Crítica – Meus Sogros Tão Pro Crime

 

Eu não sabia que Meus Sogros Tão Pro Crime era uma realização da Happy Madison, produtora que pertence a Adam Sandler. Com o passar dos anos, ver a vinheta da produtora no início de um filme se tornou uma espécie de aviso de que eu deveria temer pela minha sanidade e Meus Sogros Tão Pro Crime é o mais recente exemplo de que meus temores não são infundados.

A trama é protagonizada por Owen (Adam Devine), um gerente de banco que está prestes a se casar com Parker (Nina Dobrev), mas ainda não conheceu os sogros. Dias antes do casamento seus sogros, que estariam viajando e não viriam para a cerimônia, decidem aparecer. Ao conhecer Billy (Pierce Brosnan) e Lilly (Ellen Barkin), Owen pensa que eles são pessoas excêntricas, mas logo descobre que eles são ladrões de banco que tem uma dívida a pagar com uma perigosa criminosa.

Como é de costume em muitas produções de Adam Sandler, boa parte do que o filme entende como comédia se resume a ofensas preconceituosas, como os insultos machistas que os pais de Owen direcionam a Parker, ou a escatologia gratuita sem qualquer construção na cena como se a mera menção de fezes ou vômito automaticamente nos fizesse rir.

Não ajuda que os personagens sejam inanes, desprovidos de qualquer traço marcante. Owen é o arquétipo do banana que não faz nada além de berrar histericamente com as coisas que dão errado ao seu redor. Parker existe apenas para ser um objeto na disputa entre Owen e os sogros, sendo convertida em donzela em perigo no terço final. Brosnan e Barkin tentam dar algum carisma a seus personagens, mas são sabotados por um material que não lhes dá muito com o que trabalhar.

O roteiro também tem dificuldade de estabelecer riscos claros para esses personagens, precisando forçar um clímax quando a vilã, que até então era uma figura que operava nos bastidores, simplesmente resolve entrar armada e cheia de capangas em uma confeitaria em plena luz do dia para sequestrar Parker. Considerando que ela passou anos evadindo as autoridades por conta de seus roubos passados e deve ter o mínimo de inteligência para não chamar atenção durante tanto tempo, uma ação tão explícita soa bem idiota e não condizente com a personagem. Do mesmo modo, Owen dá a senha do cofre de seu banco em uma noitada bêbado e ainda assim mantem a senha apesar da trama tentar apresentá-lo como um gerente zeloso que sempre toma o máximo de precaução.

Ocasionalmente o filme constrói algumas sequências de ação corretas, mas que não fazem muito para empolgar e não conseguem dar a impressão de que os personagens estão de fato em risco, falhando em nos envolver. No fim das contas Meus Sogros Tão Pro Crime é uma comédia vazia, sem graça ou carisma que se apoia em piadas batidas e preguiçosas.

 

Nota: 2/10

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