A trama acompanha três amigos de infância que cresceram na periferia de Rio Branco, capital do Acre, Rivelino (Gabriel Knox), Sandra (Gleici Damasceno) e Paulo (Adanilo Reis). Sandra e Paulo têm um filho pequeno juntos e enfrentam dificuldades por conta da dependência química de Paulo. Rivelino trabalha para o excêntrico traficante Alê (Chico Diaz), que tem um certo código de ética de como operar no local. A relação entre Rivelino e Alê começa a desandar quando o jovem passa a discordar de certos princípios do chefe e passa a se envolver com facções criminosas do sudeste recém chegadas no Acre e que visam tomar o território de Alê. Sandra luta para sustentar o filho e tocar a vida enquanto Paulo tenta resolver suas dívidas com diferentes facções do tráfico.
É um filme que trata principalmente da vida nessa Amazônia urbana em que convergem contemporaneidade e tradições. Em que populações indígenas vivem lado a lado com jovens produzindo hip hop ou com a chegada do crime organizado de outros lugares do Brasil. É um espaço que pouco se vê no cinema brasileiro e cuja força de representação o filme nos traz sem recorrer a exotismos fáceis, nos revelando as complexas dinâmicas sociais em jogo. A produção também evita cosmetizar a vida precária dessas pessoas, jamais reduzindo-as a isso, explorando essas pessoas em suas alegrias, seus anseios e aspirações, lembrando um pouco o olhar do diretor André Novais em produções como Marte Um (2022).
Por outro lado, o filme é tão interessado em explorar a vida cotidiana no local que demora a chegar no seu conflito principal que é a chegada de facções de outros estados e o modo como isso afeta os personagens. Durante boa parte dos minutos iniciais da trama ficamos nos perguntando para qual direção a produção levará seus personagens. De maneira semelhante, o foco na dinâmica social mais ampla que está em jogo acaba fazendo o filme explorar menos do que deveria as conexões entre o trio principal e os sentimentos que conectam esses personagens, fazendo a interação entre eles soar superficial e não aproveitada plenamente em alguns momentos.
Ainda assim Noites Alienígenas vale por nos revelar uma realidade pouco
conhecida do nosso país e pelo olhar cuidadoso com o qual nos apresenta
populações que raramente são representadas no meio audiovisual.
Nota: 7/10
Trailer
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