sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Crítica - Dragon Age: The Veilguard

 

Análise Crítica - Dragon Age: The Veilguard

Review - Dragon Age: The Veilguard
Assim que saíram os primeiros trailers de Dragon Age: The Veilguard eu não fiquei muito animado. Depois de quase dez anos no limbo após Dragon Age: Inquisition o jogo que anteriormente se chamaria Dragon Age: The Dread Wolf tinha sido rebatizado e exibia uma direção de arte mais cartunesca e um clima mais aventureiro que o distanciava da fantasia sombria de outrora, assim como a jogabilidade adotava mais uma estrutura de RPG de ação do que o combate tático de antes. Estava pronto para não gostar, mas a verdade é que ao longo das minhas cinquenta horas com Dragon Age: The Veilguard percebi que quanto mais analisava o jogo pelo que ele se propunha a ser e não pelo que eu queria que ele fosse, mais ele crescia aos meus olhos.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Crítica – Detetive Alex Cross

 

Análise Crítica – Detetive Alex Cross

Review – Detetive Alex Cross
Criado na literatura pelo escritor James Patterson, o detetive Alex Cross já está a algum tempo na mira Hollywood, mas os resultados dessas adaptações variavam entre o morno, com os filmes estrelados por Morgan Freeman Beijos que Matam (1997) e Na Teia da Aranha, e o péssimo, com A Sombra do Inimigo (2012), que trazia Tyler Perry como Alex Cross. Talvez o problema tenha sido adaptar os romances de Patterson como filmes e não como séries, já que Detetive Alex Cross mostra que o personagem funciona melhor nesse formato.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Crítica – Wicked

 

Análise Crítica – Wicked

Review – Wicked
Na Broadway, o musical Wicked trazia uma interessante releitura para a mitologia do universo de O Mágico de Oz, ponderando como sobre o perigo de ouvir apenas um lado da história e como isso resulta em maniqueísmos injustos. Fiquei curioso com o anúncio de uma adaptação para cinemas, principalmente pela escolha de dividir o musical em duas partes, que evitaria ter que condensar demais a narrativa e prejudicar a construção dos personagens e conflitos, como aconteceu em Caminhos da Floresta (2014). Sim, esse filme é só a primeira metade da história.

Metáforas da diferença

A narrativa começa com a derrota da bruxa Elphaba (Cynthia Erivo) no filme de O Mágico de Oz e enquanto a terra de Oz comemora a sua morte, Glinda (Ariana Grande), a bruxa boa, relembra o passado das duas e como ninguém nasce naturalmente maligno. Acompanhamos então a juventude das duas e como elas estudaram juntas para se tornarem feiticeiras, com Elphaba sempre demonstrando uma aptidão natural para magia enquanto Glinda não tinha o mesmo talento embora desejasse dominar a magia. As habilidades de Elphaba chamam a atenção da professora Morrible (Michelle Yeoh), que a consideram capaz de ajudar o grande Mágico de Oz (Jeff Goldblum), embora a aparência verde de Elphaba desperta preconceito e intolerância nos colegas.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Crítica – Tesouro

 

Análise Crítica – Tesouro

Review – Tesouro
Adaptando um romance escrito por Lily Brett este Tesouro tenta ser simultaneamente um road movie sobre pai e filha se reconectando depois da morte da mãe e um exame sobre a memória do Holocausto e as consequências do antissemitismo. Nem sempre ele se sai bem nas duas coisas, funcionando melhor na dimensão familiar do que no exame histórico.

Viagem em família

A narrativa se passa em 1990 e acompanha a jornalista Ruth (Lena Dunham) que viaja à Polônia para conhecer a cidade em que os pais cresceram. Ela é acompanhada pelo pai, Edek (Stephen Fry), um octogenário sobrevivente do Holocausto. Os dois se afastaram depois da morte da mãe de Ruth, então a viagem é também uma tentativa dos dois em se reaproximarem. De início Edek reluta em voltar para sua antiga cidade, mas o retorno acaba despertando nele sentimentos que havia esquecido.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Crítica – Cobra Kai: Sexta Temporada Parte 2

 

Análise Crítica – Cobra Kai: Sexta Temporada Parte 2

Review – Cobra Kai: Sexta Temporada Parte 2
A impressão ao assistir essa segunda parte da temporada final de Cobra Kai é estar diante de alguém que já sofreu morte cerebral, mas a família se recusa a desligar os aparelhos e aceitar que acabou. Não apenas a trama já não tinha mais para onde ir, algo que mencionei quando escrevi sobre a primeira parte, como essa segunda parte se recusa a encerrar a história e prolonga a série para mais uma terceira leva de episódios que não tem mais qualquer razão para ter se alongado tanto.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Drops – Corte no Tempo

