Na trama, Jonathan Kent tem uma relação um pouco distante com o pai. Na ótica do garoto, o pai passa mais tempo preocupado com seu trabalho como repórter do que com ele. As coisas mudam no aniversário de Jonathan quando ele manifesta poderes e Clark revela a ele que é o Superman. Clark procura ajuda do Batman para saber se Jonathan irá manifestar seus mesmos poderes e nessa viagem Jonathan entre em atrito com o agressivo Damian, filho do Batman e seu atual Robin. Damian, no entanto, é obrigado a recorrer a Jonathan depois que Batman, Superman e toda a Liga da Justiça são dominados pelo vilão Starro.
Situando a narrativa da perspectiva de Jonathan, o filme acerta no clima de deslumbramento com esse universo de super-heróis, tentando transmitir a fantasia de poder de um pré-adolescente que é inesperadamente introduzido nesse meio e descobre ser ele próprio um meta-humano, criando uma atmosfera aventuresca cheia de humor e encantamento. A ingenuidade e bom coração de Jonathan são contrastados como a natureza agressiva e petulante de Damian, um garoto que desde de cedo foi treinado para ser um assassino implacável.
É muito comum que tramas envolvendo Damian passem do ponto na personalidade abrasiva do garoto e terminem retratando ele como um babaca insuportável (não por acaso uma parte do fandom o detesta). Aqui, porém, há humanidade o suficiente no personagem, como um senso de que ele é movido por uma insegurança imatura tentando usar a agressividade para disfarçar isso, para que consigamos compreender porque ele age daquele jeito sem precisar contar toda a origem dele. A relação entre Jonathan e Damian é bem construída para nos convencer do laço de amizade que se forma entre e como um consegue conquistar a confiança e afeto do outro ao ponto de se ajudarem a amadurecer.
Mais que isso, o filme também consegue entender muito bem quem são Batman e Superman e o motivo deles serem personagens tão celebrados. O discurso de defender “o modo de vida americano” soa desconfortavelmente colonizador (ao ponto em que muitas versões recentes do Superman removem esse elemento), mas no geral é um texto que entende o símbolo de esperança e amparo que Clark tenta projetar do mesmo modo que compreende o modo como o imperativo moral de não matar significa para o Batman. Ainda há espaço para um bom desenvolvimento de alguns coadjuvantes, em especial Lois Lane que consegue demonstrar sua astúcia e engenhosidade ao confrontar Luthor durante o clímax, nunca reduzindo a personagem a meramente um interesse romântico ou alguém a ser salva.
Por outro lado o uso de Starro como vilão já virou a essa altura uma muleta batida para construir histórias em que heróis enfrentam uns aos outros e mesmo sem ter assistido a um trailer ou lido nada sobre consegui prever que esse seria o gatilho da aventura. Como é um vilão com motivações tão básicas, nunca temos dúvida do sucesso dos heróis ainda que a trama consiga criar cenas de ação em que sentimos que as capacidades de Jonathan e Damian estão sendo de fatos testadas e inclusive vemos os protagonistas se machucarem.
Assim, Batman e Superman: Batalha Super Filhos apresenta uma divertida
aventura que se constrói a partir do competente desenvolvimento da amizade
entre os dois protagonistas e da relação deles com os pais.
Nota: 8/10
Trailer
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