Cinebiografias de músicos são um
filão constantemente explorado pela indústria do cinema. Artistas famosos como
Johnny Cash, Ray Charles, Elton John ou Elvis já ganharam filmes inspirados em
suas vidas. Com uma produção tão profícua era apenas questão de tempo até que
esse tipo de filme fosse parodiado. Isso aconteceu em 2007 com o lançamento de A Vida é Dura: A História de Dewey Cox.
O filme conta a história do
fictício músico Dewey Cox (John C. Reilly) e o modo como superou adversidades
para alcançar o sucesso. A trama brinca bastante com os clichês de como esse
tipo de filme é estruturado, apresentando todos os momentos padrão dessas
histórias, como a infância pobre e traumática (ele acidentalmente corta o irmão
no meio com um facão), o abuso de drogas, os amores e as influências dele sobre
outros músicos.
É tudo construído com um exagero
extremo, ciente de como certos formatos já estão batidos em cinebiografias,
como o fato da primeira esposa de Dewey, Edith (Kristen Wiig) dizer sem
sutileza o tempo todo de como ele precisa desistir do sonho de ser músico ou
como o pai de Dewey fala constantemente que o filho errado morreu. Em um dado
momento, quando Dewey grava Walk Hard,
a música que o tornaria famoso, o filme faz piada no modo como a montagem
desses filmes dá a impressão de que o sucesso vem rápido com a cena do estúdio
cortando diretamente para um locutor de rádio anunciando a canção que terminou
de ser gravada há três minutos atrás.
O ano de 2023 tem sido bom para
jogos de luta, com algumas de suas principais franquias lançando novos games.
Depois do excelente Street Fighter 6,
agora é a vez de Mortal Kombat 1
ganhar os holofotes, reiniciando a continuidade da história depois dos eventos
de Mortal Kombat 11.
A trama se passa na nova linha do
tempo criada por Liu Kang. Ele moldou os eventos para criar uma era de paz
entre o nosso mundo e a Exoterra, no qual o torneio entre os reinos é mais uma
celebração da cooperação entre os dois mundos e não um instrumento de
conquista. Um novo torneio está prestes a começar, com Liu Kang treinando os
novos campeões da Terra em Raiden e Kung Lao, mas uma misteriosa visitante de
fora dessa linha do tempo instiga antigos vilões, como Shang Tsung, a
recuperarem seus poderes e tramarem contra a nova paz.
Apesar de gostar do universo das
Tartarugas Ninja, não estava lá muito interessado na animação As Tartarugas Ninja: Caos Mutante.
Provavelmente porque os últimos dois filmes live-action
não foram grande coisa e isso esfriou minha vontade de ver qualquer coisa com
esses personagens. Felizmente essa nova animação acerta no espírito de aventura
e na energia adolescente de seus protagonistas.
A trama reconta a origem de
Leonardo, Michelangelo, Donatello, Raphael e o mestre Splinter. Animais comuns
transformados em humanoides quando um mutagênico cai nos esgotos. Já
adolescentes, as tartarugas querem se integrar no mundo dos humanos, mas
Splinter teme que eles sejam tratados como monstros e caçados ou usados como
arma. Os quatro irmãos acabam ficando amigos da adolescente April O’Neil e
juntos vão investigar a gangue do Superfly, que vem aterrorizando a cidade. Ao
longo da investigação descobrem que Superfly é também um mutante que lidera um
bando de outros mutantes.
Apesar de algum contato com os
filmes produzidos por países africanos, confesso que ainda conheço pouco a
respeito sobre os filmes iorubás feitos na Nigéria. Talvez por isso minha
curiosidade em conferir este Jagun Jagun:
O Guerreiro, épico iorubá produzido na Nigéria e distribuído pela Netflix.
A trama conta a história de Ogunjimi
(Femi Adebayo), um líder tribal que ganhou renome e temor pela região por conta
de suas habilidades de guerreiro e exércitos que comanda. Qualquer um que
busque vencer uma batalha procura a ajuda do temível Ogunjimi e qualquer
guerreiro que busque provar seu valor almeja treinar sob o comando dele. É
então que aparece Gbotija (Lateef Adedimeji), um jovem valoroso que tem a
habilidade de se comunicar com as árvores e quer se tornar um guerreiro para
vingar o pai e a destruição de sua vila. O talento e o caráter de Gbotija
despertam atenção do exército de Ogunjimi, mas o líder vê a ascensão do jovem
como uma ameaça a seu comando e tenta eliminá-lo ao lhe incumbir de cumprir
três tarefas praticamente impossíveis para ser aceito em suas fileiras.
