quarta-feira, 19 de abril de 2023

Crítica – Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan

 

Análise Crítica – Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan

Review – Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan
Considerando que Hollywood não tem feito nada que preste com antigos heróis de capa, preferindo entregar produções que tentam transformar essas aventuras em blockbusters explosivos ou filmes de super-heróis como os péssimos Os Três Mosqueteiros (2011) ou Robin Hood: A Origem (2018), fico feliz que os franceses tenham pego a obra de Alexandre Dumas para tentar fazer algo mais fiel neste Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan.

Funcionando como a primeira parte da história (o texto integral de Dumas é bem longo) a trama se passa no século XVII e segue o jovem D’Artagnan (François Civil) que chega a Paris esperando se tornar um mosqueteiro, a tropa de elite do rei. Lá ele conhece os três mosqueteiros Athos (Vincent Cassell), Porthos (Pio Marmai) e Aramis (Romain Duris), entrando acidentalmente em uma conspiração arquitetada pelo Cardeal Richelieu (Eric Ruf) e a misteriosa Milady (Eva Green) para iniciar uma guerra entre a França e a Inglaterra.

O filme foca principalmente nas intrigas palacianas e nas conspirações para manipular o rei Luís XIII (Louis Garrell) a entrar em guerra, explorando principalmente o caso extraconjugal da rainha Ana (Vicky Krieps) com um nobre britânico. Há um senso constante de tensão conforme Richelieu e Milady demonstram constantemente antever os passos de seus inimigos e conseguem fazê-los cair em armadilhas que requerem ação rápida dos mosqueteiros para evitar um conflito maior.

A ação ocupa um espaço secundário em relação a toda intriga palaciana, mas é bem executada quando acontece. Um exemplo é o confronto no bosque no início do filme. Todo feito para dar a impressão de ser um único plano sequência, o embate transita rapidamente entre os quatro protagonistas enquanto eles enfrentam as tropas do cardeal e superam um número grande de adversários com sua astúcia e habilidades de combate. Se produções hollywoodianas tentaram transformar esse tipo de história em ação explosiva e exagerada, aqui os confrontos são um pouco mais realistas, se baseando em duelos de espadas, pistolas e mosquetes, mostrando que esse tipo de ação pode sim ser empolgante.

A trama também é competente em construir a camaradagem entre D’Artagnan e os demais mosqueteiros, dando aos veteranos servos do rei suas próprias histórias a serem desenvolvidas, embora Porthos receba aqui menos atenção do que Athos e Aramis. O flerte entre D’Artagnan e a jovem Constance se constrói em cima de olhares e pequenos gestos, por mais que seja previsível que ela irá ceder às investidas do jovem herói, as interações são desenvolvidas o suficiente para nos manter investidos. Eva Green, por sua vez, é ótima em nos apresentar a fachada ambígua e enigmática de Milady, uma mulher que parece sempre ter um plano em mente e cujas intenções nunca conseguimos decifrar plenamente.

Como se trata da primeira parte de uma história maior (a segunda parte deve estrear no fim do ano na França) quem for desavisado pode se decepcionar com o desfecho súbito e demasiadamente aberto. Talvez fosse melhor encerrar a aventura momentos antes, quando os heróis são homenageados pelo rei, dando um senso maior de conclusão, ainda que deixando clara a ameaça de Richelieu sobre o país.

Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan pode não trazer nenhum olhar ou abordagem radicalmente nova à seminal obra de Alexandre Dumas, mas, considerando as adaptações ruins dos últimos anos, essa nova versão tem intriga e aventura o suficiente para envolver.

 

Nota:7/10


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