Em meio a um cenário com tantas
produções que tem desnecessariamente inchado suas durações cada vez mais, é bom
ver que Hollywood ainda sabe fazer boas comédias de noventa minutos que vão
direto ao ponto e entregam uma diversão despretensiosa sem se arrastar mais do
que necessário. Loucas em Apuros entrega
exatamente isso. Não é um filme que vai reinventar a roda, mas é divertido o
bastante para manter nosso interesse.
A trama é centrada em duas
amigas, Audrey (Ashley Park) e Lolo (Sherry Cola). Amigas desde criança, elas
se mantem próximas apesar de terem seguido caminhos diferentes. Audrey é uma
advogada que está sempre trabalhando e está em vias de virar sócia na empresa
em que trabalha. Lolo ainda tenta fazer sua carreira de artista plástica
decolar e se escora no sucesso de Audrey para se manter. Quando Audrey é
incumbida de fechar um negócio na China, Lolo vai junto na viagem acompanhada
da prima, Olho de Peixe Morto (Sabrina Wu), para tentar ajudar Audrey a
encontrar a mãe biológica dela. O trio ainda é acompanhado por Kat (Stephanie
Hsu, de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo),
colega de faculdade de Audrey que está na China trabalhando como atriz.
Logicamente os planos do quarteto dão errado e elas se envolvem em muitas
confusões.
Situado em um universo que mescla
fantasia e tecnologia, a animação Nimona
trata de preocupações bastante contemporâneas sem abrir mão do lúdico e do
senso de encantamento, se apoiando principalmente na relação de seus dois
personagens principais. Em um mundo futurista no qual cavaleiros protegem o
reino de monstros, Ballister é o primeiro plebeu a ser considerado como
cavaleiro, a divisão de elite do reino. Na sua cerimônia de nomeação sua espada
inesperadamente dispara um raio na rainha e ele é acusado de assassinato. Sem
saber o que aconteceu Ballister foge para a floresta além das muralhas do reino
e lá conhece a garota Nimona, que se dispõe a ajudá-lo a provar a que é
inocente.
Visualmente a produção se destaca
pelo modo como mistura uma estética medieval com um visual futurista, criando
um universo em que cavaleiros de armadura pilotam motos voadoras e castelos
futuristas coexistem com arranha-céus e letreiros luminosos na paisagem urbana.
Não lembro de nenhuma produção recente que usou uma ambientação assim e isso
ajuda a dar personalidade ao universo que a trama tenta criar.
Não sou lá muito fã do arco da Invasão Secreta nos quadrinhos embora
ela tenha servido para repensar muitos personagens do universo Marvel na época
e trouxe momentos impactantes sobre quais heróis eram skrulls disfarçados.
Sabia que a minissérie Invasão Secreta
provavelmente não teria o mesmo escopo amplo da saga dos quadrinhos, mas ao
menos esperava que trouxesse repercussões que nos fizessem repensar certos
eventos do universo Marvel. Isso, porém, não aconteceu e o resultado é a mais
decepcionante série da Marvel produzida pelo Disney+. Aviso que o texto tem
SPOILERS da série.
Na trama, depois de anos no
espaço tentando encontrar um novo lar para os skrulls, Nick Fury (Samuel L.
Jackson) retorna à Terra para lidar com a ameaça de Gravik (Kingsley Ben-Adir),
um líder skrull que se cansou da política de “boa vizinhança” de Talos (Ben
Mendelsohn) e decidiu iniciar um movimento para tomar o planeta para sua raça.
Gravik infiltrou skrulls nas principais estruturas de poder do planeta e visa
iniciar um conflito entre várias nações. Sem ter em quem confiar, Fury conta
apenas com Talos para tentar deter Gravik.
Considerando a quantidade de
bombas que Gerard Butler vem estrelando nos últimos anos, é compreensível que
eu não estivesse lá muito empolgado para este Alerta Máximo. Confesso, no entanto, que é um thriller eficiente ainda que não tenha muita novidade.