O fim de uma série da qual
gostamos é sempre algo agridoce. Por um lado queremos ver mais, por outro temos
a satisfação de vê-la encerrar antes que se alongue demais. No caso de Sex Education esses sentimentos ainda
encontram a constatação de que o elenco já passou do ponto em que é capaz de
nos convencer de que são adolescentes, então é melhor mesmo colocar um ponto
final.
Quando escrevi sobre a terceira temporada, mencionei como um dos grandes méritos da série era sua capacidade de
sempre dar complexidade a seus personagens e mesmo figuras que operam como
antagonistas ou vilões nunca são reduzidos a figuras unidimensionais. A
temporada começa com Otis (Asa Butterfield), Eric (Ncuti Gatwa) e os demais
chegando a um novo colégio, este mais inclusivo e aberto. Enquanto isso Maeve
(Emma Mackey) começa seu curso nos Estados Unidos e a mãe de Otis, Jean
(Gillian Anderson), começa a demonstrar que está sofrendo de depressão
pós-parto. Na nova escola Otis tenta abrir uma nova clínica de aconselhamento,
mas descobre que o local já tem sua terapeuta sexual em O (Thaddea Graham),
iniciando uma rivalidade com a garota.
A telenovela é o principal
produto de ficção seriada televisiva no Brasil, é tão assistida e seus
elementos fundamentais são tão conhecidos pelo público que é possível
parodiá-los em uma série como Novela,
produção brasileira para a Prime Video. A série tenta funcionar simultaneamente
como uma celebração desse tipo de produto e uma sátira de seus clichês.
A trama é protagonizada por Isabel
(Monica Iozzi) uma roteirista que aspira se tornar autora de novelas. Seu sonho
parece estar perto de virar realidade quanto ela passa a trabalhar para o
renomado dramaturgo Lauro Valente (Miguel Falabella), que a encoraja a escrever
sua própria novela. Acontece que Lauro rouba o trabalho de Isabel, passando
como se fosse dele e produzindo a novela dela sob o nome de Rebote do Destino.
Na festa de estreia da novela, Isabel se dispõe a revelar tudo para o público,
mas em um acidente bizarro ela vai parar dentro do mundo da novela, tomando o
lugar da mocinha Izabel, que era interpretada por Grazi (Maria Bopp), uma
ex-participante de reality show.
Dentro da novela, a presença de Isabel muda os rumos da trama e enquanto ela
tenta encontrar um modo de sair, Lauro tenta encontrar um meio de retomar o
controle da produção e justificar o que está acontecendo para os executivos da
emissora.
Faz tempo que eu não via uma
série tão singular quanto Na Mira do Júri.
Misturando ficção e realidade, a série se apresenta inicialmente como um
documentário sobre pessoas que servem como jurados em julgamentos nos Estados
Unidos. Logo de cara, no entanto, a série nos informa que todo o julgamento é
encenado e praticamente todos os sujeitos filmados são atores exceto um dos
jurados, Ronald Gladden, um sujeito comum que acha que foi realmente convocado
a servir em um júri e que agora precisa navegar pelos meandros do tribunal e
lidar com os excêntricos colegas de júri.
Ronald é como um protagonista de
filme que não sabe que é um protagonista. Tudo é feito ao redor dele e a trama
precisa se adaptar ao modo como ele reage aos eventos e outros personagens. É
um esforço logístico hercúleo para uma produção funcionar assim, tendo um
roteiro, mas precisando de espaço para improvisar caso Ronald decida seguir por
outros caminhos.
Dirigido pelo chileno Pablo
Larraín O Conde parte de uma premissa
bem curiosa: e se o ditador Augusto Pinochet não tivesse morrido e na verdade
fosse um vampiro que ainda estivesse vagando por aí? É uma ideia que por si só
já despertou minha curiosidade, mas infelizmente a premissa acaba sendo mais
interessante do que o filme em si.
