (David Bradley). Todos eles contribuem para a sensação de que estamos em um universo habitado por indivíduos extravagantes dotados de um senso de humor bastante particular, que mistura sensibilidades contemporâneas com o realismo do período que retrata.

São elementos que poderiam não se mesclar não bem, mas Lena Dunham consegue criar uma mescla coesa, cujo humor e crítica social se sustentam pelo carisma de seus personagens e pela espirituosidade sagaz de seu texto.

 

Nota: 8/10


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