A narrativa acompanha o piloto
Brodie Torrance (Gerard Butler), que está guiando um avião comercial pelo sul
da Ásia. Quando a aeronave é atingida por um raio e danificada, o piloto não
tem escolha senão fazer um pouso forçado em uma pequena ilha próxima. O
problema é que a ilha é controlada por criminosos filipinos e agora ele precisa
dar um jeito de manter todos seguros enquanto o resgate chega. Brodie encontra
ajuda em Gaspare (Mike Colter, o Luke Cage da Marvel), um prisioneiro que
estava sendo transportado no voo e que tem experiência de soldado. Mesmo sem
saber se Gaspare é confiável, Brodie não tem escolha senão confiar nele.
Dirigido por Laura McGann, o
documentário De Tirar o Fôlego me
lembrou produções de Werner Herzog nas quais ele reflete sobre a relação entre
o ser humano e a beleza implacável da natureza que pode arruinar aqueles que
tentam dominá-la (como em O Homem Urso).
A produção de McGann não chega no mesmo nível das contemplações existenciais de
Herzog, mas é hábil em tentar transmitir a dimensão sensorial das experiências
extremas que retrata.
A produção apresenta o cotidiano
das competições de mergulho em apneia, ou seja, o mergulho em profundidade sem
uso de equipamento para respirar. A trama foca especificamente nas trajetórias
de Stephen Keenan e Alessia Zecchini. Keenan era um mergulhador competitivo que
resolveu se tornar um mergulhador socorrista depois de um acidente durante uma
competição. Alessia é uma mergulhadora que desde adolescente se mostrou um
prodígio no esporte, sempre buscando ser a melhor. Ao se conhecerem, Keenan e
Alessia desenvolveram uma relação pessoal e profissional em cima do amor de
ambos pelo mergulho, mas a profissão não é livre de perigos e levar o corpo ao
limite cobra seu preço.
Estrelado por Jena Malone, O Covento prometia ser uma mistura de thriller e terror sobrenatural, mas o
resultado final acaba não aproveitando nenhuma das abordagens. A trama é
centrada em Grace (Jena Malone), uma médica que recebe a notícia de que o
irmão, Michael (Steffan Cennydd), que vivia como padre em uma remota abadia na
Escócia, teria matado um colega de batina e cometido suicídio. Grace viaja ao
local e ao examinar o corpo do irmão começa a desconfiar da versão oficial dos
fatos.
Daí é evidente que ela vai
esbarrar em uma grande conspiração do clero local e ações conectadas ao
sobrenatural. O problema é que apesar de todas as ideias a respeito de como a
clausura da religião produz um fanatismo tão virulento que torna difícil
distinguir deus e diabo, o texto nunca vai além do que já foi dito antes sobre
esse tema, então a exploração dessas questões soa superficial e em nada
diferente de outros produtos que já vimos antes.
O filme solo do Bumblebee (2018) mostrou que a franquia
Transformers poderia ficar melhor sem a direção epilética e narrativa inchada
dos filmes conduzidos por Michael Bay. Este Transformers:
O Despertar das Feras segue a cronologia iniciada em Bumblebee, tentando fornecer um novo começo para a trupe de Optimus
Prime depois do pavoroso Transformers: O Último Cavaleiro(2017).
A trama se passa na década de
noventa sendo protagonizada por Noah Diaz (Anthony Ramos), um ex-soldado em
busca de emprego para ajudar o irmão caçula doente e cujas despesas médicas a
mãe não tem como pagar. Noah aceita roubar carros para fazer um dinheiro extra
e é aí que ele acidentalmente conhece o transformer Mirage (Pete Davidson), sendo
jogado no meio da busca dos Autobots liderados por Optimus Prime (Peter Cullen)
pela chave Transwarp, um meio deles retornarem ao planeta Cybertron. O problema
é que a chave também é procurada pelos Terrorcons liderados por Scourge (Peter
Dinklage), que a desejam para entregá-la ao temível Unicron.