Na trama, o Conde (Jaime Vadell),
apelido pelo qual Pinochet gosta de ser chamado, é um vampiro que vive recluso
em uma propriedade remota se alimentando do sangue de incautos enquanto lida
com a cobiça de sua esposa e seus filhos que, ao contrário dele, não são
vampiros. O Conde fica entediado com essa imortalidade e decide que em breve
dará um fim a sua vida, dividindo seus bens entre os herdeiros, o que gera
briga entre eles. No entanto a chegada da contadora Carmen (Paula Luchsinger)
desperta novos interesses no velho vampiro.
Tramas de vingança normalmente
abordam como a busca por vingança devasta tanto o vingador quanto o alvo de sua
fúria, mas poucos filmes mostram isso de maneira tão brutal e com consequências
tão devastadoras como Oldboy. Lançado
em 2003 e dirigido por Park Chan-Wook, o filme completa vinte anos em 2023 e
volta aos cinemas em uma versão remasterizada em 4K.
A trama acompanha Oh Dae-Su (Choi
Min-Sik) um homem relativamente patético que é sequestrado depois de uma noite
de bebedeira. Dae-Su passa quinze anos preso em um minúsculo apartamento sem
saber o que seus captores querem com ele, quando será solto ou o motivo de ter
sido capturado. Quando misteriosamente acorda fora do cativeiro, ele busca se
vingar daqueles que o prenderam, conseguindo ajuda da jovem Mi-do (Kang
Hye-Jeong) para investigar seu passado. O problema é que os captores de Dae-Su
parecem observá-lo de perto e a oportunidade de vingança soa como uma grande
armadilha.
O material de divulgação de Elementos não fez muito para me deixar
empolgado para a nova animação da Pixar. Parecia uma trama romântica bem típica
de “opostos se atraem” com os diferentes seres elementais servindo como
metáfora para tensões étnicas e de classe social. Tendo visto o filme constato
que era meio que isso mesmo, embora os visuais e a construção do romance seja
boa o bastante para manter nosso interesse.
A trama se passa em uma cidade
habitada por seres formados por elementos, com uma população de fogo, água, ar
ou terra. A família de Faísca migrou para a cidade décadas atrás com o sonho de
reconstruir lá suas vidas sem esquecer as tradições de seu povo. Embora Faísca
queira ser uma boa filha, ela não tem certeza se quer assumir a loja do pai.
Quando ela conhece o elemental da água Gota, eles acabam tendo que juntar
esforços para impedir vazamentos de água no bairro do fogo e acabam se
apaixonando.
Não contente em fazer filmes
sobre tubarões, Hollywood decidiu fazer filmes sobre tubarões gigantes como em Megatubarão(2018). Não contente em
fazer filmes sobre tubarões gigantes, a indústria resolveu fazer filmes sobre
tubarões gigantes com poderes sobrenaturais astecas como neste O Demônio dos Mares. É o tipo de
mistureba maluca que poderia dar certo se fosse aloprada o suficiente, mas o
resultado aqui é puro tédio.
A trama acompanha a família de
Paul (Josh Lucas), que vai até o México fiscalizar uma plataforma de petróleo e
aproveita para levar a família de férias. Ao chegar na cidade em que a
plataforma se localiza, Paul estranha a cidade estar tão deserta e desolada.
Ele vai para a plataforma e descobre que não restou quase ninguém lá.
Aparentemente a perfuração despertou um megalodonte que dormia no assoalho
oceânico e agora a criatura está causando o caos nos mares.
Quando escrevi sobre o quarto ano
de O Conto da Aia falei que a série
dava sinais de desgaste, mas que o impactante desfecho sinalizava um caminho
adiante e que as próximas temporadas talvez não ficassem andando em círculos.
Isso não aconteceu nesta quinta temporada e a impressão é que a trama fica
vagando a esmo sem um senso de direcionamento, com ideias jogadas de qualquer
jeito na tela, abandonadas e sendo substituídas por outras logo depois. A
impressão é que não há um plano, não há uma visão e tudo é feito só para
alongar a série e render mais temporadas ao invés de contar uma história
consistente.
