quinta-feira, 2 de março de 2023

Drops – O Menu

 

Análise Crítica – O Menu

Review Crítica – O Menu
Depois de produções como White Lotus, Glass Onion ou este O Menu, filmes sobre ricos sendo ridicularizados tem se tornado praticamente um subgênero próprio. O Menu por vezes traz metáforas óbvias que operam em dicotomias simplistas, como a ideia de um restaurante como símbolo da nossa estrutura social, mas não deixa de ter comentários relevantes sobre o modo de vida dos ricos.

Na trama, Margot (Anya Taylor-Joy) vai com o namorado, Tyler (Nicholas Hoult), um entusiasta da gastronomia, para um restaurante localizado em uma remota ilha. O restaurante é chefiado pelo misterioso Chef Slowik (Ralph Fiennes), cuja excentricidade beira o fanatismo. Conforme a refeição começa, os presentes percebem que o chef tem planos sinistros para eles.

A trama retrata uma elite entediada, que exige espetáculos cada vez mais bizarros para ficar minimamente entretida, mostrando como seus luxos se dão a partir da humilhação e exploração dos outros. Mais que isso, mostra como essa elite pouco se importa com as consequências dessa exploração, já que muitos inicialmente continuam comendo como se nada estivesse acontecendo a despeito de toda bizarrice ao redor. Tirando Margot os demais personagens acabam não sendo muito desenvolvidos, se limitando a certos estereótipos que o filme acaba tendo pouco a dizer além de alguns lugares comuns sobre ricos. Com isso, o ótimo elenco coadjuvante com nomes como John Leguizamo, Hong Chau ou Janet McTeer fica subaproveitado.

Há também um comentário sobre a mercantilização da arte, seja gastronomia ou outro campo, que para vender precisa construir todo um discurso sobre si para dar a impressão de algo singular mesmo que isso seja uma retórica vazia, confundindo uma obtusidade barroca com complexidade. Uma arte que é cheia de conceito apenas para parecer inovadora ou complexa para uma elite entediada mesmo que não possua nada de verdadeiramente transformador. Nesse sentido, O Menu tem um senso de autoironia que faltou em produções como Não Olhe Para Cima (2021), que se comportava como se não fosse parte daquilo que critica, aqui ao menos o filme tem consciência de que é parte do sistema que critica, de metáforas que se pretendem complexas, mas que são simples e transparentes, como a cebola de vidro ao centro de Glass Onion.

Mesmo que por vezes não seja tão esperto quanto acha que é, O Menu oferece um excêntrico olhar crítico para uma elite entediada e para o modo como o capitalismo tenta atender suas demandas.

 

Nota: 7/10


Trailer

Nenhum comentário: