Conforme a investigação progride, o que parecia ser um crime brutal e inexplicável vai aos poucos se conectando com negócios escusos da elite da cidade, traficantes de drogas e a própria polícia ao ponto em que Nichols não sabe em quem confiar, já que até a família de sua esposa, Judy (Alicia Silverstone), parece estar envolvida. Se no início o brutal assassinato dá a impressão de uma intenção específica, como se fosse um trabalho de serial killer, as coisas vão se tornando mais banais conforme a verdade começa a aparecer e todo o pano de fundo de corrupção policial se torna mundano demais diante de toda a atmosfera soturna que o filme tenta construir.
Não ajuda que a narrativa gaste muito tempo com dois suspeitos que tem tanta cara de culpados que são obviamente despistes na forma do ex-namorado viciado da vítima e do paranoico Eli (Michael Pitt). Os dois são sujeitos tão exageradamente problemáticos que chega a ser evidente que são meros despistes. Do mesmo modo, Justin Timberlake é tão pouco sutil na composição de Will que é evidente desde o início que ele esconde uma faceta mais sombria. Com isso, o mistério nunca soa envolvente como deveria.
Benicio del Toro confere uma intensidade silenciosa a Nichols, um homem dedicado ao seu trabalho e que tenta fazer tudo da maneira correta, mas cuja honestidade o coloca em problemas, algo que fica evidente na cena em que ele diz para a esposa que ama a profissão que tem, mas que a profissão não o ama de volta. A questão é que mesmo o trabalho de del Toro não é suficiente para contornar o fato de que que todo o arco de Nichols é o velho clichê do policial honesto enfrentando um manancial de corrupção sem nada que já não tenhamos visto.
A produção até consegue construir alguns momentos eficientes de suspense, como o tiroteio do clímax, mas no geral tudo soa como uma tentativa de remeter aos trabalhos de David Fincher sem, no entanto, o senso de pavor e ambiguidade que tornam os filmes do diretor tão marcantes. Estilisticamente é relativamente derivativo e sem personalidade. Isso, somado à trama pouco envolvente cujo mistério é conduzido sem sutileza faz de Camaleões uma produção que não tem nada que desperte nosso interesse.
Nota: 5/10
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