A trama segue onde o ano anterior
parou, com June (Elizabeth Moss) matando o comandante Fred (Joseph Fiennes) e
as consequências disso. Serena (Yvonne Strahovski) tenta usar o evento para
atrair simpatia do mundo para Gilead e retomar sua posição na nação. Enquanto
June aproveita para pressionar ainda mais Gilead e tentar recuperar a filha,
que agora está sendo treinada para se tornar uma esposa e pode ser forçada a
casar com um comandante a qualquer momento.
Depois de dois filmes adaptando
algumas das histórias mais famosas do detetive Hercule Poirot em Assassinato no Expresso do Oriente
(2017) e Morte no Nilo(2022), o
diretor Kenneth Branagh se desloca para um dos romances menos célebres do
detetive e um dos últimos escritos por Agatha Christie neste A Noite das Bruxas. A verdade é que o
filme basicamente só pega o título e a premissa de um assassinato cometido na
noite do Dia das Bruxas, todo resto é bem distante do material original.
Na trama, Poirot (Kenneth
Branagh) está vivendo em Veneza quando é convidado pela escritora Ariadne
Oliver (Tina Fey) a participar de uma sessão espírita em um prédio da cidade
tido como mal assombrado. A escritora espera que Poirot seja capaz de
desmascarar a suposta médium Reynolds (Michelle Yeoh), que diz ser capaz de se
comunicar com a filha morta da cantora de ópera Rowena Drake (Kelly Reilly). A
noite da sessão é marcada por uma forte chuva que os deixa presos no prédio e
assassinatos começam a acontecer.
Desenvolvido pela Sabotage, mesmo
estúdio responsável pelo ótimo The
Messenger, que misturava ação ao estilo Ninja
Gaiden com exploração metroidvania, Sea
of Stars é um RPG que homenageia produtos da era 16 bits como Chrono Trigger, Super Mario RPG ou Star Ocean.
Ao contrário de muitos games indie
que tentam esse tipo de construção referencial, Sea of Stars vai além da mera referência e cria um produto com
personalidade própria, cuja força da trama, construção de mitologia e mecânicas
de combate e exploração são bem mais do que uma colagem de elementos de games
de outrora.
A trama se passa no mesmo
universo de The Messenger, mas ele
não é necessário para entender a história, já que ela se passa séculos antes.
Claro, quem jogou The Messenger vai
apreciar como elementos do jogo, como o templo do sol e da lua ou os cristais
temporais ganham mais contexto aqui, mas não faz diferença no entendimento da
narrativa. Centrada em Valere e Zale, dois guerreiros nascidos no solstício e dotados
de poderes vindos da lua e do sol, respectivamente, que recebem a missão de
cruzar o mundo para derrotarem horrores abissais conhecidos como Residentes
para impedir o retorno do poderoso Fleshmancer.
Mais nova tentativa de um live action de suas animações clássicas,
A Pequena Sereia é mais uma animação
a usar tecnologia de ponta para recriar de maneira bastante realista o universo
submarino de sua protagonista. A exemplo de produções como o remake de O Rei Leão (2019) esse fotorrealismo
mais tira do que acrescenta à experiência.
Na trama Ariel (Halle Bailey) é
uma sereia sonhadora que anseia em conhecer o mundo da superfície apesar de seu
pai, o poderoso Rei Tritão (Javer Bardem) alertá-la dos perigos que os humanos
representam. Quando Ariel salva o príncipe Eric (Jonah Hauer King) ela se torna
ainda mais decidida em experimentar o modo de vida dos humanos. A sereia decide
aceitar um perigoso acordo com a bruxa do mar Ursula (Melissa McCarthy) para se
tornar humana, mas isso coloca os mares e a superfície em risco.
O filme recria o fundo do mar com
muita fidelidade e competência técnica, mas essa escolha por realismo faz o
reino submarino soar vazio, sem graça e desprovido de encantamento. Isso fica
evidente no número musical de Aqui no Mar,
uma das canções mais marcantes da animação que perde muito da sua energia e
deslumbramento porque as criaturas marinhas estão presas a se movimentarem como
criaturas marinhas. Se até o filme do Aquaman
(2018) conseguiu colocar um polvo tocando bateria, não vejo porque uma trama
mais lúdica e fantasiosa como A Pequena
Sereia deveria se prender tanto ao realismo.
