Na trama, Liam Neeson interpreta Matt (confesso que tive que olhar o nome do personagem no IMDb apesar de estar escrevendo esse texto apenas uma hora depois de ter assistido o filme, tão pouco memorável que é) um corretor de valores cujo trabalho é fisgar altos investidores e mantê-los investindo mesmo em cenários desfavoráveis. Um dia, ao levar os filhos para a escola, recebe uma ligação ameaçadora. O carro dele está com uma bomba, se qualquer pessoa tentar sair a bomba explode e se eles desobedecerem quem está do outro lado da linha também morrem.
É basicamente uma mistura de Velocidade Máxima (1994) e Por Um Fio (2002), mas desprovido da tensão de ambos. Apesar de curto, com apenas 90 minutos, a fita soa bastante arrastada, com situações que nunca evocam a tensão que deveriam ou com desdobramentos bastante óbvios. A voz ao telefone falha em funcionar como fonte de tensão já que o design sonoro faz dela uma voz distorcida genérica, sem nada marcante na cadência ou tom impossibilitando passar a devida emoção. A franquia Pânico já mostrou como é possível fazer uma voz soar eletronicamente modificada e ainda assim ter personalidade o bastante para soar ameaçadora, mas isso não acontece aqui.
Neeson parece no piloto automático ao interpretar pela enésima vez um pai de família que se vê inesperadamente numa situação de perigo e precisa agir para salvar os filhos. O ator é competente o bastante para evocar o desespero de alguém colocado em uma situação perigosa que não compreende, mas tirando isso o roteiro não dá a Neeson muito com o que trabalhar. Incomoda também como o filme do nada resolve transformar Matt em um audaz piloto de fuga capaz despistar dezenas de viaturas apesar do início do filme estabelecê-lo como um sujeito comum. Todo o arco de reconciliação dele com os filhos não soa devidamente merecido e parece acontecer mais por necessidade de roteiro.
Esse tipo de thriller vive ou morre pela força de suas reviravoltas e as que estão aqui são, bem, bastante ruins. Todo o plano do vilão vai se ampliando e tornando mais e mais mirabolante até não fazer mais sentido e depender de uma série de variáveis que o antagonista não tinha como prever e que acontecem por pura sorte. Além disso, depois de toda a grandiloquência do plano quando o vilão é revelado sua motivação é tão banal que chega a ser risível. Durante boa parte do filme o roteiro tenta dar a impressão de que a pessoa do outro lado da linha é movida por algum tipo de vingança contra Matt e seus sócios (o título original em inglês inclusive é Retribution, reforçando essa ideia) ou que ele é algum tipo de justiceiro, buscando punir o protagonista e os demais por sua desonestidade. No fim toda essa possiblidade de comentário social sobre a especulação financeira não vai a lugar algum e o criminoso é só um ganancioso genérico que poderia simplesmente ter fraudado as contas da empresa de Matt ao invés de fazer toda a presepada com as bombas.
Com personagens vazios e o texto
que desmorona sob o peso do excesso de reviravoltas mirabolantes que não causam
o impacto pretendido, A Chamada entrega
um suspense bem sonolento.
Nota: 4/10
Trailer
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