O filme se beneficia de uma
duração mais enxuta, que evita que a trama simples se alongue mais do que
necessário e também de um número reduzido de personagens humanos, focando
apenas em Noah e Elena (Dominique Fishback) evitando o excesso de núcleos de
personagem que atrapalhava tanto os filmes dirigidos por Bay. Sim, Noah é um
personagem relativamente básico cujo arco é previsível, mas Anthony Ramos ao
menos traz a ele algum carisma e evita que ele descambe para uma caricatura
irritante e sem graça como outros protagonistas da franquia.
A maior novidade do filme seria a
presença dos Maximals, facção de transformers que usam formas animais ao invés
de veículos. Esperava que não cometessem o mesmo erro de Transformers: Era da Extinção (2014) quando relegaram os Dinobots a
figurantes de luxo, no entanto, o mesmo problema acontece com os Maximals aqui.
Eles tem um pouco mais tempo de tela que os Dinobots, é verdade, porém a
presença deles acaba sendo de pouca consequência para o esquema geral da trama,
já que os principais desdobramentos da narrativa seriam os mesmos sem a
presença deles. A narrativa inclusive é bem vaga em estabelecer o lugar dos
Maximals na mitologia desse universo, com uma fala vaga da Airrazor (Michelle
Yeoh) dizendo que eles são o passado e o futuro do Autobots, algo que
provavelmente só quem assistiu Beast Wars
(como eu) vai entender.
A ação se beneficia por não ter
mais a câmera chacoalhante e montagem epilética dos filmes de Michael Bay.
Momentos como a batalha final contam com planos mais longos em que a câmera
passeia pela arena de combate em que os diferentes personagens lutam e
constroem um senso de coesão a todo o embate. A ação também usa de modo
criativo as habilidades dos personagens, como as ilusões de Mirage ou a
mobilidade de Arcee, embora mesmo durante as batalhas os Maximals acabem
aparecendo pouco. O fato do clímax ser uma batalha contra um exército genérico
enquanto um raio é disparado nos céus faz o filme parecer um blockbuster de dez anos atrás quando
raios para o céu estavam em tudo quanto é filme de grande orçamento.
Transformers: O Despertar das Feras não chega a ser tão bacana
quanto Bumblebee e não aproveita bem
os novos personagens que introduz, mas tem boas cenas de ação e um protagonista
suficientemente carismático para funcionar como uma diversão despretensiosa.
É curioso que Oppenheimer, novo filme do diretor
Christopher Nolan, tenha recebido tanto estardalhaço por estrear na mesma
semana que Barbie por conta aparente
oposição entre os dois filmes. Afinal, um era sobre uma boneca num mundo cor de
rosa e outro era sobre o sujeito responsável pela bomba atômica. Na real, os
dois filmes tem mais similaridade do que parece, já que ambos analisam o complicado
e contraditório legado de duas figuras que estão no imaginário popular há mais
de meio século.
A trama segue a trajetória do
físico J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), de sua juventude estudando na
Europa, passando por sua participação no Projeto Manhattan que construiu a
bomba atômica e os anos posteriores quando o governo dos EUA atacou sua
reputação por ele se opor à proliferação de armas nucleares.
O filme se estrutura em torno de
personagens depondo em dois processos. Um para cassar a liberação de segurança
de Oppenheimer, como parte do projeto de prejudicar sua reputação, e outra das
audiências no Senado para a confirmação de Lewis Strauss (Robert Downey Jr.)
como ministro, no qual ele é perguntado de sua relação com Oppenheimer. É um
arranjo que lembra A Rede Social (2010),
com o protagonista depondo em diferentes processos, indo e voltando no tempo,
enquanto narra a história.