 

Crítica – Corte no Tempo

Review – Corte no Tempo
Uma adolescente volta ao passado para impedir um serial killer de matar um ente querido e no processo aprende mais sobre o passado de sua família. Essa era a premissa de Dezesseis Facadas (2023) e que é repetida neste Corte no Tempo, mas sem o humor ou o gore da produção de 2023.

Mortes sem impacto

A trama é protagonizada por Lucy (Madison Bailey, de Outer Banks), uma garota que acidentalmente viaja no tempo para 2003, dias antes da irmã mais velha, Summer (Antonia Gentry, de Ginny & Georgia) ser assassinada. Presa no passado, ela precisa encontrar um meio de retornar ao presente ao mesmo tempo em que busca um meio de impedir a morte da irmã.

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Crítica – A Extraordinária Vida de Ibelin

 

Análise Crítica – A Extraordinária Vida de Ibelin

Review – A Extraordinária Vida de Ibelin
É curioso como só conhecemos certas facetas de entes queridos depois que eles falecem. O documentário A Extraordinária Vida de Ibelin explora esse sentimento ao contar a história de Mats Steen, um jovem norueguês que morreu aos vinte e poucos anos por conta de uma doença muscular degenerativa. Seus pais achavam que a vida dele tinha sido só sofrimento por conta de seus problemas de saúde e de estar preso em uma cadeira de rodas, conseguindo mexer apenas os dedos, mas depois de seu falecimento descobriram que ele tinha uma enorme rede de amigos, paixões e apoiadores dentro do jogo World of Warcraft e perceberam que a vida do filho não tinha sido tão solitária quanto pensavam ser.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Crítica – Gladiador 2

 

Análise Crítica – Gladiador 2

Review – Gladiador 2
Não creio que ninguém que tenha assistido Gladiador (2000) tenha saído do filme pensando “nossa, mal posso esperar por uma continuação que conte a história do filho do protagonista”, mas mesmo sem ninguém querer ou que fosse necessário para amarrar qualquer ponta da história que Ridley Scott contou há mais de vinte anos atrás, Gladiador 2 está entre nós. Não faz a menor diferença, não precisava existir, mas não é exatamente ruim.

Ecos da eternidade

A narrativa é centrada em Lucius (Paul Mescal), filho de Lucilla (Connie Nielsen) e Maximus (Russell Crowe) do primeiro filme. Para ser mantido em segurança Lucius foi mandado para longe e se tornou um guerreiro no norte da África. Quando suas terras são conquistadas por Roma e sua esposa é morta pelo general Acacius (Pedro Pascal) ele é vendido como escravo e usado como gladiador pelo inescrupuloso Macrinus (Denzel Washington). Agora Lucius retorna à Roma para se vingar do general e dos cruéis imperadores Geta (Joseph Quinn, de Stranger Things) e Caracalla (Fred Hechinger).

É basicamente a mesma premissa do primeiro filme, mas tudo é duplicado. Ao invés de um guerreiro que luta por vingança e para restaurar a justiça em Roma temos essas motivações divididas entre Lucius e Acacius. Ao invés de um imperador imaturo e sádico temos dois em Geta e Caracalla, mas de resto é a mesma história sobre defender “o sonho de Roma” que embalou a história trágica de Maximus.

Repetição também está no trabalho do elenco ainda que entreguem performances competentes. Denzel Washington devora o cenário ao interpretar Macrinus como uma versão romana e com mais joias do que um bicheiro carioca de seu Alonzo de Dia de Treinamento (2001). Macrinus é um sujeito ardiloso, que joga em vários lados sempre visando o ganho pessoal e está sempre a frente dos oponentes, como se ele estivesse jogando xadrez enquanto os demais jogassem damas. É um personagem que domina cada cena em que está, mas a essa altura da carreira Washington o interpretaria com as mãos amarradas nas costas. Connie Nielsen traz a mesma dignidade e altivez a Lucille que apresentava no original, enquanto Pedro Pascal traz um misto de honra e desilusão a Acacius.

