Dirigido por Andrew Haigh, Todos Nós Desconhecidos é uma história sobre luto, solidão,
intimidade e estranhamento. Sua narrativa sobre se manter preso ao passado e
não se abrir para o presente, preferindo conviver os fantasmas de outrora
poderia render um filme bem piegas, daqueles feitos para forçar o público ao
choro, mas Haigh traz uma leveza e uma sensibilidade na condução que faz tudo
ser emotivo sem cair na pieguice.
A trama é protagonizada por Adam (Andrew Scott), um escritor
que aparentemente é a única pessoa morando em um alto prédio de habitação
popular. O único outro morador que ele parece encontrar no local é Harry (Paul
Mescal) e ambos começam a conversar. Com o tempo, Harry demonstra interesse em
Adam, mas o escritor passa seu tempo revisitando a casa que cresceu na
infância, tentando escrever um roteiro de cunho autobiográfico a respeito de
sua relação com os pais falecidos. Em uma dessas idas, nas quais o trem
funciona como uma máquina do tempo, ele encontra o pai (Jamie Bell) em uma loja
de conveniência e vai jantar com ele e a mãe (Claire Foy), como se nada tivesse
acontecido. Ele passa a dividir seu tempo entre os pais e Harry, mas esses
mundos não demonstram facilidade em coexistir.