terça-feira, 28 de março de 2023

Crítica – O Urso do Pó Branco

 

Análise Crítica – O Urso do Pó Branco

Review – O Urso do Pó Branco
A internet ficou em polvorosa quando saiu o primeiro trailer deste O Urso do Pó Branco. Era o tipo de premissa maluca que o cinema precisava, ainda por cima levemente (mas muito levemente) baseada em fatos reais (no mundo real o urso simplesmente morreu depois de ingerir a cocaína). O resultado final diverte, mas fica aquém do que poderia ter sido.

A trama se passa na década de 80, no interior dos Estados Unidos. Depois que um traficante joga vários pacotes de cocaína de um avião, as drogas caem nas imediações de uma pequena cidadezinha do interior. A notícia se espalha, com policiais e criminosos vasculhando a mata ao redor em busca do pó, mas eles não esperavam que um grande urso negro tivesse chegado primeiro e estivesse disposto a matar qualquer um por mais narcóticos.

É uma trama completamente pirada, que coloca traficantes, policiais e turistas desavisados na mira do urso drogado. O tipo de coisa que você para e pensa como alguém teve capacidade de fabulação o bastante para fazer um filme com essa narrativa e, no geral, o filme entrega momentos bem divertidos, praticamente todos protagonizados pelo urso titular. Da cena em que ele sobe furiosamente uma árvore ao cheirar um pouco de pó no corpo de um biólogo que foi ajudar a guarda florestal a investigar o local, passando pela perseguição a uma ambulância, as cenas com o urso são os momentos em que o filme se entrega ao mais puro absurdo e é difícil não rir com toda a maluquice em cena. Também há um inegável valor de entretenimento ao ver atores tarimbados como Margo Martindale, Jesse Tyler Ferguson ou Ray Liotta sofrendo mortes brutais nas garras do animal titular.

A questão é que o urso aparece menos do que deveria e a narrativa gasta um tempo muito grande com seus vários personagens humanos em tramas clichês que carecem do absurdo necessário para divertir como deveriam. A exceção talvez seja o núcleo protagonizado pelas crianças Henry (Christian Convery, o Gus de Sweet Tooth) e Dee Dee (Brooklynn Prince, do excelente Projeto Flórida) já que a contraposição entre a inocência infantil e a maluquice de drogas que os envolve rende alguns diálogos divertidos. No geral as tramas desses personagens são breves e distantes demais umas das outras para promover o engajamento que o filme espera que tenhamos por essas pessoas. Na verdade, num filme dessa natureza torcemos mais para que os personagens sofram mortes sangrentas do que pelo seu sucesso.

A produção acaba ficando em um meio termo entre o completo absurdo e algo que tenta contar uma história coerente, quando teria sido melhor escolher uma dessas abordagens. Ou a produção abraçava completamente o caos e fazia algo absurdo, sem preocupação com coerência ou sentido, simplesmente indo pelos caminhos mais sem noção possível, ou faria algo no qual todo mundo se comportasse da maneira mais séria possível a despeito da estupidez do material (como acontece em Serpentes a Bordo). Nesse segundo caso a oposição entre o modo como os personagens levam tudo à sério em oposição com a premissa idiota poderia funcionar melhor.

É uma pena que O Urso do Pó Branco por vezes se perca em meio a um monte de personagens desinteressantes, já que nos momentos em que abraça o absurdo consegue ser bastante divertido.

 

Nota: 6/10


Trailer

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