A trama é centrada no bardo Edgin (Chris Pine), outrora um espião hoje ele vive ao lado da bárbara Holga (Michelle Rodriguez) como criminosos. Depois de um tempo preso, Edgin descobre que o antigo aliado, Forge (Hugh Grant), se tornou o governante de Nevenunca e guardião da filha do bardo, mentindo para ela sobre os motivos para o qual o pai fora preso. Agora Edgin vai reunir um grupo de aliados para assaltar os cofres de Forge, provar a verdade para a filha e recuperar um artefato que lhe permitirá ressuscitar a esposa morta.
Da mesma forma que acontece na série A Lenda de Vox Machina, o filme capta muito bem a atmosfera caótica de uma mesa de RPG, no qual os personagens nem sempre se comportam como se espera, as coisas dão errado e é preciso improvisar com o que se tem para tentar sobreviver. Isso é evidente na cena em que o paladino Xenk (Regé Jean-Page, de Bridgerton) tenta explicar o complexo funcionamento de uma armadilha apenas para o feiticeiro Simon (Justice Smith) acioná-la por acidente, obrigando o grupo a pensar em alternativas para superar o obstáculo.
Outro acerto são as interações entre os personagens, que de fato soam como um grupo de pessoas que não necessariamente gosta um do outro, mas é obrigado a conviver por conta de um objetivo em comum, precisando aprender a ajudar um ao outro e trocando farpas e provocações no processo. O elenco tem uma química divertida entre si e faz todas as piadas soarem naturais diante daquelas situações, algo que pessoas naquela situação poderiam dizer e não apenas um chiste inane para dar a impressão de que algo está acontecendo em cena. Aqui é tudo consistente com as personalidades que a trama estabelece para os heróis e ao fim vemos um crescimento genuíno neles e nas interações.
Chris Pine é perfeito como o tipo de herói blasé e cafajeste que Hollywood tenta há anos forçar Chris Pratt a fazer, mas Pine já provou ser bem mais eficiente desde suas performances como Kirk no reboot de Star Trek. O jeito largado de Edgin rende interações divertidas com o sisudo e galante paladino vivido por Regé Jean-Page (outra escalação precisa de elenco), sendo uma pena que Page acabe aparecendo tão pouco. Justice Smith e Sophia Lillis tem bons momentos como Simon e a druida Doric, mas o foco acaba sendo a amizade entre Edgin e a bárbara Holga, interpretada por Michelle Rodriguez com uma personalidade abrasiva, mas repleta de calor humano.
Hugh Grant rouba todas as cenas em que aparece como o cínico lorde Forge, sendo uma pena que ele seja abandonado no clímax por uma necromante clichê interpretada por Daisy Head. Tudo bem que a atriz é eficiente em criar uma aura de ameaça ao redor da bruxa Sofina, mas ela é o tipo de vilã que já vimos a rodo em tramas de fantasia e o texto não faz nada para lhe dar qualquer nuance. Na verdade, toda a narrativa é a típica caça para achar e/ou destruir itens mágicos que a fantasia nos entrega há séculos, sem muito o que sair desse molde.
O que faz o material ser envolvente é o já citado carisma do elenco e também o modo criativo como as cenas de ação exploram as habilidades dos heróis, vilões e monstros que encontramos ao longo da jornada, sejam as formas animais de Doric, a varinha de portais de Simon ou as ilusões de uma pantera deslocadora. Tudo é conduzido de modo a manter um frescor aos embates e perseguições, mantendo nosso interesse tanto pela inventividade visual quanto por nossa conexão com os personagens.
Assim, mesmo que apresente uma
trama típica de fantasia, Dungeons &
Dragons: Honra Entre Rebeldes capta bem a diversão caótica de uma sessão de RPG de mesa, conquistando pelo seu despretensioso senso de
aventura, o carisma de seus personagens e a inventividade de algumas cenas de
ação.
Nota: 7/10
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