segunda-feira, 11 de março de 2024

Crítica – As Five: Terceira Temporada

 

Análise Crítica – As Five: Terceira Temporada

Resenha Crítica – As Five: Terceira Temporada
Depois de uma ótima primeira temporada, As Five entregou um segundo ano que parecia mais interessado em emular a série Girls, deixando um pouco a desejar. Essa terceira e última temporada mantem esse clima de querer soar como uma série gringa, mas o principal problema é que não encontra tramas interessantes para boa parte de suas personagens.

Lica (Manoela Aliperti) repete o mesmo arco de imaturidade e dependência financeira da mãe das outras temporadas. A impressão é que a personagem caminha em círculos sem ir para lugar algum. O arco dela poderia ter sido sobre ela construindo seu próprio portal depois de viralizar com a reportagem sobre Ellen (Heslaine Vieira) na temporada anterior, no entanto a série prefere requentar os mesmos conflitos de antes. Sim, a trama dá um motivo do porquê, apesar de tudo o portal de Lica não deslanchou, mas não é lá muito convincente.

Benê (Daphne Bozaski) fica presa a um arco que a coloca diante de um antagonismo bobo entre música como arte e música como comércio, como se formas expressivas como música, cinema ou teatro não pudessem ser simultaneamente as duas coisas. A ideia de uma artista produzir música para publicidade ser um ato de “se vender” como se houvesse problema em ganhar dinheiro com a arte ou houvesse um impedimento de ser criativo nesses espaços reproduz uma visão burguesa do fazer artístico que pensa no artista como alguém que produz arte por pura inspiração e não vê isso como um trabalho. São poucos os momentos em que esse arco dá algum conflito interessante para Benê, como o episódio em que ela vai a um evento para fazer networking e conseguir mais trabalhos e precisa encontrar um jeito de interagir com as pessoas, ilustrando a dificuldade de uma pessoa autista em estar em um ambiente com tantas pessoas e estímulos cognitivos.

A subtrama de Ellen em entender a “química do amor” soa deslocada do resto das personagens e do tom geral da série. A maneira como tudo é construído soa mais como uma comédia romântica para adolescentes. Eu entendo a ideia por trás dessa decisão, já que a personagem sempre foi muito focada na carreira e sempre teve um lado racional, então faz sentido querer explorar mais essa faceta dela. O problema é fazer uma personagem que já teve sua parcela de relacionamentos se comportar como uma menina que acabou de descobrir o amor.

Keyla (Gabriela Medvedovski) e Tina (Ana Hikari) se saem melhor. As duas tentam reconstruir o negócio que tem juntas depois de perderem o dinheiro de Tina na temporada anterior. Enquanto Keyla tem que aprender a lidar com a natureza do negócio ao mesmo tempo em que lida com seu relacionamento com Edu (Samuel de Assis), o novo sócio do empreendimento. Logicamente namorar com o sócio traz problemas tanto para o negócio quanto em relação à amizade com Tina o que faz Keyla ter que navegar com cuidado por esses relacionamentos e entender com quem ela pode realmente contar.

Já Tina lida com seu alcoolismo e a realização de que não pode enfrentar o problema sem ajuda. O sexto episódio é muito bom em mostrar o que pode acontecer quando ela se entrega ao vício, bem como o temor e vergonha que tomam alguém nessa situação ao acordar em um lugar desconhecido sem qualquer lembrança de como chegou lá ou o que aconteceu. O arco de Tina também acerta ao pensar como pode ser perigoso que duas pessoas que ainda lidam com vícios como Tina e Glauber (Elzio Vieira) podem ser perigosos um para outro, já que por mais que entendam melhor do que ninguém o que estão passando, também podem arrastar o outro para suas recaídas.

O arco de Tina serve também para lembrar com as cinco amigas fornecem uma forte rede de apoio umas para as outras e do afeto genuíno que existe entre essas personagens apesar de todas as tretas e barracos entre elas. Esse senso verdadeiro de conexão entre as personagens, facilitado pelo elenco estar junto há anos, sempre foi o ponto da série, nos lembrando de como amizades e redes de apoio fazem a diferença em nossas vidas. Como nas outras temporadas, as cenas de mais emoção acontecem quando elas estão juntas e o texto explora o laço afetivo intenso que essas garotas têm umas com as outras.

É uma pena, portanto, que essa última temporada de As Five não aproveite todo o potencial de seu elenco, ficando aquém do que poderia ser por conta de várias tramas desinteressantes.

 

Nota: 6/10


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