Na trama Marlowe (Liam Neeson) é contratado pela misteriosa Cavendish (Diane Kruger) para encontrar seu amante desaparecido, Nico (François Arnaud). Conforme investiga, Marlowe descobre que Cavendish está no meio de uma briga com a mãe, Dorothy (Jessica Lange) pelo dinheiro da família e que Nico pode ser a chave para tudo.
Liam Neeson traz modos brutos e secos para Marlowe, mas carece do charme cínico de Bogart e outros intérpretes do famoso detetive particular. As personagens de Diane Kruger e Jessica Lange, por sua vez, carecem de ambiguidade já que deixam evidente desde o início que tem segundas intenções e assim nunca ficamos em dúvida que as estão manipulando Marlowe desde o início. Na verdade, o único destaque é o excêntrico criminoso vivido por Alan Cumming.
O mistério segue o típico novelo de corrupção do noir com um crime desembocando em mais crimes que mostram a corrupção que impera nas grandes cidades e como os poderosos fazem de tudo para manter seus privilégios. Se produções recentes que remetem ao noir como a série Perry Mason da HBO usam essa estrutura para lançar um olhar contemporâneo para os problemas de outrora, usando o passado para falar do presente e refletindo sobre os mecanismos de poder político e social que promoviam preconceito, opressão de minorias e exploração dos mais pobres, aqui não há o esforço de fazer qualquer tipo de ponderação mais consistente sobre o crime enquanto sintoma de uma sociedade desigual e corrompida.
A produção também falha em captar o clima pessimista desse tipo de história, que coloca o detetive em uma cidade sombria e ambientes decadentes que, por fim, desembocam em uma conclusão que desvenda o crime, mas não resolve a corrupção ou desigualdade desse espaço urbano. Toda a ideia de uma metrópole corrompida, suja e sombria está ausente aqui, com Marlowe atuando principalmente durante o dia, em espaços bem iluminados e com uma fotografia na qual predominam tons de sépia, quase como o se o filme exibisse uma nostalgia por essa “era de ouro” de Los Angeles ao invés de desnudar os problemas da cidade. O desfecho falha em evocar o fatalismo e desencanto com as estruturas da sociedade que essas histórias normalmente exibem, carecendo de impacto.
No fim fica a impressão de que Sombras de Um Crime nunca entende
plenamente o tipo de narrativa a qual tenta remeter, falhando em apresentar o
detetive Philip Marlowe a uma audiência contemporânea com uma trama que carece
de tensão e ambiguidade.
Nota: 3/10
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