Confesso que a ideia de um filme
da Barbie não me era lá muito atrativa, mas depois dos primeiros trailers da
produção dirigida por Greta Gerwig confesso que fiquei rendido pela maluquice
que eles traziam. Tendo visto o produto final, posso dizer que é ainda mais
excêntrico do que imaginava, trazendo um olhar simultaneamente irônico e
inspirador para a boneca da Mattel.
A trama é centrada em Barbie
(Margot Robbie), que vive uma vida perfeita na Barbielândia com outras Barbies
e Kens. Um dia Barbie começa a questionar sua própria existência e sua vida
colorida passa a perder a graça. Consultando a Barbie Esquisita (Kate
McKinnon), a protagonista que isso acontece por causa da conexão emocional
entre Barbie e a garota que está brincando com ela, sendo necessário que Barbie
vá ao mundo real ajudar a garota. Na empreitada, a boneca é acompanhada por Ken
(Ryan Gosling), que se surpreende ao descobrir que ao contrário da
Barbielândia, o mundo real é controlado por homens.
Lançado em 2018 Bird Box era um terror pós apocalíptico
típico que se sustentava pela performance de Sandra Bullock e alguns momentos
de tensão. Agora a Netflix tenta expandir o universo desse filme com Bird Box: Barcelona e o resultado é bem
fraquinho.
A trama é protagonizada por Sebastian
(Mario Casas) que vaga por uma Barcelona vazia com a filha tentando sobreviver.
As criaturas continuam vagando por espaços abertos, sendo obrigatório cobrir os
olhos ao sair na rua. No entanto, proteger a visão não é mais o suficiente, já
que os seres podem se fazer ouvir pelas pessoas e emulam as vozes de entes
queridos deles. Sebastian chegou a sobreviver um encontro com esses seres, mas
agora parece estar sob a influência deles.
Eu não sabia que Meus Sogros Tão Pro Crime era uma
realização da Happy Madison, produtora que pertence a Adam Sandler. Com o
passar dos anos, ver a vinheta da produtora no início de um filme se tornou uma
espécie de aviso de que eu deveria temer pela minha sanidade e Meus Sogros Tão Pro Crime é o mais
recente exemplo de que meus temores não são infundados.
A trama é protagonizada por Owen
(Adam Devine), um gerente de banco que está prestes a se casar com Parker (Nina
Dobrev), mas ainda não conheceu os sogros. Dias antes do casamento seus sogros,
que estariam viajando e não viriam para a cerimônia, decidem aparecer. Ao
conhecer Billy (Pierce Brosnan) e Lilly (Ellen Barkin), Owen pensa que eles são
pessoas excêntricas, mas logo descobre que eles são ladrões de banco que tem
uma dívida a pagar com uma perigosa criminosa.
Como é de costume em muitas
produções de Adam Sandler, boa parte do que o filme entende como comédia se
resume a ofensas preconceituosas, como os insultos machistas que os pais de
Owen direcionam a Parker, ou a escatologia gratuita sem qualquer construção na
cena como se a mera menção de fezes ou vômito automaticamente nos fizesse rir.
Não lembro se o programa American Gladiators chegou a passar no
Brasil, mas sei o quanto ele influenciou uma série de game shows e programas de auditório por aqui, como muitas provas do
quadro Olimpíadas do Faustão. A
minissérie documental Músculos e
Confusão: A História por Trás de American Gladiators tenta contar a
história do programa e o impacto dele na cultura pop.
Estruturalmente é um documentário
típico de entrevistas e imagens de arquivo, recorrendo a gravações dos
programas antigos e falas de produtores, diretores e principalmente o elenco de
“gladiadores” do programa. Narrativamente segue a estrutura de “ascensão e queda”
bem comum nesse tipo de programa sobre os bastidores de Hollywood, mas
conseguem captar bem o clima cultural do início dos anos 90 quando a televisão
passa a recorrer a programas mais apelativos e a regulação em termos do que
poderia ser mostrado (a Banheira do Gugu que o diga), bem como os parâmetros de
segurança de certas práticas, eram bem mais frouxos.
