terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Crítica – O Mal Que Nos Habita

 

Análise Crítica – O Mal Que Nos Habita

Review – O Mal Que Nos Habita
Faz tempo que um filme de terror me deixa com um senso tão forte de que os personagens estão cercados por uma presença maligna tão potente que não há esperança de sobrevivência. A produção argentina O Mal Que Nos Habita não apenas é eficiente em nos fazer sentir o poder do mal, mas como o mal se espalha no mundo justamente por conta das ações humanas.

A narrativa acompanha os irmãos Pedro (Ezequiel Rodríguez) e Jimi (Demián Salomón) que vivem em uma cidade pequena no interior da Argentina. Quando eles descobrem que uma pessoa da vila foi infectada por forças demoníacas e está prestes a gerar um demônio, eles decidem mover o sujeito da cidade na esperança de livrar o local da influência maligna. A ação, no entanto, só faz o mal se espalhar por suas vidas.

O filme é inteligente ao definir alguns parâmetros de como essas entidades malignas agem para que saibamos exatamente do que ter medo e quais situações são perigosas ao mesmo tempo em que evita explicar demais ou criar uma mitologia muito aprofundada ao ponto em que não há mais o mistério ou incerteza quanto ao desconhecido. Entendemos como esse mal age manipulando os medos das pessoas enquanto simultaneamente soa como algo que escapa nossa compreensão plena, mantendo um grau de imprevisibilidade que é importante para nos deixar imersos nos horrores que o filme nos apresenta.

Essa imprevisibilidade se verifica no modo como o filme constantemente nos pega desprevenidos com a brutalidade súbita de certos momentos a exemplo de quando um cachorro ataca violentamente uma garotinha ou quando uma mãe pega o filho no colo e pula da janela com ele. Nunca sabemos que forma esse mal pode tomar ou como ele irá se manifestar, apenas sabemos que tudo está ruindo ao redor dos protagonistas e ninguém está seguro.

Sempre que pensamos que haverá um respiro, novas coisas horríveis voltam a acontecer. O mal nunca descansa, o mal sabe como tornar real seus maiores temores e o mal sabe exatamente o que precisa te dizer para te manipular. Não lembro de nenhum outro filme recente em que as forças das trevas foram retratadas como sendo tão incansáveis e eficientes como aqui. Mais que isso, o filme também pondera sobre o papel da humanidade em espalhar o mal no mundo, já que muitas das consequências mais violentas derivam das pessoas cederem aos seus piores impulsos ou escutar quem não se deve, mesmo sabendo que não deveriam.

Para além da angústia constante de lidar com forças com as quais os personagens claramente não têm qualquer capacidade de enfrentar, o filme também impacta pelo visual das suas criaturas, como o infectado inicial, e da violência crua que retrata, a exemplo da cena em que uma mãe devora o crânio do próprio filho ou quando crianças esmagam a cabeça de uma mulher a marteladas. O impacto de muitas cenas seguiu comigo mesmo dias depois de assistir o filme e algumas ainda estão ocupando um espaço muito presente na minha mente.

O Mal Que Nos Habita parte de uma premissa típica de possessão, mas consegue levar sua trama por caminhos pouco usuais, conferindo frescor a esse tipo de história e nos deixando imersos em uma atmosfera de horror que explicita o quanto o mal é incansável e irrefreável.

 

Nota: 8/10


Trailer

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