terça-feira, 8 de agosto de 2023

Crítica – Ursinho Pooh: Sangue e Mel

 

Análise Crítica – Ursinho Pooh: Sangue e Mel

Review – Ursinho Pooh: Sangue e Mel
Pegar o universo do Ursinho Pooh e transformar em um terror slasher sangrento poderia render uma podreira divertida. O diretor e roteirista Rhys Frake-Waterfield aproveitou que a obra de A.A Milne se tornou domínio público resolveu fazer esse terror Ursinho Pooh: Sangue e Mel.  

A trama concebe Pooh e seus amigos como híbridos bizarros entre homens e animais, que foram lembrados como animais fofos por conta da imaginação infantil de Christopher Robin. Quando Robin deixa de frequentar a floresta para ir para a faculdade, Pooh e seus aliados ficam sozinhos e à míngua. Com o tempo eles passam a nutrir ódio da humanidade e a matar qualquer um que se aproxime. Já adulto, Robin (Nikolai Leon) retorna à floresta e encontra as vítimas de Pooh e Leitão, tendo sua namorada morta por eles e sendo capturado pela dupla. As criaturas também passam a mirar em um grupo de mulheres que alugou uma casa nas margens da floresta.

É uma premissa bem doida, mas que o filme leva mais a sério do que deveria principalmente se considerarmos o quão pobre é a produção. A caracterização de Pooh e Leitão em nenhum momento nos faz acreditar que estamos diante de seres bizarros e sim de pessoas com máscaras toscas. Inclusive em alguns momentos as máscaras sobem e podemos ver o corpo humano por baixo dela. Do mesmo modo alguns efeitos visuais, como a computação gráfica da cena em que Pooh esmaga a cabeça de uma garota com o carro, são tão artificiais que são incapazes de criar as mortes chocantes e nojentas que o filme pretende.

Se ao menos a produção abraçasse essa tosqueira e assumisse um tom mais de galhofa e não se levasse tão a sério, talvez algum entretenimento pudesse ser encontrado aqui, ao invés do tédio de um torture porn genérico que nem mesmo uma competente encenação de violência consegue fazer. A seriedade também torna bem visível o quanto a trama é vazia de qualquer senso de conflito, drama ou arco de personagem, ressaltando a natureza antiquada da produção que reduz as mulheres a objetos ou vítimas, exibindo uma misoginia que o gênero começou a deixar de lado décadas atrás.

A trama também não faz sentido em alguns momentos, em especial no desfecho em que o Pooh continua a atacar uma vítima já morta, destroçando sua cabeça, ao invés de ir atrás de Robin, que a trama tinha estabelecido ser o principal alvo de sua fúria, deixando o rapaz escapar. Não havia motivo algum para que a criatura deixasse Robin fugir e, ainda assim, é o que acontece porque o texto tinha necessidade que acontecesse provavelmente para tentar fazer uma continuação.

A premissa poderia ser utilizada para satirizar o material original ou mesmo os clichês de terror, mas o filme não tem absolutamente nenhuma noção do que fazer com seus personagens ou o universo do qual se apropria e converte tudo em uma sucessão de lugares comuns vazios toscamente filmados. A impressão é que a apropriação do universo de A.A Milne foi mais uma tentativa de atrair mídia para o filme (que provavelmente não receberia qualquer atenção se não fosse isso) do que fruto de algum interesse artístico em explorar esses personagens.

Com isso, Ursinho Pooh: Sangue e Mel pega uma ideia maluca que poderia render uma podreira divertida e entrega um slasher entediante desprovido de qualquer imaginação.

 

Nota: 1/10


Trailer

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