Baseado no quadrinho de mesmo
nome escrito por Mike Mignola (criador de Hellboy) para o selo Elseworlds da
DC, Batman: A Perdição Chegou a Gotham
situa o herói no começo do século XX e coloca o personagem em uma trama de
horrores lovecraftianos.
A trama começa com Bruce e seus
aprendizes no ártico, investigando o desaparecimento de uma expedição
científica liderada por Oswald Cobblepot. Chegando nos destroços da expedição,
são atacados por pinguins monstruosos e descobrem que todos foram mortos e que
algum horror ancestral foi desencavado do local e está partindo para Gotham.
Agora Bruce precisa retornar à sua cidade e investigar o misterioso culto que
parece dominar a cidade secretamente.
Como muitas histórias do selo
Elseworlds, é uma trama que vai direto ao ponto e faz pouco para situar os não
iniciados em elementos do universo do Batman. Nesse sentido, muito da graça de
ver como elementos desse universo são imaginados dentro desse contexto de
horror lovecraftiano só farão sentido se você tiver algum conhecimento prévio
para entender que ao invés de ser hábil com computadores, a Barbara
Gordon/Oráculo apresentada aqui é uma médium que canaliza espíritos.
O Brasil é um país tão grande que
nós mesmos não temos pleno conhecimento de como é a vida em certas regiões
distantes de onde vivemos. O cinema brasileiro, a despeito de seus esforços em
promover a diversidade de uns tempos para cá ainda tem sua produção muito
focada no sudeste. Por isso é instigante quando encontramos produções de outros
lugares do Brasil, principalmente daqueles sub representados no meio
audiovisual como o caso do estado do Acre retratado neste Noites Alienígenas.
A trama acompanha três amigos de
infância que cresceram na periferia de Rio Branco, capital do Acre, Rivelino
(Gabriel Knox), Sandra (Gleici Damasceno) e Paulo (Adanilo Reis). Sandra e
Paulo têm um filho pequeno juntos e enfrentam dificuldades por conta da
dependência química de Paulo. Rivelino trabalha para o excêntrico traficante
Alê (Chico Diaz), que tem um certo código de ética de como operar no local. A
relação entre Rivelino e Alê começa a desandar quando o jovem passa a discordar
de certos princípios do chefe e passa a se envolver com facções criminosas do
sudeste recém chegadas no Acre e que visam tomar o território de Alê. Sandra
luta para sustentar o filho e tocar a vida enquanto Paulo tenta resolver suas
dívidas com diferentes facções do tráfico.
Guy Richie é um diretor conhecido
pelo seu estilo visual marcante em produções como Snatch: Porcos e Diamantes (2000) e mesmo suas realizações menos
sucedidas como o fraco Rei Arthur: A Lenda da Espada (2017) exibem a energia visual do diretor. Talvez seja por
isso que O Pacto seja tão
surpreendente no sentido que não traz praticamente nada do cinema de Richie e
poderia ter sido dirigido por qualquer operário padrão da indústria, talvez por
isso o título original (Guy Richie’s The
Covenant) já traga consigo o nome do diretor porque de outro modo não seria
possível identificar a presença dele no filme.
A narrativa acompanha a história
ficcional do soldado John Kinley (Jake Gyllenhaal). Servindo na guerra do
Afeganistão, Kinley é ferido em uma emboscada, perde todo seu pelotão e é salvo
pelo tradutor afegão Ahmed (Dar Salim), que o transporta por mais de 100
quilômetros em território talibã. Kinley volta aos Estados Unidos, mas Ahmed
não recebe a prometida extração do país e visto estadunidense. Com um senso de
dívida e descrente na burocracia das forças armadas, Kinley decide voltar ao
Afeganistão e financiar do próprio bolso a retirada de Ahmed e família do país.