Os dois imperadores, por outro lado são tão histriônicos que pendem para a caricatura. Joseph Quinn se sai um pouco melhor ao conseguir injetar algum mínimo grau de humanidade a Geta, mas o Caracalla de Fred Hirchinger passa do ponto do exagero e soa como um vilão de desenho animado. Sim, eu entendo que ele deveria ser um sujeito louco com o cérebro carcomido pela sífilis, mas mesmo entre toda essa loucura há uma pessoa ali (pensem em Forrest Whitaker como Idi Amin em O Último Rei da Escócia) e o trabalho de Hirchinger é tão exagerado ao ponto de soar falso.

Arena Mortal

O primeiro filme foi alvo de críticas por sua falta de precisão histórica, algo que nunca me incomodou pessoalmente, mas aqui Scott desvia tanto da realidade que o filme praticamente entra no domínio da fantasia. Digo isso não apenas por sua trama se povoada por muitos personagens ficcionais, mas por uma série de eventos que transcorrem, principalmente dentro da arena do Coliseu. Aqui vemos batalhas com rinocerontes, uma batalha naval com direito a tubarões nadando na arena uma série de outras ocorrências que qualquer leigo é capaz de dizer que se trata de liberdades artísticas.

Não que a ação seja ruim, pelo contrário, ela é um dos pontos altos do filme. Essas liberdades que Scott toma servem para evidenciar ainda mais a opulência e desigualdade de sua Roma corrompida que gastava horrores com esses jogos no Coliseu enquanto a população ficava à míngua e os espetáculos brutais serviam como uma distração para essa miséria. A condução de Scott é eficiente em construir o senso de escala dessas e o caos brutal desses embates. São lutas vencidas tanto na estratégia quanto na força e cujas consequências sangrentas o filme faz questão de exibir. Seja nas batalhas mais grandiosas ou em duelos mais íntimos, como na luta entre Lucius e Acacius, a produção instila uma energia intensa na ação e um senso de que Lucius e outros personagens passam por um risco palpável de serem derrotados. O senso de grandiosidade e de tragédia também é construído pela música, inclusive com o uso de faixas da trilha do primeiro filme como Now We Are Free de Hans Zimmer cuja melodia dá senso da jornada grandiosa de seus personagens enquanto os vocais de Lisa Gerrard, cuja letra menciona liberdade, constrói a dimensão transcendental e trágica dessa história.

É por conta desse senso de grandiosidade da ação e pelo trabalho do elenco que Gladiador 2 consegue oferecer algo de interessante ainda que não tenha nada que Ridley Scott já não fez melhor antes. De certa forma é como ver aquela banda que você gosta e que já não toca como antes sair em uma turnê cantando seus melhores sucessos. É bacana, mas você sabe que é uma reprodução menor do que veio antes.

 

Nota: 7/10


Trailer

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Crítica – Pinguim

 

Análise Crítica – Pinguim

Review – Pinguim
O anúncio de que o recente Batman (2022) ganharia uma série derivada centrada no Pinguim (Colin Farrell) não me soava muito interessante. Parecia mais o tipo de tentativa de forçar mais um universo compartilhado cheio de spin offs do que algo que partia de alguma premissa interessante. Os primeiros episódios de Pinguim reforçaram um pouco essa impressão, já que apesar de um drama competente, tudo soava muito derivativo. O protagonista, com seu ego instável, sociopatia violenta, relação tóxica com a mãe e Complexo de Édipo mal resolvido remetiam tanto ao Tony Soprano que a série parecia ser basicamente um Família Soprano situado no universo do Batman.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Crítica – Herege

 

Análise Crítica – Herege

Review – Herege
Aproveitando sua boa fase como vilão nos filmes do Paddington ou no divertido e pouco visto Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes (2023), Hugh Grant resolve fazer um vilão de terror neste Herege. A produção visa ser um questionamento sobre fé e instituições religiosas conta a história de duas missionárias mórmons, Barnes (Sophie Tatcher) e Paxton (Chloe East), que se veem presas na casa do estranho Sr. Reed (Hugh Grant) depois dele convidá-las para falar mais do mormonismo. Na casa, Reed irá testar as convicções delas em situações que começam desconfortáveis, se tornam tensas e logo se transformam em desafios mortais.

