A trama segue Maya Lopez (Alaqua Cox) depois dos eventos da série do Gavião Arqueiro em que baleou o Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio). Maya retorna para sua cidade natal em Oklahoma para se reconectar com a família da qual foi alienada por Fisk. Maya, no entanto, está com a cabeça a prêmio depois do atentado. Isso e o fato de Fisk ter sobrevivido colocam ela e sua família em perigo.
Para quem não viu Gavião Arqueiro, o primeiro episódio da série serve para introduzir novamente Maya, explorando sua tragédia pessoal com a morte do pai, a relação de mentor que ela construiu com Fisk e sua eventual descoberta do que aconteceu com pai. Não é meramente uma recapitulação, já que traz momentos que ampliam nosso conhecimento da personagem e a inserem num contexto maior da cronologia do universo Marvel, incluindo uma luta contra o Demolidor. Apesar disso, o início não afasta a impressão de que seu conteúdo é relativamente redundante e faz a trama principal demorar a engrenar.
As coisas melhoram a partir do segundo episódio quando Maya volta para sua cidade natal e começamos a conhecer um pouco mais a relação dela com a família da qual ficou anos afastada e sua conexão com as raízes indígenas. A narrativa expõe os anos de mágoas acumuladas por Maya e seus parentes, que nunca desistiram de tentar contato com ela apesar de Fisk manipulá-la a crer que só ele tinha seus melhores interesses em mente. Usando principalmente sua linguagem corporal, Alaqua Cox transmite bem esse senso de distanciamento da família, da dor e do rancor que permeia essas relações como o caso da avó, Chula (Tantoo Cardinal). Os momentos em que Maya tenta efetivamente falar ao invés de usar linguagem de sinais não são aleatórios e servem para mostrar instantes de emoções intensas que extravasam o corpo, como se ela sentisse que precisasse externar isso de todas as maneiras possíveis.
Vincent D’Onofrio segue excelente como Wilson Fisk, mostrando como ele pode ser cortês com aqueles a quem tem algum respeito ou admiração e como é implacável com quem se coloca em seu caminho ou contraria seus desígnios. Ele é uma presença poderosa, cuja ameaça deriva de sabermos que ele pode explodir a qualquer momento. O ator nos deixa ver que ele tem alguma preocupação verdadeira por Maya e a respeita enquanto combatente, mas mesmo isso não impede que ela se torne alvo de sua fúria quando insiste em se colocar em seu caminho.
A série apresenta ótimas cenas de ação, prezando por planos mais abertos e com poucos cortes, como a luta de Maya no primeiro episódio que culmina no embate contra o Demolidor, e assim como as séries da Netflix não se furta a mostrar sangue e brutalidade, o que é coerente com uma anti-heroína como Maya. Tirar a violência de uma personagem que tem sua brutalidade como principal característica seria diluir a força da personagem e eu espero que produções como essa e o vindouro Deadpool 3 continuem a estimular a Marvel a produzir conteúdos de classificação mais alta.
Por outro lado, a construção da relação de Maya com sua ancestralidade indígena acaba sendo explorada de modo relativamente superficial, com os poderes que ela demonstra ao fim nunca sendo devidamente explicados em seu funcionamento. Eu entendo que as várias histórias indígenas que são contadas em paralelo aos episódios servem para ilustrar como Maya “ecoa” essa ancestralidade, mas o modo como isso se conecta diretamente e com certas habilidades sobrenaturais não é desenvolvido de modo convincente.
Assim, Eco funciona
por explorar a complicada relação da protagonista com sua família e seu mentor
e por conta de suas brutais cenas de ação, ainda que tenha um começo que demore
a engrenar.
Nota: 6/10
Trailer
Nenhum comentário:
Postar um comentário