segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Crítica – Invencível: Segunda Temporada (Parte 1)

 

Análise Crítica – Invencível: Segunda Temporada (Parte 1)

Review – Invincible: Segunda Temporada (Parte 1)
Depois de um hiato de quase dois anos após sua primeira temporada, a animação Invencível chega ao seu segundo ano com uma divisão em duas partes, com os primeiros quatro episódios sendo lançados agora em novembro de 2023 e a segunda parte chegando em algum momento no início de 2024. A decisão foi tomada supostamente para que o público não se dispersasse por conta das festas de fim ano, um raciocínio que não faz sentido considerando que se trata de uma produção de streaming e não de TV convencional, que é exibida em um horário específico e requer que as pessoas sintonizem naquele momento. Digo isso porque a trama claramente não foi construída pensando em uma divisão.

A narrativa se passa cerca de seis meses depois dos eventos do ano de estreia, Mark e mãe, Debbie, ainda lidam com os sentimentos resultantes do ataque do Omni-Man e a revelação que ele veio à Terra para conquistá-la. Enquanto isso, o Robô se acostuma ao seu novo corpo e treina os Guardiões do Globo para estarem à altura de enfrentarem Omni-Man em um eventual retorno. Eve Atômica, por sua vez, pensa em como usar seus poderes para ajudar as pessoas agora que não é mais uma super-heroína enfrentando vilões.

Os quatro episódios transitam pelas histórias desses vários núcleos de personagem que mal se tocam e dá a sensação de algo difuso, em busca de um rumo para sua trama e sem um fio condutor que unifique todos esses personagens como acontecia no ano de estreia. Muitos personagens são introduzidos e somem pelo resto dos episódios, como o vilão Angstrom Levy, cuja origem é contada no primeiro episódio e depois disso ele não volta a aparecer. Claro, ele certamente voltará na segunda metade da temporada, mas a questão é: se ele não seria relevante nessa primeira metade, porque introduzi-lo agora? É bem provável que isso tenha acontecido porque a temporada não foi pensada para ser dividida em duas.

Apesar da impressão de falta de foco, essa primeira metade estabelece bem os conflitos emocionais de cada personagem. Mark tenta provar a Cecil que não é igual ao pai e se submete a seguir todas as regras impostas por ele. Aos poucos, porém, o herói percebe que ceder ao pragmatismo frio de Cecil em todas as ocasiões o tornaria exatamente a ferramenta desumana que ele tanto ressente o pai por ser. Debbie vive o luto de descobrir que toda sua vida e relacionamento com Nolan/Omni-Man foi uma mentira, tentando encontrar um caminho adiante. Ao participar de um grupo de apoio para cônjuges de heróis ela não apenas expõe a dor silenciosa que não poderia compartilhar com outras pessoas como também tem acesso a uma dimensão ainda mais pessoal da brutalidade de Nolan ao ouvir os relatos dos parentes de heróis que ele matou.

Agora com um corpo humano o Robô/Rudy, lida com sensações que ele não tinha antes, incluindo o medo de morrer, já que agora ele não pode mais simplesmente jogar sua consciência em diferentes corpos robóticos. Na sua busca por se conectar com a humanidade que perdera, ele se aproxima ainda mais da Monster Girl, estabelecendo uma dinâmica romântica que a trama parece não saber direito como lidar por conta da aparência infantil dos dois apesar de ambos serem adultos. Considerando que a série não se furta a mostrar todo tipo de violência gráfica e criatura bizarra, é estranho que pareça se melindrar em explorar a relação desses dois personagens e as implicações de tudo isso.

A ação continua tão intensa e brutal quanto em seu ano de estreia, com embates grandiosos que mostram o alcance do poder de heróis e vilões, como a luta entre Mark e uma criatura submarina ou o combate final dessa primeira parte que envolve uma luta com dois soldados viltrumitas, mostrando o quanto essa raça guerreira é poderosa, implacável e difícil de matar. A ação constantemente explora as possibilidades criativas das habilidades de seus personagens, a exemplo de como Angstrom usa seus portais dimensionais no primeiro episódio ou na maneira que uma viltrumita luta com uma lâmina acoplada na trança de seu cabelo.

O desfecho dessa primeira parte soa mais como uma interrupção de uma história que começara a ganhar fôlego do que como o fechamento de um primeiro arco. Na verdade, não há exatamente um arco aqui e imagino que as tramas só irão se completar e fazer sentido quando terminarmos a segunda parte. Apesar de uma narrativa que carece de um fio condutor para lhe guiar, essa primeira parte da segunda temporada de Invencível acerta em seus esforços de desenvolver seus personagens e nas cenas de ação intensa.

 

Nota: 7/10


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