Com o início de um novo ano, é
chegado o momento de fazer um balanço do ano que passou. Depois de dois anos de
pandemia, as coisas começaram a voltar ao normal em 2022, inclusive os cinemas,
embora muitas práticas da pandemia, como uma janela cada vez menor entre
lançamento nos cinemas e em plataformas digitais, tenham permanecido. Como em
qualquer ano tivemos ótimos filmes e produções pavorosas. Como prefiro começar
com as más notícias primeiro, começarei fazendo o balanço dos piores filmes. A
lista leva em consideração os filmes lançados oficialmente no Brasil ao longo
de 2022.
10) Persuasão
O mais melancólico e depressivo
romance de Jane Austen é transformado em uma comédia moderninha que tenta ser
uma mistura de Fleabag e Bridget Jones, sendo que nenhuma dessas
abordagens contribui de qualquer maneira para contar a história de uma mulher
devastada por um amor não concretizado.
Ficção científica distópica que
funciona como uma colcha de retalhos que reúne vários clichês desse tipo de
trama sem nada a dizer, além de ser repleto de situações inanes e
desenvolvimentos estúpidos.
Comédia vazia, incapaz de definir
o que quer de seus personagens, com piadas que se resumem à reprodução de
preconceitos anacrônicos ou escatologia preguiçosa.
7) O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface
Mais um desses reboots
caça-níqueis tentando explorar a nostalgia por uma propriedade conhecida. O
filme nunca justifica sua própria existência ou tentativas de se conectar com o
original, não tendo nada a dizer e nem mesmo mortes criativas ou
impressionantes para chamar atenção.
6) A Bolha
Dirigida por Judd Apatow, essa comédia é uma tentativa rasa de satirizar o cotidiano da pandemia e a estupidez com a qual Hollywood tentou lidar com isso. Com piadas sobre o cotidiano pandêmico que já tinham sido feitas à exaustão e nenhum insight particularmente inteligente ou engraçado sobre a futilidade da indústria do entretenimento, A Bolha é só um filme arrastado e desnecessariamente longo que desperdiça um elenco estelar.
Filmado em 2014, esse misto de
fantasia, romance e drama histórico só foi lançado em 2022 nos cinemas.
Atirando em várias direções sem acertar nenhuma, talvez fosse melhor se tivesse
continuado na gaveta.
Biografia do empresário
brasileiro Eike Batista que falha em nos dar qualquer entendimento sobre quem
ele é o que o impele. É meramente um compilado de fatos sem qualquer análise,
se estruturando em cima de diálogos expositivos que tem muito pouco a dizer
sobre a vida de excessos de seu biografado.
3) John
McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo
Todo baseado em imagens captadas
durante o período que o bilionário da tecnologia John McAfee passou foragido,
esse documentário adere acriticamente ao discurso do sujeito filmado,
reproduzindo suas paranoias e teorias conspiratórias sem qualquer esforço de
apuração factual e irresponsavelmente produz suas próprias especulações
conspiratórias. Um desserviço que pouco contribui para informar o espectador.
2) Morbius
A Sony continua a insistir em
criar um universo ao redor de personagens insulares dos quadrinhos do
Homem-Aranha. Se Venom era um personagem conhecido e amado por fãs, Morbius é
um vilão sem graça de quinto escalão que é praticamente um plágio do Lagarto. O
material em si já não tinha muito potencial, somando isso a múltiplos atrasos,
refilmagens, interferência do estúdio no corte final e um astro que criou
antipatia do público por conta de atitudes polêmicas durante as gravações, não
sobra muito de positivo em Morbius
Confesso que fiquei em dúvida entre esse e Morbius pela primeira posição, mas acabei optando por esse. O desempate foi que Morbius era um produto caça-níqueis de estúdio, mutilado por executivos enquanto que em Moonfall o diretor Roland Emmerich levantou de maneira independente os cerca de 130 milhões de seu orçamento e tinha liberdade para fazer o que bem entendesse. Era a chance de Emmerich lembrar a todos da capacidade de seu cinema catástrofe encantar o público. O resultado, no entanto, parece feito por um amador tentando emular o estilo de Emmerich e não pelo próprio. Uma sucessão de equívocos, personagens ruins e desenvolvimentos estúpidos (mesmo para os padrões do cinema de Emmerich) que demonstram que o diretor não entende o que foi atraiu as pessoas aos seus filmes lá na década de 90. É como se você comprasse uma roupa de grife, mas ela tivesse todos os defeitos de um produto falsificado.
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