Depois que o Superman de Zack Snyder dividiu opiniões com uma visão mais cínica sobre o personagem, a
impressão é que nos últimos anos a Warner vem tentado resgatar a imagem de um
Superman mais esperançoso, benevolente e mais humano. Isso se aplica ao
tratamento do personagem na série Superman
& Lois e também nesta nova série animada Minhas Aventuras com o Superman.
A trama acompanha os primeiros
anos de Clark Kent em Metropolis, iniciando como estagiário no Planeta Diário
ao lado do colega de faculdade Jimmy Olsen e conhecendo a intensa Lois Lane.
Clark, Jimmy e Lois logo se tornam amigos e se unem para investigar o
aparecimento de criminosos usando uma tecnologia extremamente avançada. Diante
da ameaça desses criminosos, Clark decide usar seus poderes para proteger a
cidade como Superman, mas isso o torna alvo dos militares.
Para quem tem alguma
familiaridade com o personagem muitos desdobramentos e reviravoltas são
relativamente previsíveis. É bem óbvio, por exemplo, que o misterioso general
investigando as ações do Superman é o general Sam Lane, pai de Lois. Do mesmo
modo, os sinais na tecnologia kryptoniana que ataca a Terra claramente indicam
a intervenção de Brainiac (ou algo similar) e não de Jor-El como Clark
acredita.
Considerando o péssimo histórico
de produções ocidentais que fazem adaptações live action de animes e mangás, como o recente Os Cavaleiros do Zodíaco: O Começo ou o pavoroso Dragonball Evolution (2009), não
esperava muita coisa deste One Piece: A
Série, que adapta a interminável obra de Eiichiro Oda. Depois de assistir a
produção da Netflix, confesso que achei...bom?!? Como assim? Que sensação
estranha é essa? Eu assisti um live
action de anime e gostei? Por essa eu não esperava.
Devo dizer que não sou um
profundo conhecedor de One Piece, com
meu contato com esse universo se limitando a games como One Piece Pirate Warriors ou One Piece Odyssey. Eu sei quem são os personagens e tenho alguma noção dos
principais arcos, mas não seria a melhor pessoa para dizer se é fiel ou não.
A trama segue a mesma premissa do
mangá e do anime. Luffy (Iñaki Godoy) deseja encontrar o mítico tesouro One
Piece e se tornar o Rei dos Piratas, para tal precisa encontrar uma tripulação
que tope cruzar a perigosa Grand Line ao seu lado. Ele encontra aliados em Zoro
(Mackenyu, que foi o Seiya no pavoroso live
action de Cavaleiros do Zodíaco)
e Nami (Emile Rudd), mas o caminho até a Grand Line é cheio de perigos e eles
encontrarão muitos obstáculos, seja na poderosa Marinha, que combate os piratas
com mão de ferro, seja em outros piratas que veem Luffy como um problema.
Se a maioria das adaptações
ocidentais de animes tenta inscrever seus universos e personagens em uma estética
realista, One Piece acerta em manter
tudo dentro de um regime cartunesco, mantendo as matizes saturadas, cabelos
coloridos e armas exageradas, deixando claro que estamos diante de um desenho
que ganhou vida ao invés de forçar esse universo em um regime estético que não
dá conta da inventividade visual do material original.
O texto também acerta na
construção da amizade entre o bando dos Chapéus de Palha, que aos poucos
aprendem a confiar um no outro. Os episódios dão espaço não apenas para que
eles se desenvolvam como um coletivo, mas também dando cenas isoladas com cada
um ao lado de cada companheiro (ou da maioria deles) permitindo que vejamos
como essas diferentes personalidades vão se ajustando umas as outras. Muito do
mérito vem também do elenco, no modo como Iñaki Godoy dá uma energia vibrante e
interminável a Luffy, Mackenyu traz uma sisudez estoica a Zoro ou como Emily
Rudd faz de Nami alguém que usa sua dubiedade moral e fachada durona para não
ter que se abrir aos outros.