Não esperava que o ótimo Missão Impossível: Efeito Fallout (2018)
pudesse ser superado tão cedo, mas o astro e produtor Tom Cruise entregou
exatamente isso com o excelente Missão
Impossível: Acerto de Contas Parte 1 ao levar o agente Ethan Hunt ao
extremo tanto em termos de ação quanto na construção do suspense e dos
conflitos para seus personagens.
A trama começa quando um
exercício militar russo com um submarino furtivo dá errado e todos à bordo morrem.
O incidente chama atenção das comunidades de inteligência ao redor do mundo que
creem que a IA bélica que guiava os sistemas do submarino se tornou consciente
e está se espalhando pelo ciberespaço, sabotando governos ao redor do mundo e
se autodenominando como a Entidade. A única maneira de detê-la parece ser um
conjunto de chaves que Ethan (Tom Cruise) fica incumbido de achar. Ao descobrir
que o governo quer controlar a IA ao invés de destruir, Ethan e sua equipe
decidem agir por conta própria, ficando na mira do governo e também do
misterioso Gabriel (Esai Morales), que age como um arauto da Entidade no mundo
real e tem uma ligação passada com Ethan.
Depois do desenvolvimento
conturbado de Final Fantasy XV e de
seu lançamento meio que incompleto, com muitos elementos importantes da
história sendo contados em DLCs posteriores, a impressão é que a Square Enix
queria evitar todos esses problemas em Final
Fantasy XVI. O jogo sai do ambiente mais tecnológico do anterior e retorna
a uma ambientação de fantasia mais tradicional, focando em narrativa e em
combate. Comandado por Yoshi P, o responsável por reerguer Final Fantasy XIV com A Realm
Reborn, Final Fantasy XVI teve um
desenvolvimento menos atribulado e entrega um pacote mais completo e coeso que
seu antecessor.
A trama é protagonizada por Clive
Rossfield, herdeiro do pequeno reino de Rosaria e incumbido de proteger o
irmão, Joshua. O mundo em que vivem conta com a presença de grandes cristais
dotados de mágica que são a fonte de poder dos diferentes reinos do continente.
Algumas pessoas recebem dos cristais o poder de controlarem as Eikons, seres
elementais poderosíssimos (pensem nas summons
dos games anteriores) e essas pessoas são chamadas de Dominantes. Joshua é o
Dominante da Fênix, a Eikon do fogo, e Clive é seu principal protetor,
recebendo a benção da Fênix para usar magia de fogo, se tornando um Portador,
alguém que consegue usar magia sem auxílio de um cristal. Quando o reino de
Rosaria é atacado, Joshua acaba usando o poder da Fênix para tentar proteger o
castelo, mas uma segunda misteriosa Eikon de fogo, Ifrit, surge no combate e
ataca a Fênix. Rosaria é tomada e Clive é forçado a servir no reino rival,
jurando vingança contra aqueles que lhe tiraram tudo.
Quando se fala sobre combate às
drogas normalmente pensamos em drogas ilícitas como cocaína, crack ou heroína,
mas recentemente as autoridades, especialmente nos Estados Unidos, tem atentado
para o que eles chamam de “epidemia de opioides”, o abuso de narcóticos legais
que viciam tanto ou mais que drogas ilícitas e que geram a mesma degradação
social que suas contrapartes ilegais. A série Dopesick, lançada em 2021, aborda justamente a ascensão da crise de
opioides nos EUA, tendo como ponto de parte o lançamento da droga Oxycontin
pela empresa farmacêutica Purdue.
O documentário O Mistério de Maya parece ser mais um
daqueles documentários de crimes que se tornaram cada vez mais comuns em streamings. Ele de fato é isso, embora
seja bastante eficiente no modo como conta sua história, mesmo usando todos os
recursos comuns a esse tipo de produção, e também na maneira como mobiliza a
revolta do espectador em relação às injustiças narradas.
