O filme traz um resgate histórico importante, dando devido valor a uma figura fundamental para as mudanças nos direitos civis do país, o problema é que a produção parece mais interessada nos pormenores da organização da marcha do que propriamente falar sobre Rustin e sua trajetória. Muito do filme se passa em longas reuniões discutindo logística, segurança ou financiamento para os manifestantes, sobrando pouco tempo para entender o seu biografado.
Ao mostrar as tensões entre Rustin e líderes do movimento negro, como Roy Wilkins (Chris Rock), que temiam dar visibilidade a Rustin por ele ser gay, o filme se atém ao óbvio de reconhecer que mesmo ativistas sociais têm seus próprios preconceitos. É uma pena, pois Colman Domingo defende seu personagem com energia e ternura, trazendo a ele um otimismo inabalável apesar de todas dificuldades e um desejo por transformação que o impede de ficar parado. Esse senso de movimento é também transmitido pela trilha musical de jazz, que dá um senso de agitação improvisada, tal como o próprio Rustin, sempre sapateando ao redor de suas dificuldades.
O início do filme apresenta uma montagem ágil com diálogos
rápidos seguindo o ritmo das melodias de jazz e dá a impressão de que a
história será contada com essa impressão de movimento. Isso, no entanto, fica
só nos primeiros minutos e o resto do filme é convencional demais para contar a
história de alguém que foi tudo menos alguém preso a convenções.
Nota: 5/10
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