A trama é protagonizada por Isabel (Monica Iozzi) uma roteirista que aspira se tornar autora de novelas. Seu sonho parece estar perto de virar realidade quanto ela passa a trabalhar para o renomado dramaturgo Lauro Valente (Miguel Falabella), que a encoraja a escrever sua própria novela. Acontece que Lauro rouba o trabalho de Isabel, passando como se fosse dele e produzindo a novela dela sob o nome de Rebote do Destino. Na festa de estreia da novela, Isabel se dispõe a revelar tudo para o público, mas em um acidente bizarro ela vai parar dentro do mundo da novela, tomando o lugar da mocinha Izabel, que era interpretada por Grazi (Maria Bopp), uma ex-participante de reality show. Dentro da novela, a presença de Isabel muda os rumos da trama e enquanto ela tenta encontrar um modo de sair, Lauro tenta encontrar um meio de retomar o controle da produção e justificar o que está acontecendo para os executivos da emissora.
A série celebra todo o labor que vai em fazer uma novela acontecer e toda a correria de bastidores para dar conta de uma produção que muda bastante conforme vai sendo exibido. O material é bem fiel ao caos real de bastidores conforme autores e diretores precisam ajustar os rumos da novela para atender demandas de público, emissora e anunciantes. Claro, é raro que a produção filme o capítulo no mesmo dia que vai ao ar como ocorre aqui, mas a série usa isso como um expediente para construir tensão e urgência na sua narrativa.
O conhecimento dos clichês típicos de telenovelas são usados por Isabel para tentar encurtar a trama na esperança de conseguir sair dali. Muito do humor da série gira em torno de piadas com essas convenções, como o irmão gêmeo há muito sumido, paternidades ou maternidades misteriosas, personagens que mudam de atitude do nada porque o autor precisa alongar um conflito ou inserções publicitárias pouco orgânicas à narrativa.
Quando investe nesse tipo de sátira, a série funciona bem, ainda que seu olhar satírico se prenda muito nesses elementos textuais e pouco nos elementos simbólicos das novelas, nunca mencionando como essas novelas muitas vezes produzem retratos estereotipados e preconceituosos ou como a visão da nossa sociedade é construída sob um olhar predominantemente sudestino. Considerando a sátira a qual a série se propõe, se prender aos clichês narrativos soa como um desperdício de potencial.
Fora de Isabel, a série acaba dando pouco espaço para os coadjuvantes. Excetuando Lauro os demais personagens raramente têm qualquer desenvolvimento ou tramas próprias. O episódio final até tenta trazer desfechos para cada um deles, como a reconciliação entre os atores interpretados por Herson Capri e Suzy Rego, mas como houve tão pouco tempo dedicado a eles, esses encerramentos carecem de impacto.
A série também apresenta uma série de elementos que acabam tendo pouca pertinência na trama. A descoberta de Isabel de que uma das figurantes é também uma humana presa dentro da novela inicialmente parece ser uma reviravolta significativa, mas a tal figurante acaba reduzida a um papel expositivo, explicando como funciona aquele universo de realismo fantástico, sem muita pertinência para o andamento da trama em si. Claro, é uma personagem que pode ser mais importante em temporadas futuras, já que a série deixa ganchos para continuar, mas isso não deveria ser usado para justificar a inserção de uma personagem que não terá muita utilidade no presente. O gancho me deixou curioso para uma segunda temporada, embora essa é o tipo de série que não pode se alongar demais sem virar uma bagunça.
Assim, Novela é uma divertida sátira do universo das telenovelas, servindo
também como uma celebração dessa forma de teledramaturgia e divertindo pelo
modo como brinca com os clichês desse tipo de produção.
Nota: 7/10
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