quinta-feira, 9 de maio de 2024

Crítica – Velma: Segunda Temporada

 

Análise Crítica – Velma: Segunda Temporada

Review – Velma: Segunda Temporada
A primeira temporada de Velma foi tão universalmente odiada que se tornou um fenômeno de hate watching, com muita gente assistindo só para conferir o que de fato ela tinha de tão ruim. Apesar de ninguém ter gostado, a quantidade de pessoas que assistiram só para falar mal garantiu que a série animada tivesse audiência suficiente para uma segunda temporada.

O segundo ano começa com a turma tentando voltar ao normal depois dos eventos do ano anterior. A tranquilidade, no entanto, dura pouco já que uma nova onda de assassinatos volta a aterrorizar a cidade, começando pela morte do xerife. Com as autoridades sem liderança, cabe a Velma e o resto da turma tentarem resolver o mistério.

Velma era uma das piores personagens da temporada de estreia. Egoísta, mesquinha, sem qualquer escrúpulo de usar os amigos sem se importar com eles e desprovida de qualidades que a redimissem, ela era uma personagem insuportável de acompanhar. Essa nova temporada some com isso e traz uma Velma que, apesar de ser irritante por sua conduta sabichona, é mais preocupada com o bem estar das pessoas ao seu redor e tem mais elementos que nos fazem torcer por ela.

Isso não significa, porém, que as tramas estão melhores. Na verdade, como antes, a série se perde em um monte de subtramas que ou são abandonadas sem dizer a que vieram ou que nunca rendem nada de interessante. A campanha eleitoral das mães de Daphne, por exemplo, não faz qualquer diferença. Ganchos deixados pela primeira temporada são abandonados. Um exemplo envolve o trauma de Norville em relação à morte da mãe de Fred, que o faz comer excessivamente por conta do nervosismo e o pai dele recomenda o uso de maconha para que ele relaxe. Isso parecia levar Norville na direção do Salsicha guloso e largado que conhecemos, mas a temporada abandona isso na metade com a revelação de que o espectro da mãe de Fred era um fantasma de verdade e não um delírio do personagem. O gancho envolvendo os pais biológicos de Daphne é completamente esquecido (eles só aparecem em um episódio dentro da mente de Daphne) e ao invés disso Daphne é colocada em uma trama descartável de autodescoberta que falha em dar qualquer nuance a ela.

Fred acaba sendo o único personagem além de Velma com algum desenvolvimento consistente ao confrontar a mãe e sair da sombra dela, embora até chegar nisso o personagem também se envolva em sua parcela de digressões narrativas, como nos episódios em que ele se converte ao catolicismo apenas para largar tudo depois sem que faça muita diferença. Sim, no geral personagens como Fred ou Norville são menos irritantes que no primeiro ano, mas a série ainda não consegue encontrar nada de muito interessante para fazer com os personagens.

Como no primeiro ano muito do humor vem de referências pop e comentários sobre o universo do entretenimento que raramente funcionam porque soa deslocado do resto da trama ou das personalidades dos personagens e também por não oferecerem nenhum insight real sobre esses temas, soando mais como comentários desdenhosos do que qualquer tentativa de sátira. Do mesmo modo, as tentativas de fazer humor em cima de comentário social raramente rendem por conta das frases de efeito vazias e da superficialidade com a qual esses temas são tratados.

A revelação do culpado é tratada como se fosse uma grande sacada ao transformar em vilão um personagem odiado há décadas, mas soa manjada e redundante considerando que o filme Scooby Doo (2002) já tinha feito a mesma coisa mais de vinte anos atrás. Aqui, ao invés de ser a grande sacada satírica com o universo Scooby Doo que os criadores pensam ser, soa mais como uma piada óbvia e requentada que não diz nada que já não tenha sido dito antes.

Assim, apesar de ser menos irritante que seu ano de estreia, a segunda temporada de Velma continua perdida entre tramas desinteressantes e uma comédia que está longe de ser tão esperta quanto a série pensa ser.

 

Nota: 5/10


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