A ação mantem o espírito das
lutas grandiloquentes do anime, com personagens como Luffy, Zoro ou Sanji (Taz
Skylar) despachando dezenas de inimigos de vez ou golpes que põem abaixo
prédios inteiros. Muito do motivo de tudo funcionar não é apenas a qualidade
dos efeitos visuais ou a energia das coreografias de luta, mas o já citado
regime visual cartunesco que faz tudo soar coeso. Mesmo poderes como as
habilidades elásticas de Luffy soam convincentes dentro do regime estético
excêntrico que a série adota para si e a linguagem corporal de Iñaki Godoy
ajuda a dar um senso de peso e movimento aos golpes do pirata, com Luffy
“engatilhando” os braços brevemente antes de esticá-los, como que fazendo um
movimento pendular para que eles tenham energia para chegar longe com bastante
força.
Como a temporada condensa todo o
arco de East Blue, é visível mesmo para um neófito que alguns eventos acontecem
rápido demais. Toda a batalha com Buggy (Jeff Ward) e a libertação da cidade
sob seu controle parece se resolver de maneira muito repentina, como se a série
precisasse resolver logo o conflito para partir para o seguinte. A velocidade
também faz alguns temas ficarem na superficialidade. O vilão Arlong (McKinley
Belcher) menciona como o Governo Mundial escravizou os homens-peixe e que mesmo
depois do fim da escravidão eles ainda são estigmatizados. É claramente uma
tentativa de fazer um paralelo com a escravidão e diáspora negra no mundo real
(o fato de Arlong ser interpretado por um ator negro não parece ser
coincidência), mas o texto não investe realmente nessas ideias, rapidamente
levando à batalha entre Luffy e Arlong, deixando de lado a discussão dessas
ideias.
Ainda assim, One Piece: A Série é uma competente adaptação live action que traz as batalhas empolgantes, senso de humor e
conexão emocional entre os protagonistas que tornaram o material original tão
longevo.
Parte de uma renascença recente
de beat’em upsTMNT: Shredder’s Revenge transitava bem entre a nostalgia pela
época de fliperamas e o desenho oitentista das Tartarugas Ninjas e uma
tentativa de agregar mecânicas mais contemporâneas ao gênero, com mais opções
de mobilidade, defesa e oportunidades de combos. Agora em sua primeira
expansão, intitulada Dimension Shellshock,
o jogo tenta trazer novos elementos para enriquecer a experiência.
As principais ofertas são os
novos personagens e modos. O DLC traz dois novos combatentes na forma do coelho
samurai Usagi Yojimbo e a ninja Karai. Ambos são bem diferentes entre si e
divertidos de usar, com Yojimbo sendo um lutador rápido e dotado de combos
aéreos enquanto Karai prima pela força e ataques com alcance mais amplo. Os
dois são diferentes o suficiente para valer retornar à campanha ou o modo
arcade para jogar com eles.
Boas comédias besteirol parecem
ter se perdido em Hollywood. Com um foco cada vez maior em produções de grande
orçamento, a impressão é que a indústria deixou de lado esse tipo de filme.
Claro, aqui e ali surgem coisas como A Noite do Jogo(2018), mas são ocorrências pontuais que tem aparecido a cada
punhado de anos. Este Que Horas Eu Te
Pego? tenta resgatar esse espírito de absurdo e falta de noção,
surpreendendo ao conseguir conciliar isso com momentos eficientes de emoção.
A trama é centrada em Maddie (Jennifer
Lawrence), uma mulher que nunca saiu de sua pequena cidade e está prestes a
perder a casa por dívidas com impostos municipais. Ela trabalha e roda como
motorista de aplicativo para levantar o dinheiro, mas quando seu carro é
guinchado tudo parece se complicar. É nesse momento que ela encontra um anúncio
de pais que buscam uma jovem para se relacionar com seu filho tímido,
oferecendo um carro como pagamento. Apesar da proposta estranha, ela vai
conhecer o rico casal Laird (Matthew Broderick) e Allison (Laura Benanti), pais
controladores que acham melhor que o filho, Percy (Andrew Barth Feldman), perca
a virgindade antes de ir para a faculdade. Assim, Maddie aceita seduzir o
rapaz.