segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Crítica – Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá

 

Análise Crítica – Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá

Review  – Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá
Quando a vinheta da Happy Madison, produtora de Adam Sandler, passou no início deste Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá temi pela minha sanidade. Parecia mais um projeto para Sandler dar dinheiro para seus chapas e parentes. Não deixa de ser isso já que ele coloca praticamente toda a família e alguns comediantes que só fazem filmes com ele. No entanto a diretora Sammi Cohen, do bacana e pouco visto Crush: Amor Colorido (2022), consegue dar alguma emotividade consistente que faz o filme funcionar apesar de ser uma trama de amadurecimento bem típica.

A trama é protagonizada por Stacy (Sunny Sandler) é uma jovem prestes a fazer seu bat mitzvá e quer ter a festa dos sonhos. Ela e a melhor amiga, Lydia (Samantha Lorraine), estão planejando tudo para ser perfeito e Stacey tem esperanças de conquistar o garoto de quem gosta, Andy (Dylan Hoffman), mas as coisas se complicam quando Lydia fica com Andy e as duas amigas rompem.

O filme acerta no modo como apresenta a conduta imatura de suas personagens, mostrando como Stacey, Lydia e outras colegas muitas vezes não sabem lidar com as situações afetivamente complicadas que essa fase de transição coloca diante delas. Ao invés de romantizar a conduta dessas garotas, o texto aceita que elas agem de maneira impetuosa e terminam por se autossabotar, machucando tanto a si mesmas quanto as pessoas ao seu redor.

Nesse sentido Sunny Sandler concebe evocar muito bem a angústia adolescente de uma garota que começa a enfrentar situações complexas que não sabe exatamente como resolver e adota uma postura de petulância infantil que só lhe causa mais problemas. Há uma amizade sincera entre ela e Samantha Lorraine que convence que elas são realmente amigas há muito tempo, tanto nos laços afetivos das personagens quanto no senso de humor.

Em termos de comédia o filme evita a escatologia e preconceitos tipos das produções de Sandler, em alguns momentos o humor até subverte esses preconceitos. Um exemplo é a cena em que Stacy pula num lago e forma uma mancha de sangue menstrual na água. De início parece que será aquele tipo de piada velha sobre como menstruação é algo nojento que deveria ser ridicularizado, mas ao invés disso o roteiro vira a situação contra os garotos que tentam zoar Stacy e faz eles o alvo da piada por seu machismo e ignorância. Do mesmo modo, a trama evita os clichês de rivalidade feminina no triângulo entre Stacy, Andy e Lydia ao fazer de Andy um babaca e construir o arco das duas ao redor do entendimento que um mané como Andy não vale a amizade delas.

Por outro lado, o núcleo dos personagens adultos deixa bastante a desejar. Como em muitos de seus filmes recentes, Sandler parece miserável em cena e sem qualquer vontade de estar ali, como se só estivesse no filme para tentar catapultar a carreira das filhas. Ele não faz funcionar nem os momentos mais cômicos nem as cenas de maior drama e emoção entre Stacy e o pai, Danny (Adam Sandler). Idina Menzel acaba não tendo muito o que fazer como a mãe de Stacy e Sadie Sandler se limita a fazer caras e bocas exageradas como a irmã mais velha de Stacy. Jackie Sandler, esposa de Adam, é bem inexpressiva como a mãe de Lydia, mas Luis Guzman traz um senso de humor caótico como o pai recém divorciado da garota.

Entre os adultos o único destaque é o trabalho Sarah Sherman como a rabina Rebecca, responsável por preparar Stacy para o bat mitzvá. Sherman tem uma presença excêntrica, como alguém faz esforço demais para tentar soar descolado diante de jovens, mas nunca passa do ponto nem permite que Rebecca descambe para a caricatura, sendo capaz também de mostrar facetas mais severas para a personagem quando ela precisa efetivamente ser rígida com os erros de Stacy e outros adolescentes.

O arco de amadurecimento da protagonista de Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá é uma trama de amadurecimento bem comum, mas consegue funcionar pela sinceridade com a qual analisa a imaturidade de suas personagens.

 

Nota: 6/10


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