A trama acompanha um garoto (Dev Patel) que cresceu ouvindo da mãe a lenda de Hanuman, o poderoso deus-macaco hindu. Quando sua mãe é morta ainda durante sua infância, o garoto jura vingança contra os líderes corruptos que causaram sua morte. Ele cresce treinando para se vingar e entra no submundo de lutas ilegais para aprimorar suas habilidades e chegar mais perto dos responsáveis pela morte de sua mãe. Durante as lutas ele usa uma máscara de macaco como alusão a Hanuman e à memória da mãe.
É uma trama de vingança bem típica, com o protagonista se infiltrando na organização corrupta liderada pelo político conservador Baba Shakti (Makrand Deshpande) em busca do cruel xerife Rana (Sikandar Kher), responsável direto pela morte de sua mãe. Conforme ele sobe na organização ele testemunha a vida de excessos dos mais ricos cuja vida de luxo se constrói em cima do sofrimento dos mais pobres.
A narrativa tenta construir algum tipo de comentário político em cima disso, mas não sai do óbvio de reconhecer que a corrupção é ruim, sem ponderar sobre os mecanismos de poder que propiciam essa corrupção ou mesmo como o passado colonial da Índia é ainda responsável por conflitos políticos e sociais de hoje, já que os colonizadores britânicos tem muita responsabilidade, por exemplo, no fomento de conflitos entre diferentes grupos religiosos que compõem o país. Como não sai da superfície, todo esse aspecto político do longa é desprovido de contundência.
A ação se sai melhor ao construir embates em cima do estilo brutal do protagonista que luta menos com técnica e mais confiando em sua fúria e resistência. Nesse sentido o filme se diferencia de algo como John Wick porque seu protagonista não é um operativo extremamente treinado e dotado de consciência tática, é alguém agindo por puro instinto e sem um plano claro, muitas vezes precisando improvisar quando as coisas eventualmente dão muito errado. São lutas que não fogem de exibir o sangue e as consequências brutais do modo como o protagonista se move, a exemplo da cena em que o vemos arrancar o nariz de um oponente a mordidas, cujo trabalho de câmera contribui para o sentimento de alguém dotado de uma energia insana e irrefreável. Alguns momentos em que a câmera se coloca na primeira pessoa do protagonista tentam nos deixar imersos no caos dos combates e como é experimentar toda aquela violência pelos olhos do personagem principal.
Assim, Fúria Primitiva
entrega boas sequências de ação, mas fica na superfície de sua tentativa de
comentário político sobre a Índia.
Nota: 6/10
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