terça-feira, 9 de abril de 2024

Crítica – Invencível: Segunda Temporada (Parte 2)

 

Análise Crítica – Invencível: Segunda Temporada (Parte 2)

Review – Invencível: Segunda Temporada (Parte 2)
Depois de uma primeira parte difusa, que se espalhava demais tentando estabelecer os conflitos dos vários personagens, a segunda parte da segunda temporada de Invencível consegue entregar desfechos impactantes para os conflitos que iniciou em sua metade inicial.

Voltando para a Terra depois de reencontrar o pai e tomar uma surra dos viltrumitas, Mark precisa pensar em um meio de deter os poderosos seres antes que eles lancem sua total invasão ao nosso planeta. Ao mesmo tempo os Guardiões do Globo lidam com seus conflitos internos e o misterioso Angstrom Levy trama nos bastidores sua vingança contra Mark.

Mark continua sua jornada de encontrar seu próprio caminho como herói, saindo da sombra do pai. O personagem lida também com seu afastamento de Amber e como o foco em suas atividades de herói a mantem distante e a colocam em perigo. Considerando o modo problemático como a primeira temporada tentava construir conflito entre os dois, me surpreendi com a maneira madura com a qual isso é desenvolvido aqui, com os dois aos poucos realizando que, apesar de sentirem afeto um pelo outro, eles não conseguem conciliar suas próprias demandas de vida e emocionais, fazendo o outro se sentir mal a despeito de suas boas intenções. O término deles lembra como as vezes amor não é suficiente para manter uma relação.

Essa segunda metade também é melhor em conciliar a narrativa de Mark com os arcos de outros personagens, a exemplo do episódio que alterna entre uma missão espacial de Mark e outros heróis para enfrentarem um parasita alienígena claramente inspirado no Starro da DC enquanto o resto dos Guardiões do Globo lida com uma ameaça na Terra. As duas missões não apenas são permeadas pela ação repleta de uma criatividade brutal, como também ilustram os vários conflitos entre os heróis. O modo como o Imortal recusa a ceder a Mark mostra o trauma que ele ainda carrega pelos eventos do primeiro ano quando apanhou feio do Omniman e falhou em impedi-lo. A surra violenta que os Guardiões sofrem na Terra, mal conseguindo vencer os vilões ilustra como a liderança irascível e irresponsável de Rex representa um risco para ele e para os companheiros.

Inclusive me sinto surpreso com o relativo amadurecimento que Rex experimenta depois de sua experiência de quase morte e de quase perder todos os aliados por sua irresponsabilidade. Ele é o tipo de personagem do qual não esperava muito crescimento, já que imaginei que a série queria mantê-lo como alívio cômico. Claro, ele continua a exercer essa função, mas está se tornando menos babaca e mais responsável.

O episódio final constrói um conflito intenso entre Mark e Angstrom, explorando toda a extensão dos poderes dimensionais do vilão e como ele pode usá-los para aterrorizar Mark e sua família. Considerando como a série costuma matar personagens, há um senso palpável de que a mãe ou o irmão do herói podem não sobreviver. Além da intensa batalha cheia de referências a outros personagens de quadrinhos (como Homem-Aranha e Batman), o desfecho também faz Mark perceber que ele está mais próximo do pai do que imagina, ao soltar toda a sua raiva contra Angstrom em um sanguinário ataque final. É algo que nos faz sentir o peso das ações de Mark e o potencial destrutivo que ele carrega consigo caso perca o controle, fazendo sentido que ele se sinta tão emocionalmente abalado depois do ato.

Por outro lado, todas as outras tramas que não a de Mark acabam se resolvendo muito rapidamente no final, como o conflito entre Rudy e Amanda que se resolve de imediato com um pedido de desculpas e todo o trauma do Imortal parece ser curado com a revelação de que uma personagem que ele achava ter morrido na verdade estava viva. Um expediente que, em retrospecto, acaba tirando um pouco do impacto do fracasso de Rex no episódio em que ele lidera os Guardiões.

Ainda assim, a metade final da segunda temporada de Invencível se sai bem ao amarrar os conflitos estabelecidos na primeira metade, entregando uma narrativa mais concisa, fazendo os personagens questionarem suas falhas e aprenderem com elas e entregando a ação brutal que tornou a série famosa.

 

Nota: 8/10


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