quarta-feira, 24 de abril de 2024

Crítica – Contra o Mundo

 

Análise Crítica – Contra o Mundo

Review – Contra o Mundo
Partindo da premissa mais batida possível para um filme de ação, Contra o Mundo diverte pelo senso de caos que cria tanto na narrativa quanto nas suas cenas de ação. A trama se passa em um futuro distópico no qual tudo é controlado pela poderosa Hilda Van Der Koy (Famke Janssen) que anualmente realiza um evento para exterminar seus opositores, executando-os publicamente em um programa de televisão. O protagonista (Bill Skarsgard) é um jovem que teve a família morta pelo regime de Koy quando ele era criança. Criado na floresta pelo misterioso Xamã (Yayan Ruhian), ele treinou a vida inteira para se vingar e agora decidiu que está pronto para o ataque. Como ele é mudo, nosso acesso ao protagonista se dá pela voz em sua cabeça (H. Jon Benjamin, voz do protagonista de Archer) que nos guia pela onda homicida do personagem.

Muito do humor vem do contraste entre a voz grave e áspera da narração de Benjamin e o total absurdo que acontece ao seu redor. A narração serve para entendermos o que se passa na cabeça do protagonista, mas o modo sério com o qual ele pensa sobre si mesmo sempre esbarra na maluquice que toma sua jornada de vingança ou na sua incompreensão do que o cerca, a exemplo do momento em que tenta ler os lábios de um sujeito falando um idioma diferente e tudo que a voz consegue transmitir é uma série palavras aleatórias sem sentido.

Sempre que o filme parece aderir aos clichês de uma trama de vingança, ele os expõe ao ridículo. Um exemplo são os constantes flashbacks que o protagonista tem com a irmã falecida. Ao invés de servirem para construir o personagem como uma alma atormentada, esses momentos são usados como galhofa, com a garota dando dicas pouco úteis, desviando ele em digressões ou contribuindo para a atmosfera aloprada do longa ao aparecer fantasiada de ninja com asas de borboleta.

A ação é veloz e sangrenta, mas sua violência está mais próxima de um exagero cartunesco do que uma busca por realismo. Com uma câmera sempre em movimento, a ação transmite a energia insana do protagonista que elimina sem dó os vários capangas que passam por seu caminho, provocando risos com o exagero de algumas mortes. A ação diverte também por sua criatividade nas situações que propõe, como o embate com mascotes de uma marca de cereal, ou das lutas em si, como no momento em que o protagonista luta com um ralador de queijo e usa o utensílio para esfolar a pele dos inimigos.

A despeito de todo o ritmo insano, o filme cai na besteira de se levar a sério durante o clímax, deixando de lado a narração de H. Jon Benjamin e tentando construir um drama genuíno ao redor da vingança e relações familiares do personagem. Como tudo até então vinha sendo desenvolvido como galhofa, a tentativa de criar um envolvimento dramático não funciona. Reviravoltas previsíveis como a revelação envolvendo June27 (Jessica Rothe de A Morte Te Dá Parabéns) também contribuem para que a tentativa de um clímax mais sério não tenha muito impacto. Não é o bastante, porém, para impedir que Contra o Mundo seja uma aventura caótica e divertida por conta de seu senso de humor singular e ação sangrenta.

 

Nota: 7/10


Trailer

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