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Crítica – The First Slam Dunk

 

Análise Crítica – The First Slam Dunk

Review – The First Slam Dunk
Apesar do título, The First Slam Dunk não é um prelúdio para a história do anime/mangá Slam Dunk de Takehiko Inoue. Na verdade, ele é uma espécie de continuação do anime ao adaptar o último arco do mangá e mostrar a partida decisiva entre os protagonistas do colégio Shohoku e os rivais do colégio Sannoh. De partida isso pode afastar novatos a este universo, já que encontramos esses personagens e suas relações plenamente desenvolvidos, mas o filme, dirigido pelo próprio Inoue em sua estreia como realizador de cinema, consegue funcionar como uma ótima introdução a Slam Dunk.

Vidas em jogo

A narrativa se passa durante a partida derradeira entre Shohoku e Sannoh e ao logo do jogo volta algumas vezes ao passado dos protagonistas para construir suas histórias e o que está em disputa para cada um naquela partida numa estrutura similar a Rivais (2024). Se o anime e mangá eram protagonizados pelo jovem delinquente Sakuragi, que entrava para um time de basquete para se aproximar de uma garota de quem gostava, aqui o foco da narrativa é Ryota, um armador de baixa estatura, mas muito ágil.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Crítica – Operação Natal

 

Análise Crítica – Operação Natal

Review – Operação Natal
Não esperava muita coisa de Operação Natal. O trailer dava a impressão de um blockbuster genérico, feito para cumprir a cota de filmes natalinos do ano, mas o resultado é uma aventura divertida, que cria um universo interessante e tem um inesperado calor humano. Além do mais, em um ambiente em que praticamente todos os blockbusters são continuações de franquias longevas ou pertencem a algum universo compartilhado, é um alívio enorme assistir um filme-pipoca que não te cobra o “dever de casa” de ter acompanhado meia dúzia de outros filmes, séries e spin-offs para conseguir minimamente se situar na narrativa. É bom ver que Hollywood ainda sabe fazer filmes que você pode simplesmente sentar e se divertir.

Papai Noel em perigo

A trama é centrada em Cal (Dwayne “The Rock” Johnson), o guarda-costas pessoal do Papai Noel (J.K Simmons). Ele está prestes a se aposentar por estar descrente com a humanidade, cuja lista de pessoas malvadas já superou a de pessoas boazinhas. No seu último dia de trabalho, Noel é sequestrado e a única pista é o hacker que ajudou os sequestradores a encontrarem a fábrica do Papai Noel. Assim, Jack (Chris Evans), que nunca acreditou em Papai Noel, é arrastado por Cal para descobrir o paradeiro do bom velhinho.

De certa forma é uma trama bem esquemática. Uma dupla de personalidades opostas, com Cal sendo o sisudo focado na missão enquanto Jack é um malandro que tenta resolver tudo na lábia e sempre busca tirar vantagem. É claro que ao longo da trama eles irão aprender algo um com o outro e Jack, que está na lista dos malcriados desde criança, vai aprender a ser bonzinho e se reaproximar do filho com quem tem pouco contato. É previsível, mas funciona pelo carisma do elenco.

Chris Evans é bem divertido fazendo um canalha de bom coração que aos poucos aprende a importância de formar laços com outras pessoas enquanto Johnson funciona como o contraponto mais sério à personalidade escorregadia de Jack. Evans inclusive encontra momentos de emoção genuína nas conversas entre Jack e o filho durante o clímax. J.K Simmons traz a Noel uma presença que é simultaneamente marcante e humilde. É um sujeito que demonstra um grande poder, mas uma medida similar de benevolência e afeto.

Universo fantasioso

A produção é criativa na construção de seu universo em que seres mitológicos vivem ocultos em meio ao nosso mundo, com uma agência secreta que mantem a paz entre seres lideradas pela expediente Zoe (Lucy Liu). Cal, por exemplo, consegue se mover rapidamente para qualquer lugar do mundo usando uma rede de portais que são acessados em qualquer loja de brinquedos e uma manopla que pode transformar qualquer brinquedo em um objeto real, como transformar um carrinho em miniatura em um carro de verdade. Sim, esses momentos muitas vezes servem de publicidade para algumas marcas de brinquedos, mas não deixam de gerar alguns momentos divertidos.

O filme também acerta nas cenas de ação e como usa diferentes criaturas de histórias natalinas, como os bonecos de neve que congelam tudo em que tocam e servem de capangas para a vilã ou o modo como Cal altera entre sua forma humana e sua forma de elfo enquanto luta usando a variação de tamanho ao seu favor como se fosse o Homem-Formiga. O fato de boa parte dessas criaturas serem feitas usando próteses e maquiagem ajuda a tornar tudo mais crível e a dar um senso de materialidade a esse universo, como no segmento em que Cal e Jack invadem o lar do Krampus (Kristofer Hivju), o irmão maligno do Papai Noel, e todas as criaturas ali são primordialmente fruto de efeitos práticos.

