O longa conta a história das videolocadoras a partir dos casos da cidade de São Paulo, mostrando como o negócio começou de maneira informal, com pessoas trazendo filmes de fora e copiando uns dos outros para montarem suas locadoras até a eventual derrocada para os streamings nos últimos anos. Em meio a isso tudo o ramo viveu a profissionalização e combate à pirataria, a revolução do DVD, a concorrência de franquias estrangeiras como a Blockbuster Video e uma série de outras coisas.
O documentário nos lembra de como as videolocadoras serviam como a expansão da experiência compartilhada da sala de cinema, com clientes e funcionários constantemente interagindo, conversando sobre filmes e possibilitando a formação de comunidades cinéfilas. Claro, as redes sociais ainda permitem diálogo, mas dada a natureza algorítmica das recomendações das timelines, o debate online muitas vezes vai para extremos pouco produtivos e com o fim das locadoras muito dessa rede de conversas e amizades se perde um pouco.
Do mesmo modo, a produção, em especial em seu desfecho, nos lembra da importância das locadoras e da mídia física em si como espaços de preservação de acervo e memória. Tal como bibliotecas, os filmes em mídia física estão ali sempre disponíveis, inclusive produções que há tempos não são relançadas. Impedindo que muitas produções não desapareçam, um cuidado que serviços de streaming não possuem, tirando de catálogo até mesmo produções próprias. Inclusive penso que o documentário poderia ser mais contundente nessa crítica ao descaso dos streamings com preservação e disponibilidade de acervo, algo que sempre foi um ponto forte das locadoras.
Por mais que o documentário apresente um importantíssimo registro histórico de um período de expansão do mercado audiovisual brasileiro, a produção peca por uma estrutura excessivamente convencional, se constituindo basicamente de uma série de entrevistas em planos estáticos, ocasionalmente intercaladas com imagens de arquivo. Ao se construir quase que inteiramente ao redor de entrevistas, o filme se torna um tanto repetitivo e maçante, já que existem poucos respiros à constante exposição de informação dos entrevistados.
Ainda assim, Cinemagia: A História das Videolocadoras de São Paulo é um
importante lembrete da importância cultural das videolocadoras.
Nota: 6/10
Trailer
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