sexta-feira, 3 de maio de 2024

Crítica – Garotos Detetives Mortos

 

Análise Crítica – Garotos Detetives Mortos

Review – Garotos Detetives Mortos
Não conhecia os quadrinhos dos Garotos Detetives Mortos do Neil Gaiman, mas sabia que se passavam no mesmo universo de Sandman e que a série de mesmo nome da Netflix também compartilharia o mesmo universo da série estrelada por Morpheus. Assim, o que me atraiu inicialmente em Garotos Detetivos Mortos foi ver mais do universo de Sandman nas telas, ainda que a série não seja tão arrojada em suas tramas ou visuais.

A narrativa é foca em Edwin (George Rextrew) e Charles (Jayden Revri), dois jovens fantasmas que seguem no mundo dos vivos evadindo a Morte (Kirby) e ajudando outros fantasmas a lidarem com problemas sobrenaturais. Depois que a dupla fica presa a uma cidade quando Edwin arruma problema com o Gato Rei (Lukas Gage), os dois acabam estabelecendo um escritório no local ao lado da médium Crystal (Kassius Nelson) enquanto tentam encontram um meio de desfazer a maldição do Gato Rei.

A série tem uma estrutura bem de “caso da semana” com cada episódio trazendo um novo mistério sobrenatural para os personagens resolverem enquanto expõe aos poucos o passado e as tramas individuais de cada um. Os casos ajudam a ampliar o criativo universo sobrenatural concebido em Sandman, com criaturas bizarras e situações criativas ao redor dessas habilidades sobrenaturais, a exemplo do episódio que eles lidam com espíritos presos em um loop temporal. A construção visual de tudo isso segue bastante inventiva mesmo que não atinja os picos de Sandman. Por outro lado fica a impressão de que os episódios se estendem demais e alongam além do necessário a resolução dos casos.

O passado dos personagens e suas tramas individuais não saem muito do que é típico em outras tramas adolescentes. A trama de Crystal com o ex namorado demônio que tenta ocupar sua mente é uma metáfora sobre relacionamentos abusivos e a dificuldade de superá-los. Apesar de morto há décadas, Charles tem dificuldade de lidar com os traumas de juventude e as constantes agressões que sofria do pai. Edwin busca redenção para evitar ir para o inferno, já que foi morto acidentalmente durante um ritual demoníaco.

Ao longo da série encontramos vários lugares comuns de ficções adolescentes, como desencontros amorosos, despertar sexual e uma série de outros elementos executados de maneira relativamente previsível a despeito de toda a ambientação bizarra. Mesmo o ângulo das tramas de investigação sobrenatural não tem nada lá muito diferente do que já encontramos em produções como Supernatural ou Grimm.

O que sustenta a série é mesmo a inventividade dos visuais desse universo sobrenatural e os personagens excêntricos que nos apresenta, como o vaidoso Gato Rei ou o dono de uma loja de artefatos místicos que na verdade é uma morsa transformada em homem e que sonha em voltar a ser uma morsa. George Rextrew e Jayden Revri são convincentes na construção da longeva amizade entre Edwin e Charles, com o carisma dos personagens conseguindo envolver mesmo que suas tramas sejam relativamente batidas.

No fim, Garotos Detetives Mortos é competente na construção de seu universo sobrenatural, mas não oferece nada que outras produções similares já não tenham feito.

 

Nota: 5/10


Trailer

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