Inclusive nos momentos em que o filme recorre a criaturas completamente digitais chega a ser difícil não sentir algum estranhamento, já que elas não parecem pertencer ao mesmo universo que o resto dos personagens, Alguns, como o urso polar Garcia, são convincentes, mas outros nem tanto. O melhor exemplo disso é quando a bruxa Gryla (Kiernan Shipka, de O Mundo Sombrio de Sabrina) assume sua forma monstruosa durante o clímax e o resultado parece mais um design rejeitado para chefão de Dark Souls.

O texto ocasionalmente apresenta algumas incongruências. Um exemplo é o fato de Cal trabalhar há séculos protegendo o Noel e agindo como um guarda-costas pró-ativo e diligente, mas quando é conveniente para o roteiro ele desconhece completamente como lidar com determinadas criaturas embora ele se comporte como se já tivesse enfrentado esses seres antes.

Mesmo com uma trama previsível, Operação Natal diverte pelo elenco carismático e pelo universo criativo que mistura fantasia e realidade.

 

Nota: 6/10


Trailer

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Drops – Transformers: O Início e Hellboy e o Homem Torto

 

Hoje na coluna Drops, dedicada a textos mais curtos, vou falar sobre dois filmes que acabei deixando passar quando foram exibidos nos cinemas, Transformers: O Início e Hellboy e o Homem Torto, dois filmes que funcionam como recomeços para seus respectivos personagens.

Aventura “padrão Marvel”

Análise Crítica – Transformers: O Início


Review – Transformers: O Início
Transformers: O Início acompanha a história de dois mineradores, Orion Pax (Chris Hemsworth) e D-16 (Bryan Tyree Henry, de Atlanta) antes que eles se tornem os lendários Optimus Prime e Megatron respectivamente. A trama mostra uma Cybertron arruinada, que depende da constante mineração de energon para sobreviver enquanto o líder, Sentinel Prime busca a mítica matriz da liderança para resolver o problema de energia do planeta.

Desde o início incomoda como o filme se apoia no expediente de ter seus personagens trocando piadinhas ou diálogos engraçadinhos o tempo todo, muitas vezes comentando a própria trama, como se esse tipo de humor “padrão Marvel” fosse um substituto para personagens sem personalidade ou para uma trama mal escrita (tentar rir de um roteiro ruim não é por si só engraçado). Isso é principalmente evidente em B-127 (que virará o Bumblebee), cujo falatório constante é mais constrangedor e irritante do que engraçado, e em Elita-1 (Scarlett Johansson), que é reduzida à “a garota”, se limitando a reagir exasperada às ações dos demais personagens de maneira tão clichê que imaginei que em algum momento ela fosse jogar os braços para cima e dizer “ah, homens” aborrecida.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Crítica – The Legend of Vox Machina: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – The Legend of Vox Machina: 3ª Temporada

Review – The Legend of Vox Machina: 3ª Temporada
Essa terceira temporada de The Legend of Vox Machina tem um clima de apoteose considerando que ela marca o confronto derradeiro entre os aventureiros da Vox Machina e o conclave de dragões liderado pelo poderoso dragão vermelho Thordak. É um conflito que foi construído ao longo das duas temporadas anteriores e cuja execução aqui não decepciona.

Masmorras e dragões

Mesmo depois de coletarem os Vestígios na segunda temporada, o grupo ainda não é páreo para Thordak. Eles são abordados por Raishan, antiga aliada de Thordak, que propõe uma aliança com eles, já que ela quer se vingar do dragão por ter se recusado a ajudá-la a eliminar uma maldição que a estava matando aos poucos. Mesmo relutantes, a equipe aceita o acordo e parte em busca de uma armadura que pode absorver o poder de Thordak. A missão se torna mais urgente com a descoberta que o dragão está chocando centenas de ovos que estão prestes a eclodir para liberar novos dragões contra o reino.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Crítica – Não Solte!

 

Análise Crítica – Não Solte!

