De início imaginei que a temporada seria mais focada na busca pelo real assassino que incriminou o antigo cliente de Mickey e a trama de Lisa ficaria mais em segundo plano, mas a série consegue reverter nossas expectativas ao levar Mickey ao culpado da primeira trama nos primeiros episódios, enquanto foca o resto da temporada no julgamento de Lisa. Confesso que fiquei contente com a reversão, já que a trama envolvendo esse antigo cliente, Jesus Menendez (Saul Hueso), acaba ganhando contornos de conspiração grandiloquente que se afastam um pouco do realismo urbano da série.
A intriga de tribunal continua a ser o ponto forte da série, apresentando as tensões entre Mickey e a promotoria no processo contra Lisa, mostrando como o protagonista caminha entre as armadilhas da acusação e provas desfavoráveis para tentar provar a inocência da cliente. Como no primeiro ano, é divertido ver a astúcia de Mickey em ação, caminhando no fio da navalha da ética e da lei para conseguir o resultado que deseja sem cometer nenhuma infração.
É o tipo de coisa que poderia fazer o personagem ser alguém desagradável aos nossos olhos por conta do modo como ele manipula a legislação ao seu favor, no entanto, nos conectamos a Mickey pelo modo como o texto mostra como a lei é estruturada para proteger os mais ricos, mais poderosos, e deixa aqueles que tem menos com poucos recursos de lidar com as iniquidades do sistema. Assim, as ações de Mickey soam como as de alguém tentando tornar mais justo um sistema desigual do que de alguém que simplesmente quer desmontar o sistema jurídico para ganho pessoal. Sim, Mickey ainda tem um quê de canalha pela maneira sonsa com a qual constrói armadilhas para derrubar seus oponentes, mas Manuel Garcia Rulfo dá um certo charme rebelde às ações do advogado.
A temporada também se beneficia da ambiguidade que Lana Parilla instila em Lisa, uma mulher que demonstra ter uma preocupação genuína com seu restaurante e seu bairro, mas por vezes nos mostra uma agressividade que nos deixa em dúvida se ela realmente seria capaz de matar. Essa dualidade é importante para uma revelação que vem a respeito da personagem no último episódio, embora ela seja relativamente previsível se você prestar atenção. A série dá um pouco mais de atenção a Lorna (Becki Newton) que deixa de ser uma mera assistente para se tornar uma parceira de Mickey no tribunal, enquanto Izzy (Jazz Raycole) tem sua própria jornada para construir seu estúdio de arte, embora essa trama acabe funcionando mais para justificar um revés no caso principal do que em trazer mais aprofundamento para a personagem. Ainda assim, a impressão é que a série lida melhor com seus personagens secundários, evitando subtramas que soem muito desconectadas umas das outras.
Como antes, O Poder e a Lei não chega a reinventar a roda do drama jurídico,
mas tem intriga, tensão e carisma suficientes para nos manter entretidos.
Nota: 7/10
Trailer
Nenhum comentário:
Postar um comentário