segunda-feira, 8 de abril de 2024

Crítica – Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

 

Análise Crítica – Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

Review – Ghostbusters: Apocalipse de Gelo
Depois de um Ghostbusters: Mais Além (2021) que se apoiava quase que exclusivamente em nostalgia, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo tinha potencial para finalmente levar a franquia em novas direções. Era a oportunidade de dar novos rumos, desenvolver os novos personagens e reinventar esse universo. A ideia de um novo vilão, com uma nova mitologia, se afastando do Gozer que o original reciclou do filme anterior tinha potencial, mas não se concretiza.

A trama se inicia quando Ray (Dan Aykroyd) encontra um orbe que aprisionou um espírito ancestral que deseja destruir o mundo com poderes de gelo. A criatura agita os fantasmas de Nova Iorque, dando mais trabalho aos Caça-Fantasmas. Quando uma missão destrói várias ruas, a prefeitura interfere e Phoebe (Mckenna Grace) fica impedida de ajudar a mãe e o irmão a combater fantasmas por ser menor de idade.

O filme não apenas traz todos os personagens do anterior (e eu digo todos mesmo, até os coadjuvantes de pouca importância voltam) como também traz de volta os antigos, além de introduzir alguns novos, como o bibliotecário vivido por Patton Oswalt e o misterioso Nadeem (Kumail Nanjiani). É gente demais para um filme de menos de duas horas, principalmente quando a narrativa tenta dar a cada personagem um arco só seu.

Isso resulta em subtramas que não levam a lugar algum, como a que envolve Trevor (Finn Wolfhard, o Mike de Stranger Things) caçando o Geléia, e outras que não tem tempo suficiente de desenvolvimento para terem o devido impacto emocional, como Phoebe aceitando Gary (Paul Rudd) como seu pai. Personagens como Ray ficam presos a serem máquinas de explicações enquanto Winston (Ernie Hudson) vira um deus ex machina ambulante, sempre aparecendo para dar o que os personagens precisam e resolver tudo magicamente. Outros sequer tem motivo para estarem aqui, como Podcast (Logan Kim) e Lucky (Celeste O’Connor).

Tudo isso ainda é prejudicado por uma trama que demora a engrenar, com o referido apocalipse gelado só acontecendo nos vinte minutos finais e sendo facilmente resolvido. O vilão tem um plano excessivamente rocambolesco que envolve forçar uma fantasma a seduzir uma adolescente para que ela queira virar fantasma para poder tomar o espírito dela e fazê-la entoar um cântico. É tudo tão aleatório que parece que os roteiristas saíram jogando palavras na parede a esmo.

Ainda há o problema de que o texto quer dar a impressão de que os heróis têm ainda mais tecnologia e recursos graças ao suporte do agora milionário Winston, mas ainda tenta construí-los como azarões a exemplo do momento em que o prefeito confisca os equipamentos e instalações dos personagens. Ora, considerando que Winston seria supostamente um filantropo ricaço que faz benfeitorias em prédios públicos dilapidados era de se imaginar que ele tivesse um exército de advogados e influência suficiente nos órgãos municipais para virar o jogo em cima do prefeito, mas não, ele simplesmente capitula às medidas arbitrárias do governante. Não faz sentido dentro da lógica estabelecida, no entanto como o roteiro quer que vejamos os personagens como azarados incompreendidos tal qual o original a trama precisa ignorar a lógica que ela mesma estabeleceu para fazer isso funcionar.

Como tudo demora a engrenar e quando tudo chega ao que interessa é resolvido com facilidade, o filme acaba oferecendo muito pouco digno de nota. É uma pena porque o elenco é carismático e tem um ótimo entrosamento, mas o filme perde tanto tempo com o excesso de subtramas e personagens que o núcleo principal da família Spengler não é aproveitado como deveria (algo que Mais Além fez muito bem).

Com isso, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo se mostra uma bagunça inchada, apresentando mais personagens do que ideias interessantes para usá-los e termina entregando uma trama arrastada e sem graça.

 

Nota: 4/10


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