A trama acompanha Oh Dae-Su (Choi Min-Sik) um homem relativamente patético que é sequestrado depois de uma noite de bebedeira. Dae-Su passa quinze anos preso em um minúsculo apartamento sem saber o que seus captores querem com ele, quando será solto ou o motivo de ter sido capturado. Quando misteriosamente acorda fora do cativeiro, ele busca se vingar daqueles que o prenderam, conseguindo ajuda da jovem Mi-do (Kang Hye-Jeong) para investigar seu passado. O problema é que os captores de Dae-Su parecem observá-lo de perto e a oportunidade de vingança soa como uma grande armadilha.
A cena inicial é eficiente em mostrar Dae-Su como um sujeito patético e incapaz. Preso por arrumar confusão bêbado, ele passa vergonha em uma delegacia tentando brigar, choramingando ou tentando jogar conversa fora. Isso é eficiente em nos deixar com pena dele quando é inevitavelmente preso e nos mantem investidos em sua busca por um motivo para tudo aquilo. A cena inicial também serve como um contraste para o que o protagonista se torna depois de sair do cativeiro. Sem interações humanas por mais de uma década, Dae-Su se torna um ser animalesco, um monstro como ele mesmo se define, algo evidenciado pela cena em que ele cheira e toca a primeira pessoa que vê, como se fosse um cachorro, ou o momento em que come um polvo vivo.
Esse processo de bestalização de Dae-Su também se faz presente nas cenas de ação, que evitam coreografias espetacularizadas em focam em uma dinâmica mais caótica e mais reminiscente de brigas de rua. Embates que não tem grande técnica, mas com muita fúria e brutalidade. Em nenhum momento isso transparece mais do que na já famosa cena da luta no corredor em que Dae-Su enfrenta dezenas de capangas em um único plano-sequência com travelling lateral que demonstra tanto a resiliência do protagonista como a violência crua desse universo em uma luta que segue por quase oito minutos sem cortes. Um dos momentos mais lembrados do filme tanto pelo seu impacto quanto pela complexidade técnica de encenar uma luta tão caótica de uma vez só mantendo a impressão de uma briga descontrolada e não de algo coreografado.
A violência também se manifesta de outras maneiras, como nas torturas às quais Dae-Su submete seus alvos, a exemplo da cena incomodamente explícita em que ele arranca os dentes de um sujeito usando um martelo ou quando o protagonista corta a própria língua ao final. Toda essa brutalidade desemboca em revelações que viram ao avesso a jornada de vingança de Dae-Su. Ao confrontar o responsável por seu cativeiro as revelações sobre o que aconteceu nos quinze anos em que ficou cativo e o destino da filha de Dae-Su, o que alcançamos não é uma catarse, mas uma realização de como a vida do protagonista foi corrompida para além de seus piores pesadelos e que viver com essas novas informações na consciência seria ainda pior do que o tempo em cativeiro. Na verdade, ao final, Dae-Su vive um cativeiro da própria mente. A revelação do porquê o vilão fez tudo aquilo com Dae-Su também serve como um lembrete de como pequenas ações podem ter grandes consequências e um pequeno boato pode acabar com alguém.
Oldboy é um conto brutal sobre vingança que transforma seu excesso
em sua principal qualidade ao conferir uma energia intensa à jornada de seu
protagonista.
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