A história é a mesma do anime e do mangá. Yusuke Urameshi (Takumi Kitamura) é um valentão que não se importa muito com escola, mas tem um bom coração. Quando ele se coloca na frente de um caminhão e morre para evitar que uma criança seja atropelada, o governante do mundo dos mortos, Koenma (Keita Machida), lhe dá a chance de retornar ao mundo dos vivos como um detetive sobrenatural para enfrentar yokais que saíram do mundo espiritual para atormentar os humanos.
Inicialmente parece que essa primeira temporada irá adaptar o arco do detetive sobrenatural, a primeira grande saga do material original. Nos últimos episódios, porém, a série mescla o resgate a Yukina, que seria o clímax do primeiro arco, com o arco do torneio das trevas, basicamente cobrindo metade do anime em apenas cinco episódios de cerca de cinquenta minutos cada. Logicamente é muito pouco para dar conta de quatro protagonistas, as relações entre eles, com os coadjuvantes importantes e a rivalidade com certos vilões como o Toguro (Go Ayano).
A série até desenvolve bem a relação de rivalidade/amizade entre Yusuke e Kuwabara (Shuhei Uesugi), mostrando que há um respeito mútuo apesar de todas as disputas entre eles. Takumi Kitamura acerta na personalidade abrasiva, mas fundamentalmente bem intencionada de Yusuke fazendo dele um vagabundo com coração de ouro. Por outro lado, Hiei (Kanata Hongo) e Kurama (Jun Shison) tem pouquíssimo espaço e a série só explora a superfície desses personagens.
O mesmo pode ser dito da relação entre Yusuke e a mestra Genkai, que aparece em apenas um episódio antes de ser eliminada por Toguro. Como não tivemos tempo para conviver com a personagem, sua morte e a repercussão que isso tem sobre Yusuke mais adiante não impactam como deveriam. Do mesmo modo, ao mesclar o resgate por Yukina e o torneio das trevas em uma história só significa que a rivalidade entre Yusuke e Toguro nunca é permitida de atingir a intensidade do anime e do mangá. Apesar da narrativa e da ação mostrarem o temível poder do vilão, não é possível afastar a impressão de que a série encerra muito cedo a história de um antagonista que podia render mais. Outro problema é que o crescimento do poder de Yusuke, que é gradual no anime e mangá ao longo dos dois arcos que a série cobre, soa muito súbito aqui e não devidamente merecido.
O grande acerto da série é no modo como conduz as cenas de ação. Trazendo intensidade e abraçando sem medo o exagero cartunesco, as lutas mostram bem o poder imenso dos seres sobrenaturais que Yusuke e companhia enfrentam. As lutas se beneficiam pelo uso de planos sequência que nos permitem acompanhar as façanhas desses personagens, ilustrando bem a força e a velocidade de cada ataque. A luta final contra Toguro nos faz sentir como se os heróis estivessem de fato diante de uma força irrefreável. As cenas de ação funcionam muito bem para dar a impressão de que estamos diante de um anime com pessoas de carne e osso, mesmo quando os efeitos visuais, como aqueles que criam a forma de 100% de poder do Toguro, nem sempre sejam dos melhores.
Preciso também mencionar o acerto que foi manter boa parte das vozes brasileiras do anime na dublagem e a escolha por manter várias expressões idiomáticas brasileiras que a dublagem do anime usava. Essas escolhas servem para construir o senso de malandragem e sabedoria “das ruas” do Yusuke e fazem um ótimo trabalho em construir a personalidade do protagonista adaptando-a a nossa linguagem.
Assim, Yu Yu Hakusho apresenta
ótimas cenas de ação e uma boa construção de seu protagonista, ainda que
sacrifique o desenvolvimento dos demais personagens ao tentar cobrir quase
metade do anime em menos de meia dúzia de episódios.
Nota: 6/10
Trailer
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