A trama é simples: em um futuro distópico o jogador controla o titular Moonrider, uma arma viva a serviço de um regime repressivo. Farto de ser uma ferramenta de opressão, o ninja tecnológico se rebela contra aqueles que o controlam e reflete sobre como o poder corrompe. Tudo isso serve como pretexto para uma jornada sanguinária ao longo de oito fases. Algumas cutscenes com ótima pixel art ajudam a dar algum contexto entre uma fase e outra, mas no geral a narrativa é meio vaga, o que não chega a ser um problema considerando a natureza retrô do produto.
A jogabilidade remete não apenas a Shinobi, como também a Ninja Gaiden e o pouco conhecido Hagane de SNES. Os controles são responsivos e precisos, exatamente o que se espera de um jogo de ação e plataforma com o DNA desafiador dos games citados no início do parágrafo. O seu ninja pode atacar com a espada, usar um ataque especial que consome MP, correr e quicar em paredes, mas o game também insere algumas outras mecânicas.
Ao longo do jogo é possível encontrar chips escondidos que podem ser equipados em dois espaços. Esses chips oferecem vantagens tipo pulo duplo, regeneração de MP ou HP, aumento de defesa ou outros benefícios. Saber o que equipar em cada adiciona um componente de planejamento. As fases podem ser selecionadas em qualquer ordem, tal como em Mega Man, com seu personagem recebendo o ataque especial do chefe derrotado ao final da fase.
Apesar de curto, cada fase tem seus próprios elementos para se tornar memorável, seja em elementos visuais ou em mecânicas. Uma fase coloca Moonrider para atacar uma frota aérea, saltando entre aeronaves, em outra o jogador é perseguido por um robô que atira sem parar, precisando estar em constante movimento. Há um estágio em que o protagonista pilota uma moto remetendo a jogos que usavam gráficos Mode 7 no SNES. Assim, o jogador sempre tem um novo elemento para lidar, o que impede a campanha de ficar repetitiva. O jogo envolve também pela sua bela pixel art que preza por ambientes e criaturas tecno-orgânicas que remetem a ideias de H.R Giger e também nos já citados games da era 16 bits com sprites bem detalhados para os chefes enormes e grotescos.
Se Blazing Chrome soava tributário demais a games como Contra para criar uma identidade própria, aqui a Joy Masher consegue criar algo que não é apenas uma recriação de referências antigas e consegue soar mais contemporâneo. É justamente por isso que a permanência de certos elementos antiquados de design de gameplay incomodam aqui, principalmente a limitação de vidas. Em games antigos limitar a quantidade de vidas, obrigando o jogador a retornar desde o início da fase (em alguns casos até ao início do jogo todo), perdendo os checkpoints, era uma maneira de artificialmente aumentar o tempo de jogo e dificuldade.
Hoje não há mais motivo para fazer isso e soa como um desrespeito ao tempo do jogador, afinal estender meu tempo de jogo me obrigando a refazer partes que já passei só porque usei um número arbitrário de tentativas é menos desafiador e mais uma perda de tempo. Preferia poder simplesmente continuar da parte que não consigo passar ao invés de voltar a seções que já dominei. Jogos como Crash Bandicoot 4 dão a opção de remover a limitação de vidas e Moorider se beneficiaria disso.
Ainda assim, Vengeful Guardian: Moonrider é um competente game de aventura e
plataforma, remetendo à era de ouro do 16 bits, mas desenvolvendo uma personalidade
própria.
Nota: 8/10
Trailer
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