Review – Não Solte!
Semanas atrás a Netflix lançou o suspense Não Se Mexa e agora chega aos cinemas o terror Não Solte!, os dois filmes não tem nenhuma conexão entre si, mas achei curiosa a tendência de dois títulos imperativos (um imperativo já contido nos títulos originais dos filmes) chegando tão próximos um do outro. Dirigido por Alexandre Aja, responsável por filmes como Oxigênio (2021) e Predadores Assassinos (2019), a produção tenta discutir maternidade, proteção e como nosso esforço de evitar que nossos problemas recaiam sobre nossos filhos muitas vezes é o que os deixa iguais a nós.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Crítica – Red Rocket

 

Análise Crítica – Red Rocket

Resenha – Red Rocket
O diretor Sean Baker sempre demonstrou interesse por pessoas que vivem nas margens, que sobrevivem nas fissuras, nos cantos que nosso olhar não alcança ou não se interessa muito em chegar. Em Projeto Flórida (2017) acompanhava o cotidiano de uma garotinha que vivia uma existência nômade por hotéis baratos ao lado da mãe viciada. Neste Red Rocket o diretor acompanha um ator pornô fracassado que volta para sua cidade natal na costa do Texas.

Uma vida obscena

Mike (Simon Rex) chega cheio de hematomas à sua cidade natal e pede para ficar uns dias na casa da ex-esposa Lexi (Bree Elrod), de quem nunca se divorciou. Ela e sua mãe, Lil (Brenda Deiss), que vive na mesma casa, não o querem ali, mas Mike usa sua lábia para convencê-las em troca de ajudar no aluguel. Ele tenta conseguir emprego, mas é recusado por conta de seu passado como ator pornô. Ele acaba convencendo uma traficante local a deixá-lo vender maconha e passa a fazer ponto em uma loja de rosquinha vendendo para trabalhadores que passam no local durante a troca de turnos. Ele também fica interessado pela balconista da loja, a jovem Raylee (Suzanna Son), cujo apelido é Morango.

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Crítica – Agatha Desde Sempre

 

Análise Crítica – Agatha Desde Sempre

Review – Agatha Desde Sempre
Apesar de ter adorado a vilã afrontosa vivida por Kathryn Hahn em Wandavision, confesso que não estava muito empolgado para a minissérie Agatha Desde Sempre. Primeiro porque não sabia se a personagem tinha estofo suficiente para sustentar uma série sozinha. Segundo porque a produção teve tantas atribulações, sendo reescrita, adiada e sofrendo alterações de título tantas vezes que temi que o resultado fosse uma bagunça incoerente. Felizmente a série é melhor do que eu esperava.

Algo oculto e impuro

A trama reencontra Agatha (Kathryn Hahn) ainda presa na vida ilusória que Wanda (Elizabeth Olsen) criou para ela no final de Wandavision. Ela é libertada graças à intervenção de um misterioso jovem (Joe Locke) que deseja a ajuda de Agatha para adentrar o mítico Caminho das Bruxas e alcançar o poder dado a quem supera seus desafios. Agatha vê no garoto uma oportunidade de recuperar seu poder, montando um novo coven de bruxas de quem poderá extrair poder.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Drops – Lobos

 

Análise Crítica – Lobos

Crítica – Lobos
Depois de reunir Matt Damon e Casey Affleck com o fraco Os Provocadores, a AppleTV volta a promover mais uma mini reunião de Onze Homens e um Segredo (2001) ao juntar novamente Brad Pitt e George Clooney neste Lobos. Infelizmente assim como Os Provocadores o resultado aqui é um thriller morno

Operativos discretos

Na trama, Clooney é um mercenário especialista em fazer desaparecer as indiscrições dos poderosos. Ele é contratado pela promotora Margaret (Amy Ryan) depois que um jovem com quem ela está tendo um caso aparentemente morre em seu quarto de hotel. O problema é que os donos do hotel também contrataram seu próprio mercenário no operativo vivido por Brad Pitt. Como os dois clientes têm seus próprios interesses a proteger, os mercenários são obrigados a trabalharem juntos. As coisas se complicam quando os dois encontram uma quantidade enorme de drogas na mochila do garoto morto e precisam descobrir a quem as drogas pertencem para que os donos não mirem em seus clientes.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Crítica – O Poder e a Lei: Terceira Temporada

 

Análise Crítica – O Poder e a Lei: Terceira Temporada

Review – O Poder e a Lei: Terceira Temporada
Chegando a sua terceira temporada, O Poder e a Lei funciona como uma espécie de série conforto para mim. Não tem nada de novo em termos de drama de tribunal, mas executa esses elementos com competência e carisma para me manter interessado mesmo que eu perceba todos os lugares comuns em cena.

