A ideia de um prelúdio de
Mad Max: Estrada da Fúria (2015) que contasse a história da Furiosa
não parecia algo necessário, já que o filme de 2015 não criava nenhum grande
mistério em relação a sua origem. Ainda assim,
Furiosa: Uma Saga Mad Max entrega um épico de ação tão bom quanto
sua incursão anterior neste universo.
A trama conta como Furiosa (Anya Taylor-Joy) foi sequestrada
de seu lar, uma terra de abundância governada por mulheres em meio ao deserto
estéril que o mundo se tornou, pelo caótico Dementus (Chris Hemsworth). Jurando
vingança contra o vilão que lhe tirou tudo, Furiosa se torna soldado do cruel
Immortan Joe (Lachy Hulme) para tentar destruir Dementus.
Tal como em Mad Max: Estrada da Fúria a força da trama contada por Miller reside mais na
construção das imagens do que em diálogos. Os temas, as emoções e os
significados são mais transmitidos via a construção visual do que através de
falas dos personagens. Há uma clara oposição entre o verde saturado da terra de
abundância das Vuvalini e os causticantes tons de laranja que dominam o deserto
governado por homens violentos como Dementus e Joe. O mundo das mulheres é um
mundo de verde, de cuidado, de preservação, vida e coletividade, o mundo dos
homens é cruel, estéril, bruto, sem esperança onde apenas a morte prospera.
Essa metáfora visual permanece até o fim quando Furiosa planta dentro de um
inimigo a semente que recebeu de sua mãe, mostrando como a vida pode crescer
através da destruição dessa lógica masculina violenta e a necessidade de
derrubar essa lógica para reavivar um mundo devastado.