A narrativa segue a família da
garota Maya, que desde pequena apresentou sintomas de uma rara doença que lhe
causava dores constantes e atrofia nas pernas. Durante muito tempo os pais dela
não encontravam um tratamento até conhecerem médicos que administravam cetamina
como um meio de aplacar a dor, funcionando para a garota. Depois de anos bem,
Maya tem uma nova crise e é levada para um hospital pediátrico e chegando lá os
médicos não aceitam as informações do diagnóstico e do tratamento dados pela
família da menina, suspeitando de maus tratos. O conselho tutelar é chamado e
os pais perdem a guarda da garota, iniciando uma batalha jurídica contra o
hospital que termina em tragédia.
Pensei seriamente se assistiria
essa terceira temporada de The Witcher.
O anúncio de que Henry Cavill, o elemento mais consistente da série, sairia ao
fim deste terceiro ano e seria substituído na quarta temporada por Liam
Hemsworth diminuiu um pouco do meu interesse. Mesmo menos empolgado do que em
temporadas anteriores, resolvi conferir esse terceiro ano, que continua a
acertar no clima de mistério e no universo sombrio que apresenta, ainda que
sofra dos problemas de ritmo da primeira temporada.
A trama segue mais ou menos onde
o segundo ano parou, com Geralt (Henry Cavill) e Yennefer (Anya Chalotra) se
unindo para cuidarem de Ciri (Freya Allan). Depois dos eventos de Kaer Morhen,
o trio tenta viver escondido, mas a quantidade de pessoas que buscam Ciri para
propósitos pessoais torna difícil ficar escondido muito tempo ou manter a
garota plenamente segura. Assim, eles partem em busca de uma solução.
Se a temporada anterior se
beneficiava por manter muito da trama focada em poucos lugares e dava bastante
tempo para a relação entre Geralt e Ciri florescer, aqui ela se divide entre
vários lugares e um elenco cada vez maior de personagens ao ponto em que fica
difícil lembrar quem está aonde, fazendo o quê e por qual motivo. Essas
mudanças constantes de ambiente dão a impressão de que a trama principal não
caminha e que Geralt está virando quase um coadjuvante na própria história.
Tudo bem que isso serve para mostrar a situação política complicada do reino e
a quantidade de ameaças que pairam sobre Ciri, mas talvez nem todas as
maquinações precisariam efetivamente aparecer a menos que fossem impactar
diretamente nos protagonistas.
A ideia de fazer um live action de Cavaleiros do Zodíaco já é algo a se temer. Assim como Dragon Ball é um material que não se
presta bem ao realismo, mas ainda assim decidiram fazê-lo, ignorando o fracasso
da maioria dos live actions baseados
em anime, como o infame Dragonball Evolution. Assim chegamos neste Os
Cavaleiros do Zodíaco Saint Seiya: O Começo, uma adaptação que falha em
compreender o que torna esse universo e narrativa tão interessantes.
A trama é focada em Seiya
(Mackenyu), um jovem que vaga o mundo em busca da irmã que foi separada dele na
infância. Ele começa a ser caçado pela misteriosa Vander Guraad (Famke Janssen)
e acaba sendo resgatado por Alman Kido (Sean Bean). Kido diz a Seiya que ele
está destinado a ser o cavaleiro de Pégaso, principal protetor da deusa Athena
que teria reencarnado na filha adotiva de Kido, a jovem Saori (Madison Iseman).
As legendas e dublagens em português deixam nomes como Saori e Ikki iguais ao
anime e mangá, mas no aúdio original esses nomes são inexplicavelmente
ocidentalizados como Sienna (Saori) ou Nero (Ikki), sabe-se lá por que. Eu
poderia escrever algumas linhas falando sobre a questão de whitewashing que isso representa, mas, sinceramente, não estou
disposto a gastar energia com um filme tão ruim.