Crítica – Loucas em Apuros

 

Em meio a um cenário com tantas produções que tem desnecessariamente inchado suas durações cada vez mais, é bom ver que Hollywood ainda sabe fazer boas comédias de noventa minutos que vão direto ao ponto e entregam uma diversão despretensiosa sem se arrastar mais do que necessário. Loucas em Apuros entrega exatamente isso. Não é um filme que vai reinventar a roda, mas é divertido o bastante para manter nosso interesse.

A trama é centrada em duas amigas, Audrey (Ashley Park) e Lolo (Sherry Cola). Amigas desde criança, elas se mantem próximas apesar de terem seguido caminhos diferentes. Audrey é uma advogada que está sempre trabalhando e está em vias de virar sócia na empresa em que trabalha. Lolo ainda tenta fazer sua carreira de artista plástica decolar e se escora no sucesso de Audrey para se manter. Quando Audrey é incumbida de fechar um negócio na China, Lolo vai junto na viagem acompanhada da prima, Olho de Peixe Morto (Sabrina Wu), para tentar ajudar Audrey a encontrar a mãe biológica dela. O trio ainda é acompanhado por Kat (Stephanie Hsu, de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo), colega de faculdade de Audrey que está na China trabalhando como atriz. Logicamente os planos do quarteto dão errado e elas se envolvem em muitas confusões.

É a típica comédia centrada em uma dupla de opostos, com uma certinha e outra doida, que ao longo de uma viagem terão encontros fortuitos com personagens pitorescos e o caos reina por conta da oposição das duas protagonistas, eventualmente testando a amizade e reaproximando as duas ao final. Já vimos um monte de filmes assim e Loucas em Apuros não sai muito do molde. Mesmo o conflito de Audrey em viver em um eterno entrelugar por ter sido adotada por pais brancos, não sendo plenamente aceita entre os asiáticos ou brancos, já foi tratado em outras produções que tratavam sobre imigração e conflitos geracionais nos EUA.

Ainda assim o material e o elenco tem bastante coração e nos conectam ao afeto partilhado entre esse grupo de amigas, nos fazendo entender o laço que une essas pessoas e o motivo delas serem importantes uma para a outra. Assim, mesmo que a eventual briga e reconciliação entre elas seja previsível ainda há um impacto emocional a ser sentido por conta do trabalho de Park, Cola e as demais. Ashley Park também é eficiente em nos fazer ver o senso de inadequação de Audrey, alguém que sempre se esforçou além do que deveria por desejar ser aceita e pertencer a algum lugar.

O forte da produção, no entanto, é o seu senso anárquico de comédia e a habilidade em encadear uma série de situações pitorescas que sempre vão pelos caminhos mais absurdos possíveis. De uma sequência em que acidentalmente precisam esconder drogas dentro do corpo em uma viagem de trem, passando pelo momento em que fingem ser um grupo de K-Pop durante um número musical cujo desfecho é uma das coisas mais chocantemente hilárias na minha memória recente é difícil não rir de toda a maluquice que o filme joga ao espectador. Todo o elenco se mostra plenamente entregue a esse clima de piração e faz funcionar cada piada, cada gag, por mais doida que seja.

Assim, mesmo repetindo estruturas narrativas conhecidas Loucas em Apuros vale pela química do elenco e seu senso de humor caótico.

 

Nota: 7/10

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