A trama é protagonizada por June (Storm Reid, de Euphoria e The Last of Us), uma jovem de 18 anos que tem uma relação complicada com a mãe, Grace (Nia Long), desde o falecimento do pai. Quando a mãe viaja para a Colômbia com o novo namorado June vê essa viagem como um período de liberdade e usa a ausência da mãe para curtir com as amigas. As coisas, no entanto, se complicam quando a mãe não volta no voo previsto e June descobre que ela nunca embarcou no voo de volta. Agora ela precisa conversar com as autoridades para empreender uma busca mesmo estando à distância.
Se o primeiro filme falava sobre como a vida que retratamos na internet pode não refletir nossas experiências no mundo real, este pondera sobre a natureza panóptica das redes. Redes sociais, plataformas de busca e armazenamento em nuvem tornaram fácil observar todos, mas como isso também nos coloca sob o risco de sermos observados e estamos vulneráveis na internet. Da mesma forma que June consegue facilmente localizar o hotel da mãe pelo Street View do Google Maps ou localizar uma loja pelo recibo do cartão de crédito, sendo capaz de ter olhos ao redor do mundo através da internet, ela está inadvertidamente sendo alvo de um observador oculto, que monitora seus passos através de spyware.
A narrativa consegue criar um clima eficiente de suspense e apresenta algumas reviravoltas que conseguiram me pegar desprevenido e que soam coerentes com o que é apresentado sobre aqueles personagens. Storm Reid e Nia Long tem poucas interações ao longo da trama, mas apresentam uma dinâmica convincente de relação entre mãe e filha. As duas atrizes exibem um claro afeto uma pela outra ainda que June se incomode com a atitude protetora da mãe e exiba uma ponta de ressentimento por Grace estar levando a vida adiante com um novo namorado enquanto ela ainda não superou a morte do pai.
Por outro lado, assim como aconteceu no primeiro filme a narrativa fica tão presa ao artifício de tudo acontecer na tela de um computador que por vezes força a barra em certas situações que não faria sentido que tivessem câmeras funcionando ou que a pessoa estivesse diante do computador. A trama também tem algumas conveniências pouco convincentes, como o fato do namorado trambiqueiro de Grace usar a mesma conta de e-mail em que aplicava golpes anos atrás ao invés de usar contas diferentes a cada alvo. Do mesmo modo é estranho que as autoridades tenham demorado tanto para descobrir o uso de sósias em todo o esquema e que tenha sido June a descobrir primeiro quando as autoridades teriam acesso fácil a todo circuito de câmeras e poderiam ver facilmente o ardil.
De todo modo, mesmo que não seja
tão impactante quanto o primeiro filme, Desaparecida
constrói um suspense envolvente ao explorar a natureza panóptica das redes.
Nota: 7/10
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