quinta-feira, 4 de maio de 2023

Crítica – Renfield: Dando Sangue pelo Chefe

 

Análise Crítica – Renfield: Dando Sangue pelo Chefe

Review – Renfield: Dando Sangue pelo Chefe
A ideia de fazer uma história do Drácula do ponto de vista do capanga Renfield, soava como um desses caça-níqueis hollywoodianos para reembalar a mesma história num embrulho diferente. Por conta disso, não tive lá muito interesse inicialmente neste Renfield: Dando Sangue Pelo Chefe. As coisas mudaram quando soube que Nicolas Cage seria o Drácula e esse é o tipo de papel grandiloquente que casa muito bem com a energia hiperbólica do ator. Não por acaso Cage é a melhor coisa do filme.

A trama começa com Renfield (Nicholas Hoult) narrando como conheceu Drácula (Nicolas Cage) em flashbacks que recriam cenas de antigos filmes do vampiro (em especial versões vividas por Christopher Lee e Bela Lugosi) até chegar aos dias atuais quando Renfield chega a Nova Orleans para proteger um Drácula ferido depois de sua mais luta contra caçadores de vampiros. Com séculos de servidão, Renfield começa a se questionar se não pode mudar o rumo de sua vida, buscando um grupo de apoio a pessoas em relacionamentos tóxicos. Enquanto Drácula se recupera, Renfield resolve usar suas habilidades sobrenaturais para ajudar pessoas necessitadas e aí conhece a policial Rebecca (Awkwafina), que está em confronto com uma perigosa família criminosa da cidade.

O começo faz parecer que o filme terá uma abordagem mais cômica, focando no absurdo da vida mundana de uma criatura sobrenatural como Renfield e sua tentativa de ser algo mais que um capanga. Assim que a personagem de Awkwafina entra em cena, porém, o foco passa ser o conflito dela com uma família de mafiosos e a tentativa de Renfield em ajudá-la buscando a própria redenção. A partir daí tudo vira uma jornada de herói bem quadrada, com desenvolvimentos previsíveis e nada de muito especial. Incomoda principalmente como o filme acaba levando mais a sério do que deveria os arcos clichês desses dois personagens, com Rebecca sendo a típica policial em busca de justiça por um parente morto.

A produção funciona melhor quando investe no exagero e no absurdo e nada representa isso melhor do que o trabalho de Cage como Drácula. Claramente se divertindo horrores  como o lorde das trevas, Cage devora o cenário sempre que está em cena com um Drácula sádico e alegremente maligno. Os excessos do ator funcionam favoravelmente em compor um personagem que soa maior que a vida e diverte pelo modo exagerado com o qual Drácula age.

Outro ponto em que o exagero e falta de noção beneficiam o filme é nas absurdas e ultraviolentas cenas de ação, que soam como algo saído de um game da franquia Mortal Kombat em muitos momentos. Renfield arranca rostos das pessoas, explode cabeças, decepa braços ao arremessar uma bandeja contra um adversário e, no geral, faz seus inimigos jorrarem litros de sangue. O filme parece sempre buscar novas e sangrentas maneiras de matar seus personagens, sendo difícil não rir dessa criatividade sanguinolenta quando ela acontece.

É uma pena que uma ideia com potencial de ser uma comédia surtada acabe se rendendo a uma trama tão convencional. Renfield: Dando Sangue Pelo Chefe, diverte pela presença de Nicolas Cage e da violência absurda de suas cenas de ação, mas deixa a impressão de um potencial desperdiçado.

 

Nota: 6/10


Trailer

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