sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Drops – O Rei dos Clones

Análise Crítica – O Rei dos Clones

 

Review – O Rei dos Clones
Produção da Netflix, o documentário O Rei dos Clones tenta acompanhar a trajetória do cientista coreano Hwang Woo-suk, pioneiro em técnicas de clonagem de vários animais cuja carreira naufragou depois que foi pego cometendo fraude de dados em um artigo científico. É uma produção bem quadrada em termos de como conta sua história, não indo muito além dos recursos já manjados de entrevistas e imagens de arquivo, além de eventuais reconstituições, que não fazem muito para manter nosso envolvimento.

O principal problema, no entanto, é que o filme não parece decidir que história quer contar, se quer falar do trabalho de Hwang e suas ações pouco éticas em nome de um suposto “bem maior” ou se quer documentar a história da clonagem enquanto técnica biomédica, instruir o espectador quanto ao funcionamento dessa ciência e do debate moral em torno do uso desse conhecimento. A trama vai e volta nesses dois fios narrativos, mas não encontra nada de muito interessante a dizer em nenhum deles, ficando na superfície das duas ideias.

Na discussão sobre clonagem de maneira geral o documentário é bem didático em fazer o espectador entender o funcionamento científico das técnicas de clonagem. Por outro lado, a discussão moral é rasa, se limitando a recorrer a argumentos predominantemente religiosos que afastam o debate da questão da racionalidade científica. Só perto do final, quando toca na ideia de usar clonagem para trazer de volta espécies extintas há milênios que o filme recorre mais a argumentos científicos do porque isso seria problemático em vários níveis.

Na exposição sobre a trajetória controversa de Hwang o filme não faz muito além de narrar os eventos de sua ascensão e queda, sem muito esforço de entender o que motivou suas ações ou mergulhar na personalidade do sujeito retratado, analisando, por exemplo, a mitomania que exala de suas entrevistas no modo como fala de si mesmo e de seu trabalho. Seu discurso sobre reviver mamutes extintos há séculos via clonagem soa incomodamente similar ao que encontramos em narrativas ficcionais tipo Jurassic Park (1993) momentos antes das coisas darem errado. Que a ciência ignore esses alertas dados pela ficção há décadas é outro elemento que o filme toca tangencialmente, mas explora muito pouco.

Embora seja didático e acessível em sua explicação sobre o funcionamento da clonagem, O Rei dos Clones acaba sendo bastante raso nas discussões que tenta propor.

 

Nota: 5/10

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