terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Crítica – Mergulho Noturno

 

Análise Crítica – Mergulho Noturno

Review – Mergulho Noturno
Nem sempre um bom curta-metragem rende um bom longa. Temos exemplos em que isso funciona muito bem, como Whiplash: Em Busca da Perfeição (2015), que aprofunda as ideias do curta original. Por outro lado, filmes como Mergulho Noturno mostram que algumas ideias se prestam melhor ao formato de curta-metragem.

A trama, escrita e dirigida por Bryce McGuire a partir de seu curta metragem de mesmo nome, acompanha a família de Ray (Wyatt Russell), um jogador de baseball que teve que abandonar a carreira depois de descobrir que tem esclerose múltipla. Como os médicos recomendam que ele pratique natação, o jogador e sua família se mudam para uma casa com piscina. De início o exercício parece fazer bem à saúde de Ray, mas coisas estranhas começam a acontecer com a família dele ao redor da piscina.

O filme sofre com uma narrativa que demora a engrenar e que durante boa parte da minutagem não tem muito em que se apoiar além de um conflito familiar bem clichê. Não há exatamente um clima de temor e as cenas na piscina se estruturam ao redor de jumpscares e música sinistra, recursos que tornam esses eventuais sustos em ocorrências tão óbvias que não tem o efeito pretendido. Óbvias também são os desenvolvimentos da trama. É evidente que Elliot (Gavin Warren), o caçula, sempre deslocado do resto da família e à sombra do pai famoso, será o alvo da entidade das águas. Igualmente evidente é o arco de Ray em precisar aceitar que sua carreira de baseball acabou para sempre e que ele precisa focar na família.

A produção ainda gasta um tempo tentando explicar a mitologia ao redor da água amaldiçoada, mas faz isso de uma maneira vaga, que nunca explicita exatamente como a coisa funciona ou quais os poderes dessa entidade. Como, por exemplo, ela consegue influenciar coisas fora da piscina como uma televisão? E porque diabos uma entidade localizada em uma nascente de água nos Estados Unidos sussurraria palavras em japonês? Como parece que as ações dessa entidade estão ao sabor do roteiro nunca sabemos exatamente do que devemos ter medo e assim o filme falha em construir um clima eficiente de suspense.

Kerry Condon é completamente desperdiçada como a esposa de Ray, passando boa parte do filme limitada a olhar de maneira preocupada para os eventos ao seu redor e servindo de meio para explicar o funcionamento da ameaça sobrenatural. Wyatt Russell até consegue nos fazer ver Ray como um sujeito perdido ao se ver sem aquilo que lhe dava propósito e propenso a agarrar qualquer oportunidade de retornar ao que era, embora o roteiro nunca explore muito isso para além de um pretexto dele se conectar com a assombração de sua piscina.

Sem muito estofo para sustentar seus noventa minutos de duração, Mergulho Noturno provavelmente ficaria melhor como um episódio de trinta ou quarenta minutos em uma série de antologia. Do jeito que está, é um terror arrastado, desprovido de tensão e com personagens rasos.

 

Nota: 3/10


Trailer

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