O documentário narra a invasão à casa de uma família de imigrantes vietnamitas em Ontário, Canadá. Os invasores matam a mãe e o pai é baleado e severamente ferido, ficando em coma. A filha Jennifer é a única sobrevivente do massacre, mas parece não ter muitas informações úteis para a polícia. De início as autoridades desconfiam que os pais dela poderiam estar envolvidos em algo ilegal, já que é um tipo de crime incomum na região, mas conforme a investigação avança as suspeitas passam a pairar sobre Jennifer.
A produção segue o formato já manjado de documentários sobre crimes, com entrevistas, imagens de arquivo e ocasionais encenação. É tudo bem burocrático e feito sem muita imaginação em tentar fazer algo minimamente interessante com imagem ou som, fazendo tudo soar como um episódio de Linha Direta e não um longa metragem pensado para comunicar algo específico.
A narrativa é toda estruturada para tentar surpreender ou chocar com reviravoltas sobre o caso, sem muito esforço em tentar entender os sujeitos envolvidos ou falar qualquer coisa além de dados expositivos, como se alguém estivesse lendo um verbete da Wikipedia. Aqui e ali o filme toca em temas que poderiam render algo interessante, como o preconceito da polícia, que imediatamente pensa que um casal de imigrantes de classe média está envolvido com ilegalidades, ou o trauma geracional de imigrantes asiáticos com pais que demandam dos filhos um certo percurso de vida. Nada disso, no entanto, rende qualquer discussão.
O choque da revelação do crime certamente não vai causar muito impacto em espectadores brasileiros já acostumados a anos de cobertura extensiva do caso Richthofen (inclusive com vários filmes) e o patricídio cometido por ela. As reviravoltas também não impactam porque não há exatamente muito mistério, a polícia rapidamente deduz o acontecido e obtém uma admissão parcial da criminosa. Isso também contrasta com a abordagem da narrativa de tratar Jennifer meramente como pura maldade, como se ela fosse uma gênia do crime, sendo que ela deixou fartas evidências do que fez. É um olhar simplista, que reduz a conduta dela a apenas malícia e produz um retrato simplório e desinteressante.
Quadrado, raso e sensacionalista, O Que Jennifer Fez? é uma coleção de clichês preguiçosos de
documentários criminais.
Nota: 3/10
Trailer
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