A trama começa com Bruce e seus aprendizes no ártico, investigando o desaparecimento de uma expedição científica liderada por Oswald Cobblepot. Chegando nos destroços da expedição, são atacados por pinguins monstruosos e descobrem que todos foram mortos e que algum horror ancestral foi desencavado do local e está partindo para Gotham. Agora Bruce precisa retornar à sua cidade e investigar o misterioso culto que parece dominar a cidade secretamente.
Como muitas histórias do selo Elseworlds, é uma trama que vai direto ao ponto e faz pouco para situar os não iniciados em elementos do universo do Batman. Nesse sentido, muito da graça de ver como elementos desse universo são imaginados dentro desse contexto de horror lovecraftiano só farão sentido se você tiver algum conhecimento prévio para entender que ao invés de ser hábil com computadores, a Barbara Gordon/Oráculo apresentada aqui é uma médium que canaliza espíritos.
Há também o inerente orientalismo presentes em histórias com essa pegada de H.P Lovecraft, fazendo culturas ou populações não brancas soarem inerentemente malignas. Talia e Ra’s al Ghul, por exemplo, tem traços e vestes mais marcadamente árabes e persas do que a maioria de suas outras versões em diferentes universos. A animação tenta inserir um pouco mais diversidade ao colocar Lucius Fox (que até comenta sobre o racismo em Gotham) e Kai Li Cain (uma versão alternativa da Cassandra Cain, que cumpre o papel que Tim Drake cumpria na HQ), mas não é o suficiente para eliminar o olhar colonialista presente.
A narrativa acerta, porém, na mescla de um clima de paranoia digna de tramas noir com a atmosfera de horror cósmico. A trama foca bastante no lado detetive do Batman e, como é comum no horror cósmico, no modo como o conhecimento de cultos e seres ancestrais vai aos poucos minando a sanidade do personagem. Como em muitas histórias do selo Elseworlds o filme se beneficia de não estar preso a nenhuma cronologia canônica, ficando livre para reimaginar esses personagens e também matá-los sem muito problema.
As várias mortes deixam a impressão de que ninguém está seguro, já que mesmo personagens importantes no universo regular, que raramente são mortos, aqui são eliminados pelos horrores conjurados pela seita de Talia. O visual da animação não tenta reproduzir o traço estilizado a HQ que o inspirou, mas ainda assim consegue apresentar criaturas grotescas como as versões demoníacas de Croc ou Hera Venenosa além de um Duas Caras mais trágico e mais nojento em seu aspecto. A ação ressalta o quanto essas criaturas são letais, não economizando no sangue, e o quanto o Batman é astuto, já que ele supera seus adversários mais pela esperteza e conhecimento de suas vulnerabilidades do que pela força bruta.
Com uma trama investigativa bem
construída, interpretações interessantes e grotescas de personagens conhecidos,
além de competentes cenas de ação, Batman:
A Perdição Chegou a Gotham mescla muito bem o universo do cavaleiro das
trevas com uma trama de horror cósmico.
Nota: 7/10
Trailer
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