A trama é centrada em Maddie (Jennifer Lawrence), uma mulher que nunca saiu de sua pequena cidade e está prestes a perder a casa por dívidas com impostos municipais. Ela trabalha e roda como motorista de aplicativo para levantar o dinheiro, mas quando seu carro é guinchado tudo parece se complicar. É nesse momento que ela encontra um anúncio de pais que buscam uma jovem para se relacionar com seu filho tímido, oferecendo um carro como pagamento. Apesar da proposta estranha, ela vai conhecer o rico casal Laird (Matthew Broderick) e Allison (Laura Benanti), pais controladores que acham melhor que o filho, Percy (Andrew Barth Feldman), perca a virgindade antes de ir para a faculdade. Assim, Maddie aceita seduzir o rapaz.
Muito do humor vem das maneiras desastradas com as quais Maddie tenta seduzir Percy, falhando miseravelmente e gerando consequências hilárias, como a carona que ela oferece para ele em uma van, terminando com o rapaz jogando spray de pimenta no rosto dela. Quando não é Maddie que falha, o flerte não dá certo por conta da conduta neurótica de Percy, que não relaxa o suficiente para se deixar levar pelo momento. É um tipo de humor de constrangimento que nem todo mundo aprecia porque de fato gera muita vergonha alheia, mas quando funciona, como é o caso aqui, pode ser bem engraçado. O filme também tem momentos de puro absurdo, como a cena em que Maddie sai pelada do mar para brigar com os três adolescentes que tentam roubar suas roupas, resultando em uma das lutas mais malucas da minha memória recente.
Apesar de toda a maluquice, a narrativa também pondera sobre os efeitos de pais controladores e como isso cria uma pessoa completamente despreparada para o mundo. Apesar de ser maior de idade, Percy é monitorado pelos pais o tempo todo e foi controlado por eles a vida inteira, se habituando a não tomar decisões e ser guiado por outros, incapaz de ter qualquer iniciativa ou decisão própria. Há também um comentário sobre como a juventude atual é tão imersa em meios digitais que esquece do mundo a sua volta, algo evidenciado na cena da festa em que Maddie se perde de Percy e ao procurar o jovem vai checando cada quarto apenas para encontrar jovens olhando seus celulares, ficando surpresa por ninguém estar transando em uma festa universitária.
O texto ainda acerta ao não construir um envolvimento romântico entre Maddie e Percy, deixando-os como amigos que aprendem com o outro a superar suas limitações e se ajudam a sair da estagnação em que se encontram. Claro, esse percurso de aprendizado é relativamente previsível, mas é bem desenvolvido o bastante e tem emoção suficiente por parte de Lawrence e Feldman para funcionar.
Que Horas Eu Te Pego? se mostra, portanto, uma divertida comédia
que não tem medo de abraçar o exagero sem, no entanto, abrir mão de estabelecer
conexões entre seus personagens e refletir sobre como temos dificuldade de sair
de nossas zonas de conforto.
Nota: 7/10
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