A narrativa tenta ponderar o modo como as mulheres eram (são) tratadas como objetos pelos homens. Bens que trocam de mãos segundo caprichos e necessidades masculinas. Ainda que o texto não deixe de ver a severidade dessas questões tudo é construído com leveza e humor, com a protagonista nunca sendo reduzida a uma vítima ou alguém sem controle da própria narrativa.
Pelo contrário, Catarina é uma personagem fascinante pelo modo excêntrico com o qual interagem com o mundo, pela língua ferina sempre com uma resposta afiada para aqueles que a subestimam e pelo senso de humor das situações que ela cria. Alguns dos momentos mais divertidos do filme, por exemplo, emergem das tentativas dela de afastar os pretendentes que o pai arranja, como a cena em que ela cobre um possível pretendente com pombos.
Além da protagonista, o filme é recheado de coadjuvantes divertidos, como Morwenna (Lesley Sharp), a ama de Catarina, Aelis (Isis Hainsworth), a melhor amiga da protagonista, ou o lorde Sidebottom (David Bradley). Todos eles contribuem para a sensação de que estamos em um universo habitado por indivíduos extravagantes dotados de um senso de humor bastante particular, que mistura sensibilidades contemporâneas com o realismo do período que retrata.
São elementos que poderiam não se
mesclar não bem, mas Lena Dunham consegue criar uma mescla coesa, cujo humor e
crítica social se sustentam pelo carisma de seus personagens e pela
espirituosidade sagaz de seu texto.
Nota: 8/10
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