Lei para quem precisa

A trama segue onde o segundo ano parou, com Mickey (Manuel Garcia-Rulfo) tentando descobrir quem matou sua antiga cliente, Gloria (Fiona Rene), ao mesmo tempo em que defende o homem acusado de matá-la, Julian (Devon Graye), a quem Mickey considera inocente. Para o advogado inocentar Julian o levará diretamente ao culpado pela morte de Gloria, mas isso o coloca em meio a uma perigosa teia de crimes.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Crítica – Não Se Mexa

 

Análise Crítica – Não Se Mexa

Review – Não Se Mexa
Uma mulher enlutada pela morte do filho vai até o parque florestal em que ele morreu com o intento de se matar. Lá ela conhece um estranho que a convence a desistir do suicídio, mas logo a derruba com uma arma de choque e a leva cativa. Ela tenta se libertar, mas descobre que foi drogada com um paralisante potente que em questão de minutos irá travar seus músculos, então ela precisa correr contra o tempo.

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Crítica – Bloomtown: A Different Story

 

Análise Crítica – Bloomtown: A Different Story

Review – Bloomtown: A Different Story
O que me chamou atenção neste Bloomtown: A Different Story foi a sua mistura de RPG e simulação social que evocava a franquia Persona e em sua ambientação em uma pequena cidade interiorana na década de 60, evocando aventuras juvenis como Stranger Things. Embora use essas referências com competência, o jogo produzido pela desenvolvedora lituana Lazy Bear Games nunca consegue ser mais do que uma derivação de elementos conhecidos.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Drops – Irmãos

 

Análise – Irmãos

Review – Irmãos
Estrelado por Peter Dinklage e Josh Brolin, Irmãos conta a história de dois irmãos gêmeos não idênticos e criminosos que se reencontram depois anos afastados para um último golpe. Jady (Peter Dinklage) sai da cadeia antecipadamente ao prometer a um guarda corrupto, Farful (Brendan Fraser), dar a ele esmeraldas que foram roubadas décadas atrás. Para recuperar as joias Jady busca o irmão, Moke (Josh Brolin), para ajudá-lo no esquema, já que foi a mãe deles quem roubou as esmeraldas. A questão é que Moke já abandonou a vida de crimes, tem um emprego formal e está com a esposa, Abby (Taylour Paige, de Um Tira da Pesada 4), grávida, com o retorno de Jady abrindo antigas feridas entre os dois.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Crítica – A Garota da Vez

 

Análise Crítica – A Garota da Vez

Review – A Garota da Vez
Estreia da atriz Anna Kendrick como diretora, A Garota da Vez parte de uma história real para analisar as tensões de navegar no mundo sendo mulher sob o constante temor de que os homens ao seu redor se revelem abusivos ou violentos. A trama acompanha Sheryl (Anna Kendrick), uma aspirante a atriz cuja carreira não consegue decolar. A agente de Sheryl consegue para ela uma participação em um game show ao estilo Namoro na TV, no qual ela deve ser uma garota interessada em conseguir um namorado e precisa escolher entre três solteiros que ela não vê e vai conhecer apenas através de perguntas. O problema é que um desses solteiros, Rodney (Daniel Zovatto), é um serial killer.

Mulheres objeto

Já na primeira cena com Sheryl em um teste de elenco o filme ilustra como Hollywood é um espaço que objetifica mulheres ao mostrar os dois produtores de elenco cochichando sobre a aparência da personagem enquanto a câmera abre o plano para mostrar que Sheryl está em pé bem diante deles. O final da cena, em que eles mudam de atitude no instante em que ela diz não se interessar por fazer cenas com nudez reforça a ideia de que ela está ali para servir ao olhar masculino.

Ao longo de todo o arco de Sheryl isso é constantemente reforçado pelas interações entre ela e outros homens e pelo modo como Kendrick filma essas situações. Seja em closes ou em planos mais abertos, os homens estão sempre entrando em quadro para encostar na personagem ou tocar seu rosto, como se invadissem seu espaço pessoal. Essas interações são sempre marcadas com um senso de desconforto, como na conversa que ela tem em um bar com o vizinho Terry (Pete Holmes), na qual ela acaba cedendo aos seus avanços apesar de inicialmente rejeitá-lo. Como na cena com os produtores de elenco, é visível como Terry muda de atitude no momento em que percebe que não irá conseguir o que quer dela e Sheryl decide ceder talvez por medo de sua reação ou por receio de alienar o único amigo que tem na cidade.

