A narrativa se detém mais nos pormenores da façanha do que aconteceu em cada tentativa e como ela planejou suas tentativas ao lado da melhor amiga Bonnie (Jodie Foster) e uma equipe de apoio que cresce a cada novo esforço de realizar seu empreendimento audaz, de navegadores a socorristas passando por especialistas em predadores marinhos. A produção é eficiente em construir a tensão e senso de risco de nadar em mar aberto, com animais marinhos e mudanças de corrente posando riscos constantes e imprevisíveis. Nesse sentido, a maquiagem acaba sendo um meio de ilustrar o desgaste físico de Nyad, mostrando como ficar dezenas de horas no mar e sob o sol fazem com a pele de uma pessoa.
Por outro lado, não há muito mais no filme do que essa reconstrução das façanhas da protagonista, ao ponto em que me pergunto se a ideia era simplesmente contar como ela fez e explicar esses pormenores ao espectador se não teria sido melhor fazer um documentário nos moldes de algo como De Tirar o Fôlego (2023) do que realizar uma ficção que tem tão pouco a dizer sobre suas personagens.
Aqui e ali o filme mostra breves flashbacks que mostram a relação da nadadora com o pai, o estupro que ela sofreu nas mãos de um treinador na juventude, mas tudo isso é mostrado de forma muito breve e não forma um panorama coeso a respeito de quem é Nyad e o que a impele. Na verdade, boa parte dessas cenas fazem tudo parecer como predestinação ou uma espécie de propósito metafísico. O filme também tenta comentar sobre as tensões entre Estados Unidos e Cuba, trazendo falas da protagonista dizendo que seu feito seria uma maneira de aproximar os dois países, ignorando a complexa dinâmica política e problemas históricos fazendo tudo parecer um desentendimento de vizinhos.
Quem segura o filme é o elenco, em especial Annette Benning e Jodie Foster que convencem da amizade longeva entre suas duas personagens, com Benning trazendo a Nyad uma obstinação intensa que nos faz aderir à personagem a despeito do texto nunca entrar a fundo em suas motivações. Rhys Ifans se destaca entre os coadjuvantes como um navegador excêntrico que exibe um calor um humano e preocupação bem genuínas por Nyad a despeito do cinismo que demonstra em relação às possibilidades dela conseguir.
Nyad entrega uma
história de superação que faz pouco para sair do molde desse tipo de produção,
se mantendo na superfície de seus personagens e só conseguindo manter nosso
interesse por conta do elenco e da tensão das cenas de travessia.
Nota: 6/10
Trailer
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