Na trama, Kong vive aparentemente em paz na terra oca, até descobrir uma nova ameaça na forma de Skar, um símio gigante que controla o titã gélido Shimo e lidera um exército de outras criaturas. Skar tinha sido banido para as profundezas da terra oca, mas agora que escapou Kong talvez não seja o suficiente para lidar sozinho com a ameaça e precise de Godzilla.
Perceberam que em momento algum do parágrafo anterior eu citei os personagens humanos? Pois é, apesar do pequeno número dessa vez, a narrativa os torna completamente inconsequentes para tudo que acontece. A cientista Ilene (Rebecca Hall) e o veterinário Trapper (Dan Stevens) servem mais como veículos de exposição da trama do que sujeitos com algum arco dramático. Incomoda também como esse universo incorporou completamente a “lógica Marvel” de ter todo mundo fazendo piadinhas e caretas o tempo todo, resultando menos em humor e mais em algo irritante.
O pior deles é o podcaster interpretado por Bryan Tyree Henry, que soa completamente miserável a cada piada ruim ou grito histriônico que tenta fazer ao interpretar um personagem que parece algo escrito para o Anthony Anderson no início dos anos 2000. Dan Stevens se sai melhor como seu cientista hiponga, mas não o bastante para evitar que o excesso de piadinhas soe artificial. A dinâmica entre Ilene e a garota Jia (Kaylee Hottle) só funciona minimamente pela emoção que Rebecca Hall traz a sua personagem, já que o roteiro raramente dá espaço para qualquer desenvolvimento consistente desse laço afetivo.
As lutas de monstros, porém, são o ponto alto do filme pelo senso de escala e criatividade maluca de certos embates. Nesses momentos a produção abraça um espírito farofa de puro caos conforme põe Kong para usar um filhote símio como clava para bater em outros gorilas ou o embate em gravidade zero durante o clímax. Ainda assim, todo o poder e destruição desses seres raramente traz um senso de urgência já que os personagens humanos nunca estão implicados nessa luta. Mesmo em meio à destruição generalizada no Rio de Janeiro durante o confronto final não temos um rosto sequer que nos situe no que seria para as pessoas em meio a tudo aquilo presenciar um confronto tão destrutivo, diferente, por exemplo, do que fez a produção japonesa Godzilla Minus One (2023).
Então apesar de ser competente na diversão caótica dos embates entre monstros Godzilla e Kong: O Novo Império nunca nos dá uma razão para nos importarmos como toda a destruição que nos apresenta.
Nota: 5/10
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