O senso de objetificação se reforça quando ela chega no set do programa no qual o apresentador vivido por Tony Hale constantemente comenta sobre a aparência de Sheryl, toca em seu corpo e diz que ela está ali apenas para ser bonita. Não à toa que o pequeno gesto de resistência da atriz de sair do roteiro e fazer perguntas jocosas aos candidatos que expõem o seu machismo é recebida com fúria pelo apresentador. Nesse sentido, o fato de Rodney dar todas as “respostas certas” soando como um cara legal mostra que não há padrão para homens abusivos e mesmo alguém que soa bacana ou inofensivo pode ser um potencial agressor, criando um senso de tensão crescente conforme Sheryl se aproxima de Rodney e demora a perceber sua real natureza.

Muitas vítimas, pouco tempo

A questão é a despeito de ideias interessantes e composições de planos cuidadosas, o filme derrapa em um material que tenta abrir várias frentes narrativas simultâneas, mas não desenvolve quase nenhuma a contento. A espectadora do programa que reconhece Rodney como o estuprador de sua amiga está ali só para mostrar como mulheres são ignoradas ou silenciadas em suas denúncias, seja por quem detêm poder, como os funcionários do estúdio que a ignoram, ou de quem está próxima dela, como o namorado, que a trata como doida ao invés de acreditar no que ela diz. A personagem existe mais como uma engrenagem em um mecanismo e menos como uma pessoa autônoma dotada de suas próprias motivações.

Os segmentos que mostram o passado de Rodney e como ele constantemente matava com impunidade ou evadia autoridades enquanto mantinha emprego em grandes jornais e instituições similares tenta reforçar a existência de estruturas de poder que protegem homens abusivos e entender como esse predador age, mas fica na superfície dessas ideias. Ocasionalmente o filme aponta para questões subjacentes da personalidade de Rodney, como as várias sugestões de que ele se interessa por homens, mas não faz nada com esse dado.

A narrativa também passa algum tempo com as vítimas do assassino, revelando como ele é um predador astuto, sempre se aproximando de mulheres sozinhas ou em situação de vulnerabilidade. O desfecho, que nos faz acompanhar uma sobrevivente de seus ataques, analisa como a sobrevivência dela se relaciona em tentar manter um senso de normalidade com seu abusador, agindo como se nada demais tivesse acontecido para ganhar tempo para escapar. O problema é que passamos muito pouco tempo com essa personagem para que seu arco tenha o impacto devido e, considerando que é ela a responsável pela captura do assassino me pergunto por que não seria sua história a central para a trama ao invés da trama de Sheryl, que não seria muito mais que uma nota de rodapé na trajetória do assassino.

Do jeito que está, A Garota da Vez fica na superfície de seus temas principais, apontando os abusos e os mecanismos que facilitam sua perpetuação, mas fazendo pouco para analisar seu funcionamento, se dividindo em múltiplas tramas que não saem da superfície. É competente na construção do senso de desconforto experimentado por Sheryl no seu cotidiano e Anna Kendrick se mostra muito consciente das escolhas que faz como diretora, uma pena o texto não estar à altura disso.

 

Nota: 6/10


Trailer

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Crítica – Robô Selvagem

 

Análise Crítica – Robô Selvagem

Review – Robô Selvagem
Não esperava nada da animação Robô Selvagem e me surpreendi com sua narrativa singela e emocionante sobre cuidado, cooperação e maternidade. A trama é focada na robô Roz (voz de Lupita Nyong’o), que depois de uma tempestade vai parar em uma ilha habitada apenas por animais. Lá ela acaba acolhendo um bebê ganso órfão, a quem chama de Bico-Bonito, e toma para si a tarefa de criá-lo e prepará-lo para voar até o momento da migração de inverno, contando com a ajuda da raposa Escobar (voz de Pedro Pascal) para educar a pequena ave.

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Crítica – Hala

 

Análise Crítica – Hala

Review – Hala
De certa forma, Hala é uma história de amadurecimento bem típica, acompanhando uma adolescente conforme ela lida com descobertas afetivas, o peso de certos erros e o complicado divórcio de seus pais. O que diferencia a produção de outras histórias é que isso é contado a partir do ponto de vista de uma adolescente muçulmana filha de imigrantes paquistaneses nos Estados Unidos.