sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Crítica – Maestro

 

Análise Crítica – Maestro

Review – Maestro
O termo oscar bait é normalmente usado para qualificar produções que parecem feitas sob medida para a temporada de premiações. São filmes que seguem de perto aquilo que normalmente encontramos em películas indicadas a prêmios, como tramas baseadas em fatos reais, atores realizando transformações físicas e alguns outros elementos. Maestro, biografia de Leonard Bernstein dirigida e estrelada por Bradley Cooper, parece um filme perfeitamente formatado para a temporada de prêmios, embora acabe não entregando nada de interessante.

A narrativa segue Bernstein (Bradley Cooper) da juventude, quando rege a Filarmônica de Nova Iorque pela primeira vez, até seus últimos. O filme foca tanto no trabalho musical de Bernstein quanto na relação dele com o a esposa, Felicia (Carey Mulligan). O problema é que a trama parece não ter muito a dizer sobre o maestro além do fato dele ser genial e dele ser bissexual, sem, no entanto, explorar esses dois elementos.

O filme se estrutura em cenas que soam soltas, pulando longos trechos de tempo para outros, em conversas excessivamente expositivas em que os personagens explicam como se sentem ou explicam a relação de Bernstein com a música, tentando falar o quanto ele é brilhante, mas nunca nos permite ver esse brilhantismo ou o que é que Bernstein tem de tão de diferente. Se você nunca ouviu falar no maestro e não sabe nada sobre sua influência na música, esse filme não vai te trazer nenhum grande aprendizado a respeito dele. Sim, vemos várias apresentações dele diante de orquestras e sua condução vigorosa, mas essas imagens por si só não dão conta da contribuição dele para a música ou do que o tornava tão especial.

É visível que a estrutura fragmentada que Cooper dá ao filme, quase como episódios soltos, é algo pensado para tentar adentrar na subjetividade do biografado e mostrar o mundo sob seus olhos, sob sua experiência sensorial e explorar suas diferentes facetas. A questão é que o texto se mantem na superfície do personagem não há uma subjetividade para penetrar e o filme parece andar em círculos apenas repetindo as mesmas ideias sobre a genialidade ou a sexualidade do protagonista sem tentar entender o que move esse sujeito, porque ele é do jeito que é ou faz música do jeito que faz. Parece algo construído em cima de verbetes de wikipedia.

Por conta disso as várias escolhas estéticas, como filmar a juventude de Bernstein em preto e branco ou construir quase todo o filme em uma taxa de aspecto estreita, soam como firulas visuais que tem muito pouco a contribuir com o que a produção quer transmitir sobre seu biografado. O mesmo vale para algumas escolhas de caracterização. Cooper opta por usar próteses no rosto que não necessariamente o aproximam da aparência de Bernstein nem permitem que ele desapareça no personagem (pensem em Nicole Kidman em As Horas) e apenas nos deixa com Bradley Cooper com um nariz esquisito. Talvez tivesse sido melhor se ele não usasse nada como Josh Brolin em W (2008) ou Frank Langella em Frost/Nixon (2008).

Embora tente construir uma cinebiografia que se afaste de convenções, Maestro falha em suas propostas e entrega um filme raso e repetitivo.

 

Nota: 4/10


Trailer

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